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LIVROS

- Publicada em 21 de Janeiro de 2018 às 17:19

Ulisses de Joyce estudado

Detalhe da capa do livro

Detalhe da capa do livro


DIVULGAÇÃO/JC
James Joyce escreveu: "A única exigência que faço a meu leitor é que dedique a vida inteira à leitura de minhas obras". Há quem se assuste com a piada do gênio irlandês, e muitos não dão a mínima para ela. No topo da lista dos livros mais falados, citados e menos lidos, certamente figura o elogiadíssimo e incensado romance Ulisses, de Joyce. Ao contrário de obras como O homem sem qualidades, de Musil, Ulisses, para quem consegue ler, é colorido, engraçado, divertido e sexual.
James Joyce escreveu: "A única exigência que faço a meu leitor é que dedique a vida inteira à leitura de minhas obras". Há quem se assuste com a piada do gênio irlandês, e muitos não dão a mínima para ela. No topo da lista dos livros mais falados, citados e menos lidos, certamente figura o elogiadíssimo e incensado romance Ulisses, de Joyce. Ao contrário de obras como O homem sem qualidades, de Musil, Ulisses, para quem consegue ler, é colorido, engraçado, divertido e sexual.
Ulisses - Um estudo (Editora Rio das Letras, 736 páginas) é um livrão em formato 21x28 cm, e não é grande só pelas dimensões. Abdon Franklin de Meiroz Grilo, o autor, médico e militar, natural de Natal e radicado em Santa Maria desde o início dos anos 1980, depois de mais de seis décadas de admiração por Joyce e de quatro anos de trabalho, nos oferece uma obra gigante sobre o imenso Joyce. Grilo se formou em História e Teologia e, aos 82 anos, depois de viver e vivendo ainda apaixonado por livros, história e relações interpessoais, publica esta obra minuciosa e original.
Grilo fala com amplo conhecimento de causa sobre personagens, temas, símbolos e motivos do escritor irlandês e apresenta, ainda, resenha com análise da obra, além de uma pequena biografia de Joyce. À resenha segue-se, em cada episódio, colação entre a canção do poema homérico Odisseia e o episódio correspondente de Ulisses, com notas de apoio à leitura do texto.
Enfim, a obra de Grilo é um estímulo e um grande auxílio para o prazer de ler Joyce, um autor que criou novas formas literárias e foi artisticamente ousado nos conteúdos das mesmas. Vale dizer: James Joyce foi um escritor verdadeiro, desses inquietos e revolucionários, que mudam as velhas coisas estabelecidas e abrem caminhos para si e para os escritores futuros.
Grilo cotejou as três traduções de Ulisses para o português e revisou, durante meses, os verbetes de seu blog htpp://ulissesjoyce.wordpress.com sobre o livro. No blog, Grilo comenta traduções dos muitos termos em hebraico, grego e latim utilizados por Joyce. Grilo compara as soluções dos tradutores brasileiros para as citações, jogos de palavras e passagens mais enigmáticas de Joyce, e aponta equívocos e contradições. Fala do acerto ou não das menções à cultura hebraica, especialmente sobre datas festivas.
Acima de tudo, o grande estudo de Grilo é um convite para ler Ulisses com prazer e depois contar para os amigos com garbo alegretense.

lançamentos

  • Warren Buffett - Dicas do maior investidor do mundo (Editora Campus, 168 páginas), da escritora e articulista Janet Lowe, autora de livros sobre Bill Gates e Jack Welch, apresenta os aforismos e as observações de Buffett, que retratam sua filosofia, personalidade e essência. Cada citação é uma dica de Buffett para criar e administrar riquezas, mas também para mostrar seu lado pessoal, familiar, humano e seu conhecido bom humor.
  • História Bizarra da Literatura Brasileira (Planeta, 328 páginas), do jornalista, editor de conteúdo e pesquisador acadêmico paulista Marcel Verrumo, apresenta os mistérios, as tragédias, os fatos emocionantes e divertidos, e as bizarrices dos nossos clássicos e de seus autores. Um escritor romântico previu a própria morte, a carta de Pero Vaz de Caminha sumiu por séculos por tentar livrar um ladrão do exílio, e por aí vão os causos.
  • Por um toque de magia - Trindade Leprechaun (Fantástica Rocco, 272 páginas), da premiada jornalista, escritora e roteirista Carolina Munhóz, atualmente vivendo em Los Angeles, narra a trajetória de Emily. Ela chega finalmente ao final do arco-íris mais desejado. Não sabe o que encontrará, precisará mais do que nunca de sorte, toda sorte. No fim, de Los Angeles a Praga, Amsterdã a São Francisco, se vê caminhando ao lado do inimigo e de todas as suas vítimas.
 

