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Perspectivas 2018

- Publicada em 18 de Dezembro de 2017 às 13:53

Lava Jato não terá influência no voto do eleitor, avalia Adriano Oliveira

Eleitor ainda dá importância ao Estado, crê Oliveira

Eleitor ainda dá importância ao Estado, crê Oliveira


UNINASSAU/DIVULGAÇÃO/JC
Mesmo com as investigações da Operação Lava Jato, que revelaram negociatas e ilicitudes cometidas por gestores públicos e parlamentares de todos os lados do espectro político, ao fim e ao cabo, o que deve permear a decisão de voto do eleitor em 2018 são questões práticas, como o cumprimento de promessas e se o cidadão já foi, de alguma forma, beneficiado por suas ações. Essa é uma das constatações obtidas pelo cientista político Adriano Oliveira, vinculado à Universidade Federal de Pernambuco e à Universidade Maurício de Nassau, que lançou o livro O eleitor é um enigma?, em parceria com o estatístico Carlos Gadelha.
Mesmo com as investigações da Operação Lava Jato, que revelaram negociatas e ilicitudes cometidas por gestores públicos e parlamentares de todos os lados do espectro político, ao fim e ao cabo, o que deve permear a decisão de voto do eleitor em 2018 são questões práticas, como o cumprimento de promessas e se o cidadão já foi, de alguma forma, beneficiado por suas ações. Essa é uma das constatações obtidas pelo cientista político Adriano Oliveira, vinculado à Universidade Federal de Pernambuco e à Universidade Maurício de Nassau, que lançou o livro O eleitor é um enigma?, em parceria com o estatístico Carlos Gadelha.
"Para o eleitor, a classe política está contaminada. Ele vai selecionar por outro viés e por outros fatores emocionais", acredita Oliveira. Um deles ainda é a valorização do papel do Estado em prover "mobilidade social" à população. "Ser empreendedor não significa dispensar o Estado", salienta o professor Oliveira.
Jornal do Comércio - Qual é, afinal, o perfil do eleitor brasileiro?
Adriano Oliveira - Identificamos que o eleitor tolera aquela pessoa que rouba, mas faz. E também que, em época de crise, os eleitores são mais tolerantes com os gestores, porque (o eleitor) parte do princípio de que a crise afetou o trabalho desses gestores. Também constatamos que nossa juventude deseja o Estado. Os princípios liberais não têm aderência no eleitorado, principalmente entre os jovens, porque ele quer a presença do Estado perto dele, por conta da carência social.
JC - Mas, no início do ano, uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, constatou um "liberalismo popular" na periferia de São Paulo. Querer a presença do Estado não é conflitante em relação a isso?
Oliveira - Fizemos uma pesquisa semelhante no Recife. Mostramos que os eleitores da classe C e D, na periferia, também são empreendedores. Mas não empreendem pela alta carga tributária do Estado e acham que o empreendedorismo é difícil para quem tem de sobreviver e correr atrás do emprego. No entanto, isso não significa que ser empreendedor é dispensar o Estado. Ele quer o Estado presente na área da saúde, educação e segurança pública, e sobretudo que isso fomente condições para ele, no âmbito da educação para seus filhos, para que eles possam ter mobilidade social.
JC - Ultimamente, vários parlamentares e futuros candidatos à Câmara dos Deputados têm usado muito a pauta moral para "ganhar corações e mentes". Isso pode acabar balizando o voto do eleitor?
Oliveira - As questões morais vão atingir cerca de 15% do eleitorado, podendo chegar a 20%. Mas esse não é um fator decisivo na eleição, e sim o bem-estar econômico e uma proposta que venha a sugerir ao eleitor que seu futuro será melhor, o resgate de um bom passado. A discussão moral afetará fracamente.
JC - O conservadorismo e a segurança pública orientaram o discurso dos eleitos em 2014. Pode haver uma mudança do critério de eleição?
Oliveira - O que vejo é que nós poderemos ter uma fraca influência da Lava Jato, em virtude de que, para o eleitor, a classe política está contaminada. Portanto, para o novo entrar na eleição, é muito difícil. Ele vai selecionar por outro viés e por outros fatores emocionais. Será que esse político faz mesmo o que está prometendo? Será que ele fará o que está querendo fazer? Merece minha confiança? Será que fez algo por mim algum dia? Ele não levará em consideração as denúncias da Lava Jato.
JC - Essa desilusão, por outro lado, pode promover uma atenção maior do eleitorado em relação ao voto legislativo?
Oliveira - De modo algum. Esse é um voto que o eleitor decide no último instante, que depende muito de relações pessoais e troca de favores. O voto de opinião também inexiste. Ele não existe numa dimensão que venha a garantir que um candidato seja eleito só por voto de opinião. Pode ser eleito sem prestar favor nem usar a máquina do Estado, mas (só) porque ele representa uma determinada categoria ou grupo social. Geralmente, você estabelece relações íntimas com o eleitor para conseguir o voto numa disputa pelo Poder Legislativo.
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