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Quem achava que a temporada de futebol havia chegado ao fim se surpreendeu com a mobilização em torno da final do Campeonato Gaúcho feminino, disputada no sábado, no estádio Beira-Rio. Cinco mil torcedores acompanharam de perto o Inter vencer o Grêmio por 3 a 1 no tempo normal e, assim, levar a decisão para os pênaltis - a equipe tricolor havia vencido o primeiro jogo por 2 a 0. Nas cobranças, quem brilhou foi uma heroína que saiu do banco: a goleira colorada Fernanda Delazere fez três defesas e garantiu a vitória vermelha por 2 a 1. A taça, assim, ficou no Beira-Rio logo no primeiro ano de retomada do futebol feminino do Inter.
O desafio das donas da casa era enorme. Depois de serem derrotadas na partida de ida, precisavam, de duas vitórias, no tempo normal e nas penalidades, para conquistar o título estadual. A dificuldade aumentou ainda mais aos dez minutos, quando, após uma saída errada colorada, Karina recebeu, em meio à defesa vermelha, e finalizou no canto da goleira Luana para abrir o placar em favor do Grêmio.
O Inter tratou de empatar logo. Aos 13, após cobrança de escanteio, Gabriela Luizelli completou para as redes. Ainda no primeiro tempo, o Colorado virou o placar. Byanca fez jogada pela direita e colocou na área gremista para a armadora Mylena completar de cabeça. Com a vantagem, o Inter não precisava se jogar mais ao ataque, pois a vitória simples já garantia a decisão nos pênaltis. Ainda assim, as meninas coloradas ampliaram. Aos 42 minutos, Byanca cobrou falta na área e Letícia marcou o terceiro de cabeça.
Aos 44 minutos, a personagem da partida entrou no Inter. Nos pênaltis, Fernanda Delazere defendeu as cobranças de Karina, Luana e Stefanie Cabral, enquanto Carla Antônia cobrou para fora. Rosana e Thais Marques fizeram os gols colorados.
Participação e envolvimento da dupla Grenal traz mais visibilidade à competição
Disputado desde agosto por 13 equipes de 12 cidades diferentes, o Gauchão Feminino de 2017 foi a 20ª edição da competição e não possui, nem de perto, a repercussão de qualquer torneio masculino. Conduzida pela Associação Gaúcha de Futebol Feminino (AGFF), a competição recebeu 13 clubes em 2017 - a maioria das regiões Metropolitana, dos Vales e Sul. E, a exemplo do torneio masculino, a estrutura e a capacidade financeira de Grêmio e Inter sobressaíram e garantiram as equipes na final do campeonato. Este é o primeiro ano, desde 2002, que a dupla Grenal disputa o Gauchão. Desde então, os departamentos de futebol foram desativados, e o esporte perdeu espaço. No entanto, após a pressão de entidades nacionais e internacionais, os clubes retomaram o desenvolvimento da modalidade, fornecendo estrutura para as atletas e proporcionando maior prestígio à competição regional.
Em setembro de 2016, a Conmebol anunciou que as equipes participantes da Libertadores e da Copa Sul-Americana teriam de manter grupos de mulheres ou associar-se a uma liga existente a partir de 2019, além de participar de campeonatos nacionais e regionais. No Brasil, a adesão dos clubes ao Profut - programa de refinanciamento de dívidas com a União - condiciona a manutenção e o desenvolvimento do futebol feminino.
Em 2018, o futebol feminino fará parte do mecanismo Transfer Match System (TMS) da Fifa, que obriga o registro de transferências internacionais. Com isso, as atletas entrarão no mercado de transferências, e os clubes terão mais segurança. Atualmente, para tirar uma atleta de um time, basta outra equipe fazer uma oferta mais vantajosa.
Detalhes sobre a preparação das atletas para a final e sobre o dia a dia de treinamentos, além de histórias de superação pessoal, podem ser lidos no site do Jornal do Comércio (www.jornaldocomercio.com.br).