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mercado financeiro

- Publicada em 24 de Dezembro de 2017 às 16:26

Mais riscos, oscilações e baixos ganhos no mercado financeiro

Resultado das eleições pode influenciar a pontuação da B3 em 2018

Resultado das eleições pode influenciar a pontuação da B3 em 2018


NELSON ALMEIDA/AFP/JC
Os investidores brasileiros têm um dilema claro para enfrentar em 2018. Ou correm mais riscos, em um ano de perigos realmente maiores, dado as muitas dúvidas sobre as eleições e que rumos tomará o País, ou terão de se contentarem com os menores ganhos financeiros dos últimos anos. E são três caminhos básicos percorridos por quem busca fugir ao menos dos baixos rendimentos da poupança: a bolsa de valores, os fundos de renda fixa e os títulos do Tesouro Nacional.
Os investidores brasileiros têm um dilema claro para enfrentar em 2018. Ou correm mais riscos, em um ano de perigos realmente maiores, dado as muitas dúvidas sobre as eleições e que rumos tomará o País, ou terão de se contentarem com os menores ganhos financeiros dos últimos anos. E são três caminhos básicos percorridos por quem busca fugir ao menos dos baixos rendimentos da poupança: a bolsa de valores, os fundos de renda fixa e os títulos do Tesouro Nacional.
Apesar dos avanços de 2017, o mercado de capitais ainda teria bom fôlego para expansão se for considerada a atual baixa pontuação da bolsa de valores brasileira, a B3. O Ibovespa começou o ano em pouco menos de 60 mil pontos e encerra com cerca de 74 mil pontos - próximo do registrado em 2008, de acordo com a diretora técnica da Apimec-Sul e uma das gestoras da Zenith Asset, Débora Morsh. Essa pontuação atualizada mostra que o indicador deveria estar próxima de 130 mil pontos se levado em conta o crescimento da economia e o faturamento das empresas em 10 anos. E, para Débora, são os estrangeiros que devem movimentar o mercado no próximo ano.
"Mesmo com incertezas políticas e eleições, mais de 50% dos investidores são estrangeiros, que é mais corajoso que o brasileiro na hora de investir. Ele se arrisca mais, em busca de mais retorno. Ele olha para onde está em baixa mas tem potencial de retorno e onde pode agregar rentabilidade", avalia a analista de mercado.
Na mesma linha de pensamento de Débora, a diretora de precificação e negócios da BDO, Romina Lima, também vislumbra um aporte maior de recursos estrangeiros por aqui. Romina destaca que esse movimento se iniciou com o Brasil recebendo 47% de todos os Investimentos Estrangeiros Direto direcionados à região da América Latina e Caribe em 2016, alta de 5,7% em relação ao ano anterior, e terá prosseguimento. "Grandes boutiques internacionais de gestão de recursos, como a Franklin Templeton e a BlackRock Inc., apostam que as ações e debêntures de mercados emergentes como o Brasil ainda deverão crescer acima da média nos próximos anos", avalia Romina.
Já o sócio-fundador do Grupo L&S, Alexandre Wolwacz, é mais ponderado e avalia que a volatilidade será de larga escala. Wolwacz defende que a pontuação poderá subir nos próximos 12 meses até 115 mil pontos ou cair aos 30 mil. "Isso vai depender do perfil de quem estiver na presidência. Se for alguém mais afinado com o controle dos gastos públicos ou não, se tende não reduzir os gastos ou ter ainda mais controle", explica o executivo do Grupo L&S.
Como o ano também deve ser de altos e baixos na cotação do dólar, Wolwacz recomenda investimentos atrelados, de alguma forma, à moeda norte-americana para fazer proteção cambial e ter mais segurança contra possíveis altas que afetam demais a economia em geral. "Neste caso, por exemplo, investimento em ações do setor de celulose que tende a ganhar com a cotação maior da moeda norte-americana, e grandes exportadores são um headge natural, como Embraer e Brasil Foods", avalia Wolwacz.

Desafio para quem tem no investimento uma renda

Para quem definitivamente não é afeito a riscos e pretende seguir com aplicações mais conservadoras, a queda da taxa Selic e da inflação de 2017 são os maiores limitadores de ganhos em 2018. E, neste ponto, a diretora técnica da Apimec-Sul e uma das gestoras da Zenith Asset, Débora Morsh e Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S,são unânimes: os ganhos vão minguar.
A base de cálculos parte de que a taxa básica de juro será de cerca de 6,75% - como projeta o Banco Central (BC) para dezembro de 2018 - e a inflação ainda baixa. Os dois fatores devem determinar um spread (ganho) entre 3% e 4% no máximo se considerada a taxa de administração e o imposto de renda, calcula Débora.
Neste cenário, diz a executiva da Apimec, o investidor brasileiro que estava acostumado a ganhar quase 18% em um ano sem correr risco algum, terá de arriscar para tirar mais de 0,5% ao mês acima da inflação. "Se pegar um fundo que pague Selic de 6,75% ao ano mais inflação e tirar o Imposto de Renda de 15% sobre os ganhos e a taxa cobrada pela gestão, de 1%, terá um ganho real de menos de 5% no ano.
"Quem utilizava esses ganhos com renda para se manter, por exemplo, verá seus recursos mensais caindo muito no próximo ano caso não corra mais riscos", avalia Débora.
Por regra, desde 2012 a poupança não pode ter rendimento inferior a 70% da Selic quando a taxa cair abaixo de 8,5% ao ano. Hoje, com a regra valendo (a Selic é de 7% e a inflação em torno de 3%), o ganho com a poupança se torna irrisório e deve ficar ainda menor, diz Wolwacz.
"Com a Selic maior, a poupança chegou a ter um rendimento de até 8% real. Hoje, não fica muito acima de 2,5%. Quem quiser mais, vai ter que se arriscas na bolsa, com ações comprando debêntures (créditos privados emitidos por empresas)", sugere o sócio do Grupo L&S.