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Mercado de Capitais

- Publicada em 28 de Dezembro de 2017 às 22:15

Ibovespa fecha 2017 com alta acumulada de 26,86%

Em 18 de maio, o 'Joesley Day', negócios precisaram ser travados

Em 18 de maio, o 'Joesley Day', negócios precisaram ser travados


/NELSON ALMEIDA /AFP/JC
Em um ano dividido em antes e depois do vazamento da delação de Joesley Batista, da JBS, a bolsa brasileira conseguiu se descolar da crise política e liderou o ranking de desempenho dos principais ativos e investimentos em 2017. O Ibovespa, índice das ações mais negociadas do mercado, acumulou valorização de 26,86%. 
Em um ano dividido em antes e depois do vazamento da delação de Joesley Batista, da JBS, a bolsa brasileira conseguiu se descolar da crise política e liderou o ranking de desempenho dos principais ativos e investimentos em 2017. O Ibovespa, índice das ações mais negociadas do mercado, acumulou valorização de 26,86%. 
Nesta quinta-feira, o último pregão de 2017 teve ganho de 0,43%, o sexto resultado positivo consecutivo, e o Ibovespa terminou o ano aos 76.402 pontos. Com isso, os fundos de ações indexados ao índice, alternativa para quem quer aplicar em bolsa, fecharam com forte valorização de 31,6% - antes de descontar o Imposto de Renda, de 15% sobre o ganho.
Foi o segundo ano de forte valorização da bolsa brasileira. Em 2016, o Ibovespa acumulou alta de 38,9%.
Já o dólar, que chegou a fechar a R$ 3,37 em 2017, teve alta mais comedida, de 1,95%, e terminou o ano a R$ 3,3155. Nesta última sessão de 2017, o dólar à vista encerrou em alta de 0,09% em relação ao fechamento anterior. Os fundos cambiais, opção para investidores que precisam acompanhar a variação de dólar ou euro - caso de quem vai viajar ou tem dívida em moeda estrangeira -, tiveram valorização de 3,35%.
O chamado "Joesley Day" foi um divisor de águas no mercado financeiro. Nos primeiros cinco meses do ano, a bolsa acumulava valorização de 12% e o dólar recuava 4,6%, conforme o governo conseguia passar medidas consideradas importantes para o ajuste fiscal, como a reforma trabalhista e os esboços iniciais da reforma da Previdência.
Em 18 de maio, dia seguinte ao vazamento da delação de Joesley, a bolsa precisou travar seus negócios pela primeira vez desde 2008, acionando o circuit breaker. Terminou o dia com queda de 8,8%. O aumento da percepção de risco dos investidores levou o dólar a se valorizar 8%, para R$ 3,39.
"Vivemos um ano de duas fases. Caminhávamos para um cenário de inflação convergindo à meta, percepção de risco em queda e resgate da credibilidade do Banco Central. As expectativas estavam alinhadas em um momento de otimismo, e aí desabou tudo isso", avalia Raphael Figueredo, sócio analista da Eleven Financial.
A bolsa só voltou ao patamar anterior à delação em 7 de agosto. "Provavelmente, se não tivesse havido a delação, estaríamos batendo nos 80 mil pontos", afirma Thiago Alvarenga, analista gráfico da Icap.
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Debate da reforma da Previdência influenciou negociações

O saldo positivo, na visão de Raphael Figueredo, foi o descolamento entre economia e política. "O mercado se apartou da política. Os preços de mercados hoje atuam muito numa visão de mais curto prazo, mais num cenário tangível, do que numa perspectiva mais longa, principalmente porque em 2018 tem eleição", ressalta.
Essa separação fez com que bolsa e câmbio reagissem à expectativa de aprovação da reforma da Previdência, o que levou o Ibovespa a bater sucessivos recordes - na máxima, chegou a 76.989 pontos, em 13 de outubro. Antes de 2017, o patamar máximo histórico da bolsa tinha sido atingido em 20 de maio de 2008
O adiamento da votação para fevereiro de 2018 jogou o mercado novamente num compasso de espera. "Ainda há uma certa preocupação do investidor com relação à reforma da Previdência, se vai ser aprovada ou não. Mas há uma aura de pequena recuperação, os empresários estão mais otimistas", ressalta Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Além do cenário interno, os aumentos de juros realizados pelo Banco Central dos EUA contribuíram para a leve valorização do dólar neste ano. O Federal Reserve (Fed) fez três aumentos, e deve realizar outras três altas no próximo ano, o que deve continuar pressionando em alta a cotação da moeda americana.
Já os riscos geopolíticos, que incluem as crises entre EUA e Coreia do Norte, fizeram o ouro se valorizar 13,7% - o metal é um dos ativos considerados seguros.

Expectativa para o começo de 2018 é de novos ganhos

Para as primeiras semanas de 2018, a expectativa é de nova alta da bolsa. "Espera-se que o Banco Central (BC) aplique um corte de pelo menos 0,25 ponto percentual na primeira reunião do Copom em 2018 (em fevereiro). Os juros mais baixos favorecem a bolsa, porque a renda fixa se torna menos interessante, e isso faz com que mais gente invista em renda variável", afirmou Ariovaldo Santos Ferreira, gerente de renda variável da H. Commcor. "Além disso, o PIB deve crescer em 2018, o que é positivo para as empresas listadas na bolsa, que vão gerar mais dividendos para seus acionistas e vão se tornar mais atraentes", acrescentou.
Apesar do otimismo, o mercado estará atento a alguns fatores de risco no início de 2018, como o julgamento em segunda instância do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que tem liderado as pesquisas de intenção de voto para presidente, a evolução do apoio da Câmara à reforma da Previdência, e um possível novo rebaixamento por parte das agências, mesmo que a S&P tenha terminado 2017 sem revisões.
As agências podem até não realizar nenhum movimento antes da votação da reforma, prevista para 19 de fevereiro, mas os investidores estarão de olho em qualquer sinalização, nem que seja para mostrar que nada será feito antes da votação.

Juros baixos reduzem retorno de fundos de renda fixa e outras aplicações conservadoras

O cenário de queda de juros diminuiu o retorno oferecido por produtos conservadores. Os fundos de renda fixa acumularam ganho de 10,1% em 2017, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Mas esse valor ainda sofre incidência de taxa de administração - quanto maior a taxa, menor o resultado final para o investidor.
Também é preciso descontar o Imposto de Renda, que segue tabela regressiva com alíquotas que começam em 22,5% - para resgates até seis meses - e vão caindo gradativamente até alcançar o mínimo de 15%, depois de dois anos.
Além dos fundos de renda fixa, aplicações tradicionais como Tesouro Selic (título público), CDBs (Certificados de Depósitos Bancários, emitidos por bancos) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário, isentas de Imposto de Renda) também viram seu retorno diminuir.
Os dois últimos costumam render um percentual do CDI (taxa média de empréstimos entre instituições financeiras e que acompanha a Selic). A queda do juro básico acabou diminuindo o retorno que oferecem aos investidores.
A poupança também foi afetada pela queda da taxa Selic. Quando o juro básico da economia fica igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a caderneta passa a render 70% da Selic mais TR (Taxa Referencial). Como resultado, a poupança rendeu apena 6,6% em 2017 - só ficou à frente dos fundos cambiais em retorno. A caderneta, porém, é isenta de Imposto de Renda.
Os fundos multimercados livres - que aplicam uma parte do dinheiro em renda fixa, mas podem adotar estratégias que incluem ações, juros e moedas - tiveram valorização de 13,1% em 2017. O patrimônio líquido dos fundos multimercados saltou 26,3% em 2017, de R$ 671,7 bilhões, em 2016, para R$ 848,1 bilhões em novembro.

Bitcoin acumula valorização de 1.362,3% em 2017

A criptomoeda, caracterizada pela forte volatilidade, acumulou valorização de 1.362,3% em 2017. A razão por trás da alta é ponto de controvérsia.
Investidores que compram o ativo confiam que o bitcoin será usado como moeda no futuro. Segundo eles, a busca pelo bitcoin responde a um simples processo de oferta e demanda. Há um número limitado de moedas que podem ser produzidas e uma procura crescente por quem acredita no bitcoin.
Por outro lado, há especialistas que acreditam que a valorização da criptomoeda é exagerada e poderia fazer parte de um processo de bolha, pela ausência de referência de preços e falta de regulação.