Paulo Visentini e o século XXI

Esse mundo velho sem porteira nunca foi muito fácil de entender, desde antes da invenção da roda até as rápidas, enormes e estonteantes mudanças das últimas seis ou sete décadas. O mundo nunca mudou tanto nem tão rápido, e nós, como disse Alvin Toffler, estávamos chocados com o futuro, já lá pelos anos 1970. Aumentou a voltagem do choque.
Século XXI - Impasses e conflitos (Leitura XXI, 134 páginas), do consagrado professor e historiador Paulo Fagundes Visentini, titular de Relações Internacionais na Ufrgs, doutor em História pela USP e pós-doutor em Relações Internacionais pela London School of Economics, com grande poder de síntese, trata dos temas mais candentes do ainda breve e tumultuado século XXI.
Iniciando com o fim da URSS e a desorganização internacional dos anos 1990, o fim da guerra fria e a guerra na Iugoslávia, passando pelo atentado de 11 de setembro de 2001, o terrorismo e a Primavera Árabe, e seguindo com a projeção mundial do dragão chinês capitalista, Visentini nos mostra que não chegamos ao "fim da história" como diziam alguns apressados. A história segue e, pelo visto, segue mais rápida e tumultuada, com globalização, disputas econômicas e políticas, movimentos nacionalistas, avanço de grupos terroristas e guinadas para a direita.
A globalização, um processo desequilibrado e com conexões globais forjadas, mantidas e destruídas por Estados nacionais, companhias, grupos e indivíduos, trouxe benefícios para uma camada da população dos Estados Unidos e prejuízos para outra. Nessa divisão, Trump surge fora da curva, sem experiência ou inteligência política, para aumentar a confusão, ao menos enquanto não for afastado do cargo, o que é bem possível.
Visentini, em sua obra sintética, mas abrangente, procura construir, por sobre a vertigem dos fatos, uma lógica capaz de explicar os conflitos de nosso tempo. Na apresentação, escreveu o professor Sergius Gonzaga: "Tentar entender este processo que envolve a ascensão e o declínio de grandes potências imperiais, os confrontos bélicos, as guerras civis, os atos terroristas, os novos pactos internacionais, dentro de uma ótica que transcenda o mero discurso ideológico e privilegie as análises geopolíticas, eis o projeto a que se propõe o autor deste livro".
Com razão, a análise do professor Gonzaga é importante e inspiradora num momento em que muitos intelectuais, especialmente historiadores, trabalham com intenções e métodos para tentar impor visões partidárias, ideológicas e/ou engambelar o leitor com outros interesses, inclusive meramente comerciais. É preciso, sim, voltar à racionalidade, à ciência e aos estudos que privilegiem a verdade, o diálogo pacífico e produtivo, e a busca de caminhos melhores.
Este livro resultou de uma pesquisa sistemática de muitos anos e teve a colaboração dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, CNPq e Capes, e participação de pós-graduandos e bolsistas.

a propósito...

Além do registro atento dos acontecimentos tumultuosos das últimas décadas, sem ranços partidários e ideológicos, o professor Visentini aponta algumas tendências e caminhos para solucionar os grandes problemas internacionais: as forças de renovação em movimento; a ampliação das conexões internacionais, da alfabetização, da digitalização, do consumo, da tecnologia; e a emergência de novos polos de poder podem nos trazer estabilidade. Políticas, organizações e ideologias defasadas devem ser trocadas por uma visão de conjunto, que poderá deter a escalada frenética de conflitos internacionais que nos apavoram.