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Política

- Publicada em 18 de Dezembro de 2017 às 17:08

Benefício a juízes 'foge do controle', diz Mendes

Ministro crê que Congresso Nacional terá resposta a supersalários

Ministro crê que Congresso Nacional terá resposta a supersalários


CLAITON DORNELLES /JC
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ontem a jornalistas que a soma em auxílios-moradia, alimentação e saúde concedidos a juízes "realmente" precisa ser verificada e que o modelo de autonomia administrativa e financeira do Judiciário deve ser discutido num "futuro próximo". A concessão generalizada desses "penduricalhos" faz com que 26 Tribunais estaduais de Justiça (TJs) gastem cerca de R$ 890 milhões por ano com esses pagamentos.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ontem a jornalistas que a soma em auxílios-moradia, alimentação e saúde concedidos a juízes "realmente" precisa ser verificada e que o modelo de autonomia administrativa e financeira do Judiciário deve ser discutido num "futuro próximo". A concessão generalizada desses "penduricalhos" faz com que 26 Tribunais estaduais de Justiça (TJs) gastem cerca de R$ 890 milhões por ano com esses pagamentos.
Mendes falou depois da assinatura de um acordo de cooperação técnica para ações conjuntas que viabilizem a biometria em Santa Catarina, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Esse modelo de autonomia administrativa e financeira permite aos órgãos se concederem e concederem aos seus próprios servidores determinados benefícios, e isso, muitas vezes, foge do controle. Aquilo que foi pensando pelo constituinte em 1988 como algo para reforçar a independência dos Poderes agora está se revelando também um grande problema em termos de responsabilidade fiscal", afirmou o ministro.
Os números foram calculados a partir da publicação dos dados salariais do Judiciário, determinada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em ação liderada pela presidente do STF e do CNJ, a ministra Cármen Lúcia.
"Nós estamos falando de ganhos regulares, de ganhos que podem estar sendo pagos de maneira irregular. Acho que o tema está na agenda do próprio CNJ, espero que tenhamos respostas rápidas sobre", continuou o ministro. Já se sabe, no entanto, que a resolução proposta para monitoramento desses dados não foi votada nem pautada neste ano. Mendes ainda observou que "certamente" o Congresso Nacional terá resposta para os supersalários, em relação a fixação de limites e tetos.
Foi o ministro Luiz Fux, do STF, quem proferiu, em 2014, uma decisão favorável aos pagamentos dos benefícios. Recentemente, o ministro negou seguimento a uma ação popular movida contra a decisão que autorizou o pagamento de R$ 4,3 mil em auxílio-moradia a magistrados, promotores e conselheiros de Tribunais de Contas. Ainda nesta segunda, Mendes disse que todas essas liminares precisam ser votadas no plenário. "Precisamos encerrar esse ciclo de decisões monocráticas e definir essas matérias no âmbito do plenário", ressaltou o ministro, que já havia se manifestado contra a decisão liminar de Fux em 2014.
Um total de 13.185 juízes dos TJs (mais de 80% do corpo dos juízes) tiveram o contracheque inflado pelos auxílios ou itens similares. Com esses benefícios, os magistrados obtêm um ganho de até 30% em relação ao salário básico. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, o salário médio é de R$ 28,2 mil, e os benefícios recebidos garantem um acréscimo médio de quase R$ 8,4 mil.
Todos os tribunais estaduais foram procurados pela reportagem. Os 19 que responderam (SP, DF, CE, PR, MS, MA, MG, PI, TO, AM, ES, RR, BA, SE, RO, SC, PA, RS e GO) ressaltaram que os pagamentos dos salários estão dentro do teto constitucional e que demais auxílios e indenizações constam de legislações estaduais ou resoluções do CNJ, e, portanto, são legais.
 
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