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Sistema Financeiro

- Publicada em 30 de Janeiro de 2018 às 22:50

Bndes libera menor valor a empréstimo desde 1999

Para este ano, empréstimos devem chegar a R$ 90 bi, estima Rabello

Para este ano, empréstimos devem chegar a R$ 90 bi, estima Rabello


/AFONSO LICKS/DIVULGAÇÃO/JC
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) liberou para empréstimos já aprovados R$ 70,751 bilhões em 2017, queda nominal (sem descontar a inflação) de 20% em relação a 2016. O valor desembolsado no ano passado foi o menor desde 1999, quando o banco de fomento liberou
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) liberou para empréstimos já aprovados R$ 70,751 bilhões em 2017, queda nominal (sem descontar a inflação) de 20% em relação a 2016. O valor desembolsado no ano passado foi o menor desde 1999, quando o banco de fomento liberou
R$ 67,859 bilhões, em valores atualizados pelo deflator do Produto Interno Bruto (PIB), informados nas Notas para a Imprensa, divulgadas nesta terça-feira.
Levando em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como deflator, a queda nos desembolsos em 2017 ante 2016 foi de 22,4%. Os dados confirmam valores adiantados à imprensa por diretores do Bndes.
As aprovações de novos financiamentos totalizaram R$ 74,87 bilhões, recuo nominal de 6% ante 2016. Já as consultas, primeira etapa do processo de pedido de crédito no banco, registraram R$ 99,24 bilhões em 2017, diminuição nominal de 10% em relação ao ano anterior. Os dados das consultas, geralmente, sinalizam o apetite por investimentos de longo prazo.
Por setores, o destaque na queda do ano passado foram os empréstimos para os projetos industriais. O Bndes desembolsou R$ 15,044 bilhões para a indústria, recuo nominal de 50%. Já o setor de comércio e serviços recebeu R$ 14,477 bilhões, diminuição nominal de 21% ante 2016.
Na contramão, os empréstimos de longo prazo para projetos de infraestrutura cresceram 4% em termos nominais, atingindo R$ 26,854 bilhões. Já o setor de agropecuária desembolsou R$ 14,375 bilhões em empréstimos, alta de 3% ante 2016.
O presidente do Bndes, Paulo Rabello de Castro, comentou que a instituição de fomento vai ampliar o número de escritórios regionais dos atuais três para um total de oito. Além da representação em São Paulo, escolhida para a coletiva de imprensa para comentar o desempenho do banco em 2017, o banco conta com escritórios em Brasília e Recife, mas o dirigente disse que as unidades estão muito sobrecarregadas.
"Vamos ampliar para cinco outras localidades, e a escolha dos locais é meramente logística e de distribuição para facilitar a operação", disse, antes de começar a comentar os números do desempenho operacional do banco, sem revelar onde serão implantadas as novas instalações.
Ele afirmou que, por ser um banco de fomento, com estrutura enxuta, não há possibilidade de criar uma estrutura em cada estado, mas lembrou que o banco tem parcerias com o sistema brasileiro de agências de fomento regionais, que colaboram para chegar a todas as localidades.
A meta para 2018 é superar os R$ 90 bilhões em desembolsos até o fim deste ano, anunciou o presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro. Ele considerou a meta como "desafiadora" e considerou que o crescimento de R$ 20 bilhões em um ano seria um avanço "extraordinário".
Rabello comentou que o desembolso historicamente mais baixo de 2017 reflete o passado recente de recessão econômica. Ele salientou o fato de que os projetos de infraestrutura e energia demoram mais de um ano para serem aprovados e disse que a diminuição das consultas em anos anteriores afetou o processo de desembolsos do último ano.
"Temos quase certeza absoluta que em 2018 teremos um início ascendente de desembolsos", disse Rabello, durante conferência com a imprensa para comentar o desempenho do ano passado. O presidente do Bndes salientou que as consultas na casa dos R$ 99 bilhões "é um bom indicador, nem tudo é materializado, mas é um indicador de demanda".
 

Desembolsos da instituição via Finame totalizaram R$ 19,696 bi

As liberações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) via Finame atingiram R$ 19,696 bilhões no ano passado. A linha de crédito é voltada ao financiamento dos investimentos para compra de bens de capital. O valor representa crescimento nominal (sem descontar a inflação) de 11% em relação a 2016.
Já o Bndes Giro, linha para capital de giro, recebeu R$ 7,071 bilhões em 2017, um avanço nominal de 164% na comparação anual. "Os números incluem o programa Giro, lançado em agosto, e seu antecessor, o Progeren", diz a nota divulgada pelo banco de fomento.
O Bndes Giro tem sido apontado pela diretoria do banco como um dos principais vetores de crescimento dos desembolsos em 2018. Semana passada, o superintendente da Área de Operações Indiretas (AOI) do banco, Marcelo Porteiro, disse que a instituição projeta liberar
R$ 20 bilhões no Giro entre agosto de 2017, quando o programa foi relançado, e agosto de 2018. Até dezembro, o valor anual poderá chegar a R$ 21,5 bilhões, três vezes mais do que em 2016. Já o valor liberado via Finame poderá superar em 20% o de 2017, atingindo cerca de R$ 24 bilhões.
O banco de fomento destinou 42% do total de R$ 70,751 bilhões liberados em 2017 para empréstimos a Médias, Pequenas e Microempresas (MPEs). As empresas desse porte (com faturamento anual de até R$ 300 milhões, conforme a classificação do banco) receberam R$ 29,709 bilhões no ano passado, alta nominal (sem descontar a inflação) de 9% ante 2016. Segundo o Bndes, essa participação das empresas de menor porte é recorde nas estatísticas do banco.
O avanço nos desembolsos para as MPEs foi concentrado no segmento das médias empresas (faturamento anual de R$ 4,8 milhões a R$ 300 milhões, na classificação do banco). Para essa categoria, os desembolsos foram de R$ 13,153 bilhões, alta nominal de 98% ante 2016. As pequenas empresas (faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões) receberam R$ 7,764 bilhões, alta de 10% ante 2016. Já as microempresas, que faturam até R$ 360 mil ao ano, destoaram das demais. O banco liberou R$ 8,792 bilhões para empresas desse porte em 2017, uma queda nominal de 35% em relação a 2016.

TLP e eleições podem afetar crédito para infraestrutura

O desconhecimento sobre a Taxa de Longo Prazo (TLP) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), em vigor a partir deste mês, e o calendário político podem ter efeito negativo nos desembolsos ao segmento de infraestrutura, avaliou o presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro. Ele avaliou que as incertezas quanto ao impacto da nova taxa no fluxo de caixa dos projetos podem "roubar estatística de desempenho da infraestrutura". Ele também considerou um efeito negativo vindo das eleições por conta de vedações quanto a aprovações de projetos públicos de infraestrutura relacionadas ao calendário político.
Ele salientou, porém, que dada a atual carteira de consultas e enquadramento, há uma "boa margem de segurança" de que serão aprovados até abril - e nos meses sucessivos - "um bom número de projetos de grande porte". Rabello destacou, em especial, projetos nos segmentos eólico e de mobilidade urbana.
Ele citou, particularmente, dois projetos de corredores viários para a prefeitura de São Paulo, consulta encaminhada no final do ano passado. "É objeto de estudo neste ano e não tem por que não sair", disse.
Questionado especificamente sobre potenciais flexibilizações no segmento de energia, particularmente para projetos eólicos e solares, Rabello comentou, de maneira geral, que, diante da dificuldade por conta do desconhecimento em relação ao comportamento futuro dessa taxa, haveria uma sensibilidade do banco quanto à possibilidade de uma espécie de compensação, relacionada a uma possível flexibilização de prazo, já que, com um maior tempo, haveria uma potencial melhor distribuição do efeito da nova taxa ao longo do tempo.

Devolução integral ao Tesouro deve prejudicar operações

O presidente do Bndes, Paulo Rabello de Castro, disse que o banco tem condições de devolver recursos ao Tesouro neste ano e que está fazendo uma força "indômita" para isso. Ele afirmou, porém, que a devolução integral dos R$ 130 bilhões requeridos pelo governo, somada ao que o banco já devolveu ao Tesouro, pode prejudicar os desembolsos.
"(Em um cenário de devolução integral) seria como se, em vez de o acionista capitalizar o banco, o banco capitalizasse o acionista. A tarefa de fomentar o investimento pode ficar prejudicada", disse.
O Bndes, acrescentou ele, não é o responsável por fechar a regra de ouro - a regra fiscal que impede que o governo capte recursos para pagar despesas com pessoal. "O banco é mero coadjuvante."
Para a devolução antecipada se concretizar, afirmou, o banco poderia ser autorizado a emitir títulos, como letras de crédito imobiliário e letras de crédito agrícola, além de ser autorizado a recolher menos tributos, como IOF e Imposto de Renda.
O Bndes tem uma dívida de mais de R$ 400 bilhões com o Tesouro. O banco já devolveu R$ 180 bilhões nos últimos anos, e o governo quer mais R$ 130 bilhões neste ano para ajudá-lo a cumprir a regra de ouro.