Os dois nomes na linha de sucessão ao cargo de presidente do Peru, caso o Congresso determine hoje a vacância do posto, dizem que não irão renunciar e que estão determinados a continuar o mandato de Pedro Pablo Kuczynski (PPK), previsto para ir até 2021 (no Peru, os mandatos são de cinco anos).
O país tem dois vice-presidentes. O primeiro é Martín Vizcarra, de 54 anos, engenheiro que já foi ministro de Transporte, embaixador no Canadá e governador do departamento de Moquegua. Ao ser informado sobre a abertura de processo de afastamento de PPK, devido a denúncia de que teria recebido propina da construtora brasileira Odebrecht, Vizcarra se encontrava no Canadá, mas já estaria voando de volta a Lima, para acompanhar a votação. De lá, afirmou que, caso tenha de assumir, não planeja convocar novas eleições.
Com ele concorda a segunda vice e também primeira-ministra (cargo equivalente ao de chefe de gabinete) Mercedes Araóz, que assumiria caso Vizcarra renunciasse ou tivesse algum impedimento. "Este governo continuará no poder. O Peru nos elegeu, e nós, os vice-presidentes de PPK, vamos defender seu mandato", disse à imprensa.
Dentro do partido do presidente, o Peruanos pela Mudança, porém, há divisão. Alguns de seus apoiadores consideram grave que ele tenha mentido quando, no passado, afirmou não estar envolvido na trama de corrupção que já causou o início de processos e pedidos de prisão preventiva de dois ex-presidentes, Ollanta Humala (2011-2016), que está na cadeia, e Alejandro Toledo (2001-2006), foragido nos Estados Unidos. Esse grupo estaria exercendo pressão para que toda a cúpula renunciasse. Um dos porta-vozes do partido, Juan Sheput, afirmou que "não se deve descartar um cenário em que os dois vices renunciem e que sejam convocadas novas eleições".
Kuczynski é acusado de receber cerca de US$ 5 milhões em serviços de consultoria à empreiteira entre 2004 e 2013. Nos três primeiros anos dos pagamentos, ele foi ministro de Toledo. O processo de deposição foi apresentado pelo Força Popular, cuja presidente é a filha do ex-mandatário Alberto Fujimori, Keiko Fujimori, pelo esquerdista Frente Ampla e pelo centro-esquerdista Aliança Popular Revolucionária Americana (Apra).
Segundo a lei peruana, a vacância do presidente pode ser declarada nos casos de traição à pátria, impedimento da realização de eleições, dissolução ou impedimento do funcionamento do Congresso e incapacidade moral ou física.