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Operação Lava Jato

- Publicada em 21 de Janeiro de 2018 às 22:56

Celso Amorim aponta indignação fora do País

Para Amorim, caso dos Pentagon Papers 'não deixa de ser uma metáfora da falsa narrativa que está acontecendo no Brasil'

Para Amorim, caso dos Pentagon Papers 'não deixa de ser uma metáfora da falsa narrativa que está acontecendo no Brasil'


EBC/DIVULGAÇÃO/JC
"Ninguém pode entender como (Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT), que continua sendo considerado, no Brasil, como o mais popular e o melhor presidente de todos os tempos, possa ser impedido de ser candidato", avalia o ex-ministro Celso Amorim (PT), em entrevista ao Jornal do Comércio. Em relação a visão da comunidade internacional sobre o processo que condenou o ex-presidente Lula, "há os que estão perplexos, e há os que conhecem um pouco melhor a situação e estão indignados", completa.
"Ninguém pode entender como (Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT), que continua sendo considerado, no Brasil, como o mais popular e o melhor presidente de todos os tempos, possa ser impedido de ser candidato", avalia o ex-ministro Celso Amorim (PT), em entrevista ao Jornal do Comércio. Em relação a visão da comunidade internacional sobre o processo que condenou o ex-presidente Lula, "há os que estão perplexos, e há os que conhecem um pouco melhor a situação e estão indignados", completa.
Coordenador do manifesto "Eleição Sem Lula é Fraude", que, no sábado, contava com 192 mil assinaturas, Amorim destaca a adesão internacional à campanha, o que reflete, segundo ele, a importância do ex-presidente nas relações exteriores e o papel estratégico do Brasil no cenário mundial.
Entre os signatários do documento está Daniel Ellsberg, responsável pelo vazamento dos Pentagon Papers (Documentos do Pentágono, em tradução livre), em 1971 - sobre o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. O episódio levou a opinião pública a questionar a credibilidade da política externa norte-americana.
"Não deixa de ser uma metáfora da falsa narrativa que está acontecendo no Brasil", compara Amorim. "O fato de Ellsberg, que denunciou a falsa narrativa da Guerra do Vietnã, assinar esse manifesto revela a percepção de que existe, internamente, no Brasil, uma falsa narrativa sobre o processo de impeachment da Dilma (Rousseff, PT) e a condenação do Lula, apresentada como se fosse combate à corrupção. Todos nós queremos combater a corrupção", completa.
Amorim segue sua avaliação afirmando que os governos petistas deram "autonomia ao Ministério Público e à Polícia Federal" para o combate à corrupção. "Por ingenuidade ou interesses, essa liberdade acabou sendo utilizada com o objetivo político de tentar derrotar - e isso não é uma coisa que vai acontecer, na minha opinião - o desenvolvimento de um projeto político em busca de uma sociedade mais igualitária e de uma maior autonomia e solidariedade com outros países parecidos com o Brasil na área internacional. E essas coisas todas incomodaram."
Outra personalidade internacional que assinou o manifesto é o linguista Noam Chomsky, professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Na semana passada, ele divulgou um vídeo em apoio a Lula, no qual fala que, com "as indicações de que Lula é a figura mais popular no Brasil e que, provavelmente, será eleito em eleições justas, é, no mínimo, apropriado que ele possa concorrer às eleições, para que a população possa expressar seu próprio julgamento sobre a sua candidatura".

Apoiadores do ex-presidente realizam atos paralelos na Capital até o dia do julgamento

Condenação já foi erro judiciário, sustenta Juarez Cirino dos Santos, ex-advogado de Lula

Condenação já foi erro judiciário, sustenta Juarez Cirino dos Santos, ex-advogado de Lula


ALEX FERREIRA/AGÊNCIA CÂMARA/JC
O embaixador e ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores durante os governos petistas, Celso Amorim (PT), avalia como um "grande erro judiciário", caso seja confirmada, em segunda instância, a condenação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do triplex, no âmbito da Operação Lava Jato.
Amorim é um dos nomes confirmados para o Ato de Juristas e Intelectuais em Defesa da Democracia, evento que acontece no fim da tarde de hoje, em Porto Alegre, e compõe uma série de atividades organizadas por apoiadores do ex-presidente na capital gaúcha nos dias que antecedem o julgamento do processo no qual é réu.
"A condenação já é um erro judiciário", completa o advogado criminalista Juarez Cirino dos Santos, que chegou a atuar na defesa processual de Lula nesse caso. Atribuindo "razões pessoais" que "não vêm ao caso" para a sua saída da defesa, em março do ano passado, Cirino participará do ato e diz que continua "fazendo a defesa extraprocessual" de Lula.
"Se o Tribunal (Regional Federal da 4ª Região, TRF-4) confirmar (a condenação), então, a nível superior, vamos ter uma ratificação do erro do Judiciário. Nossa luta, no futuro, será exatamente para corrigir esse erro judiciário que tem, na sua base, essa motivação política de luta pelo poder no Brasil", sustenta. Cirino é descrente de uma reforma da decisão proferida pelo juiz federal Sérgio Moro, que condenou Lula, em julho de 2017, a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com base no histórico de atuação do TRF-4.
Também participará do ato o advogado Carlos Alves Moura, secretário executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil. Defendendo que "o País precisa viver em uma perspectiva de respeito à constituição e à liberdade democrática", ele diz acreditar na revisão da condenação. "Minha expectativa é pela imparcialidade dos julgadores. A opinião pública - e me filio a isso - suspeita de que não está havendo imparcialidade no processo", alega.
O evento ocorre hoje, às 18h, na sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras
(Fetrafi). Outros nomes confirmados são os advogado Magda Barros Biavaschi e Marcelo Lavenère, e os ex-ministros Ana de Holanda e Eugênio Aragão.
Além desta atividade, está prevista, para o início da manhã de hoje, a palestra Diálogos Internacionais sobre a Democracia, também na Fetrafi. Já às 14h, no Anfiteatro Pôr-do-Sol - local onde o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra está levantando um acampamento e onde se concentrarão os movimentos sociais no dia 24, haverá um seminário sobre supostas arbitrariedades no processo contra o ex-presidente. À tarde, no Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), um ato da União Nacional dos Estudantes (UNE) vai transferir simbolicamente a sede da instituição de São Paulo para Porto Alegre. É a segunda vez, na história de 80 anos da entidade, que isso acontece - a primeira foi em 1961, durante o movimento pela Legalidade, que buscava garantir a posse do presidente João Goulart.
Para amanhã de manhã está previsto o ato Mulheres em Defesa da Democracia e de Lula, no teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa, que contará com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O evento principal ocorrerá a partir das 17h, na Esquina Democrática. Haverá um ato político, seguido por uma marcha pelo Centro até o acampamento, onde ocorrerá uma vigília.