Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 11 de Janeiro de 2018 às 15:11

Projeto social na quadra de tênis

 Jovens de seis a 18 anos participam diariamente da iniciativa

Jovens de seis a 18 anos participam diariamente da iniciativa


/FREDY VIEIRA/JC
Pedro Carrizo
Uma bola de tênis pode alcançar a velocidade de 230 km/h em suas viagens de um lado ao outro da quadra. Quando encontra uma raquete, cinco milissegundos são necessários para as vibrações alcançarem os nervos sensoriais da mão; mais cinco milissegundos para as sensações cutâneas chegarem ao cérebro, que interpreta o estímulo em outros cinco milissegundos. Após esta fração de tempo, a transformação na vida dos jovens atendidos pela Wimbelemdon começa, quase imperceptível, como o trajeto que a bolinha percorre, e intenso, como a força de impacto que a esfera produz.
Uma bola de tênis pode alcançar a velocidade de 230 km/h em suas viagens de um lado ao outro da quadra. Quando encontra uma raquete, cinco milissegundos são necessários para as vibrações alcançarem os nervos sensoriais da mão; mais cinco milissegundos para as sensações cutâneas chegarem ao cérebro, que interpreta o estímulo em outros cinco milissegundos. Após esta fração de tempo, a transformação na vida dos jovens atendidos pela Wimbelemdon começa, quase imperceptível, como o trajeto que a bolinha percorre, e intenso, como a força de impacto que a esfera produz.
Das regiões mais pobres do bairro Belém Novo, Extremo-Sul de Porto Alegre, chegam as crianças e adolescentes atendidos diariamente pelo projeto Wimbelemdon, que há 18 anos busca a transformação social através do tênis e de oficinas extraescolares. Atualmente, a casa abriga 42 alunos que participam de aulas interligando o esporte com as demais atividades - cinema, artes, oficinas socioemocionais e de alfabetização, laboratórios de aprendizagem e práticas de bem-estar.
"O tênis é o chamariz para fidelizar os jovens do bairro, é a ferramenta de inclusão social. Eles se apaixonam pelo esporte, mas para jogar é necessário participar de todas as outras atividades. Nosso maior departamento não é o tênis, é a psicologia", diz o fundador Marcelo Ruschel, ao explicar que tudo está relacionado com os atributos.
Entendidos como os valores humanos necessários para uma vida plena e para a construção de uma sociedade justa e igualitária, eles são tratados com extrema importância pelo projeto. Durante três meses, é feito um trabalho intercalando todas oficinas sobre algum atributo; o último é o respeito. A partir do tema, são propostas atividades em grupo relacionando, por exemplo, o respeito com o cinema, nas oficinas de arte e no tênis. "Quando o ciclo chega ao fim, com a apresentação dos trabalhos e a cerimônia de encerramento, a temática já está internalizada nos alunos do projeto. Eles vão levar para a toda a vida", diz o fundador. São trabalhados amor, gratidão, gentileza, tolerância, generosidade, empatia, humildade, respeito e perseverança ao longo de três anos.
A meta para o primeiro semestre de 2018 é abrir mais 30 vagas para novos alunos, o que só está sendo possível com a chegada de um novo grande mantenedor e com a conquista do crowdfunding, organizado pela Brazil Foundation, que arrecadou R$ 100 mil
para o projeto. Ruschel conta que o fantasma da crise financeira assolou a casa durante todo o ano passado, e que só na última semana de dezembro as duas boas notícias se concretizaram.
As atuais empresas mantenedoras do projeto são a Fundação John Deere, Vonpar, Renner, CBT - Correios, ALJ - Associação Leopoldina Juvenil, DiLed, Fabesul, Instituto Attilio Bilibio, Public Broker, Dufrio e BNP Paribas.
"Temos dezenas de resultados claros de transformação social, uma metodologia que serviria em qualquer bairro de Porto Alegre, qualquer cidade do Brasil, por isso é sempre válido investir na Wimbelemdon" explica o fundador.
Uma das histórias de sucesso é a de Jaleska Mendes, que ingressou no projeto em 2004, aos nove anos, e hoje trilha uma carreira promissora como tenista. Jaleska cursa Educação Física na Sogipa, estudou inglês em solo britânico através da parceria do projeto com a Egali Intercâmbio e, em 2016, conquistou outra grande realização: Jaleska foi árbitra de linha nas Olimpíadas do Rio. "Não tinha contato com o tênis antes da ONG chegar no bairro, hoje não sei o que é viver sem os dois. Trabalhar nas Olimpíadas foi como representar o Brasil no esporte que eu amo, um reconhecimento do meu trabalho e incentivo para seguir nesta área", diz Jaleska, que trabalha como estagiária no projeto e busca a profissionalização no esporte.
Diversos casos provam a importância da iniciativa, que possui tenistas de peso como embaixadores, entre eles: Fernando Meligeni, Thomaz Koch, Gustavo Kuerten, Thomaz Bellucci, Bia Haddad Maia, Gabriela Cé e muitos outros que tiveram papel importante na história da ONG. "Estimular o altruísmo no Brasil, incentivar as pessoas a apostarem em projetos sociais, pode ser uma grande ferramenta de mudança social no País. Se 50 seguidores das nossas redes sociais doassem R$ 10,00 ao mês, poderíamos estar fazendo uma diferença muito maior", conta Marcelo Ruschel.
Um bom tenista carrega a disciplina, o comprometimento, o companheirismo, a responsabilidade e a dedicação junto da raquete. Um bom cidadão leva as mesmas características para vida. Apostar no esporte como forma transformação social é estimular a autoestima e confiança de jovens em situação de risco, assim pensa o Wimbelemdon, que há 18 anos educa através do tênis.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO