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Turismo

- Publicada em 01 de Janeiro de 2018 às 22:07

Verão cria seis mil postos de trabalho nas praias

Aumento da população nas cidades e balneários do Litoral requer maior preparo e investimentos

Aumento da população nas cidades e balneários do Litoral requer maior preparo e investimentos


PATRÍCIA COMUNELLO /ESPECIAL/JC
Receber demanda extra de mais de um milhão de turistas requer planejamento, investimentos e um maior corpo de trabalho no Litoral Norte. A projeção do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Litoral Norte (Shrbs) é de que, pelo menos, seis mil postos de trabalho temporários sejam criados no comércio em geral para dar conta do atendimento da população flutuante das praias - número 20% superior ao total do ano passado.
Receber demanda extra de mais de um milhão de turistas requer planejamento, investimentos e um maior corpo de trabalho no Litoral Norte. A projeção do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Litoral Norte (Shrbs) é de que, pelo menos, seis mil postos de trabalho temporários sejam criados no comércio em geral para dar conta do atendimento da população flutuante das praias - número 20% superior ao total do ano passado.
O setor supermercadista será o principal criador destas vagas. A projeção do diretor da Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas), Cesion Pereira, que trabalha na região das praias, é de que 3 mil postos sejam abertos para suprir as demandas do veraneio - 50% do total das oportunidades. Em média, relata, os supermercados do Litoral aumentam em 60% o número de vagas para a alta temporada. Em um de seus estabelecimentos, o Super da Praia, em Capão Novo, o total de funcionários no verão chega a 110, enquanto na baixa temporada são apenas 45 vagas.
A presidente da Shrbs, Ivone Ferraz, lembra que a curva de sazonalidade vem diminuindo nos últimos dois anos. "Tivemos acréscimo de 30% no movimento do Litoral durante este tempo, por diversas razões, além da crise, que leva os turistas para locais de mais fácil acesso, este ano também não tivemos inverno", lembra. Pelas perspectivas de Ivone, nos meses de janeiro e fevereiro o comércio em geral terá aumento de 20% no número de vagas na relação com o mesmo período do ano passado. Nos hotéis que administra, Ivone já aumentou em 30% o número de funcionários.
Agora o número de vagas disponíveis é mais escasso. As contratações, majoritariamente, se concentraram no final do mês de novembro. Segundo a gerente do Mares do Sul Hotel, em Tramandaí, o número de funcionários subiu 40% no mês, graças a necessidade de reorganização das acomodações. "Inicialmente precisamos fazer um treinamento, cada hotel tem suas peculiaridades em arrumação de cômodos, depois fazemos a limpeza dos espaços não utilizados durante a alta temporada", explica a administradora. Também são necessários reparos em eletrodomésticos como frigobares, relata, comumente danificados pela maresia.
No setor imobiliário as contratações para a temporada tem início ainda mais cedo. Com 20 anos de experiência no segmento de aluguel por temporada, na Imobiliária Viamar, também em Tramandaí, contrata-se dois funcionários a mais para a área de locação e pelo menos mais um para serviços gerais - o número representa acréscimo de 30% na média do restante do ano.
O início precoce dos trabalhos para a temporada está ligado à garantia da prestação de serviços qualificado por parte do setor imobiliário, que precisa inventariar imóveis e garantir boas práticas no momento de contrato. O proprietário da Viamar, Nei Reinhardt, lembra que, no verão passado, uma onda de aluguéis irregulares criou demandas de última hora para a sua empresa. "Alugavam pelas plataformas digitais, chegava na hora e outras 10 pessoas tinham contratado o mesmo imóvel", recorda, ao ressaltar a importância de um contrato formal.
O mesmo alerta é feito pelo setor hoteleiro, que detém mais de 22 mil vagas em todo o Litoral Norte. Representante do setor, Ivone relata as desvantagens deste tipo de aluguel. "Lá não tem Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) ou alvará de locação e concorre comigo, que pago até Issqn além da infraestrutura para ter um comércio legalizado", pontua.

Hotéis e restaurantes atualizam itens básicos para atender a demanda dos próximos meses

Redes hoteleiras gaúchas investiram em melhorias e suprimentos

Redes hoteleiras gaúchas investiram em melhorias e suprimentos


/GUARITA PARK HOTEL/DIVULGAÇÃO/JC
Com o objetivo de melhor atender os milhares de turistas que chegam às praias durante a alta temporada, os hotéis e restaurantes do Litoral costumam investir em atualizações de alguns itens básicos - mesmo que, no restante do ano, as manutenções ainda sejam necessárias com menor frequência.
Com 19 anos de funcionamento, a Pastelaria Delícia, localizada no Centro de Tramandaí, destinou cerca de R$ 10 mil em troca de piso e melhorias na parte estética, segundo o seu proprietário, Alessandro Ramos. As alterações partiram da necessidade de manter a aparência atualizada, diz. As obras, que tiveram início antes da chegada do verão, atreladas a alta temporada e uma ajuda do clima quente, devem impulsionar os negócios em 40% na relação com o inverno, projeta o proprietário.
Da mesma maneira se posiciona o setor hoteleiro. Somente a administradora dos hotéis São Paulo e Guarita Park Hotel, Ivone Ferraz, investiu R$ 500 mil em melhorias e suprimentos para seus hotéis. Além da renovação de toalhas, lençóis, TVs e colchões, foram adquiridos 20 aparelhos de ar-condicionado, apetrecho indispensável nas altas temperaturas.
Ivone também espera que o cuidado com os estabelecimentos garanta uma maior atração de clientes, mas esta não é a única estratégia. Além disso, como presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Litoral Norte (Shrbs), durante todo o ano ela incentivou o turismo para a região através da participação em feiras e divulgação dos balneários gaúchos nas redes sociais.

Poder público investe em infraestrutura e treinamento

Parque da Guarita passou por várias melhorias para receber os turistas

Parque da Guarita passou por várias melhorias para receber os turistas


/PRISCILA GAMBA/PREFEITURA DE TORRES/DIVULGAÇÃO/JC
Os efeitos ainda sentidos da crise econômica no Estado não são tão significativos no litoral gaúcho, uma vez que, pela menor capacidade de compra da população, parte das férias internacionais acabam migrando para as praias do Litoral Norte. Este ano, pela projeção do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Litoral Norte (SHBR) os turistas seguirão a mesma linha dos anos anteriores. Durante os meses mais quentes, a expectativa é de que mais um milhão de turistas passem pelo Litoral.
Neste cenário, Capão da Canoa recebe a maior população flutuante do Litoral Norte, com estimativa de 58,3 mil pessoas a mais segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE). Em população média serão mais de 110 mil pessoas, ou 113% a mais do que os habitantes permanentes da cidade. A menor variação acontece em Torres (59,6%), que tem população permanente de 39,8 mil pessoas e recebe mais 23,7 mil.
Cientes da maior demanda, gestores públicos iniciam os preparativos para a alta temporada ainda durante o inverno. Em Torres, o programa Cidade da Oportunidade buscou ao longo de 2017 capacitar comércio e serviços sobre temas basilares para o desenvolvimento econômico, com qualificações nas áreas de segurança alimentar, atendimento ao cliente e criatividade nos negócios. "Mais de 900 pessoas participaram de cursos e palestras, o que deve ter resultado positivo no comércio durante o verão", afirma o prefeito da cidade, Carlos Souza.
Além dos cursos, Souza lembra que parte importante dos preparativos para receber os turistas durante o verão tange o ajardinamento, restauração de placas e de pinturas de ruas da cidade. "Apesar das dificuldades financeiras que assolam os municípios gaúchos, uma cidade bem estruturada com sinalizações claras evita maiores problemas" comenta, referindo-se a possibilidade de evitarem-se acidentes com boas sinalizações, inclusive nas áreas verdes da cidade.
O Parque da Guarita, que recebe anualmente 30 mil visitantes, foi alvo de parte significativa das reformas estruturais no município. O local, que é símbolo da cidade, teve suas placas substituídas a fim de melhor orientar os turistas sobre os pontos de observação do mar e locais de risco de deslizamento. Atendendo a solicitações de banhistas, comenta Souza, vestiários e banheiros do parque também foram renovados e dispõem de maior capacidade.
Em Capão da Canoa, além de manutenção das estradas de acesso e de reparo nos meios-fios danificados, os pórticos de entrada de Arroio Teixeira, Curumim, Capão Novo e os da sede municipal foram revitalizados - além de pintura, novos letreiros foram instalados. Junto ao pórtico da cidade e à beira-mar, a prefeitura inaugurou duas "Casas do Turistas". O objetivo do espaço é fornecer informações e indicações sobre a rede hoteleira, gastronômica, de serviços, entre outros, para veranistas, moradores e turistas. O ponto de informações contará com a presença de dois servidores que ficarão à disposição da população, entregando guias turísticos do município e prestando esclarecimentos.
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Supermercadistas estão otimistas com as vendas da estação quente

Asun estende ao Litoral as promoções feitas em outras cidades

Asun estende ao Litoral as promoções feitas em outras cidades


/ASUN SUPERMERCADOS/DIVULGAÇÃO/JC
No setor supermercadista, as vendas de Natal e do Ano-Novo servem como termômetro para o restante da temporada. Os números ainda não consolidados da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) apontam que as datas tiveram acréscimo entre 7,5% e 8% nas vendas - o que sugere um verão aquecido em faturamento nos cerca de 350 supermercados do Litoral Norte.
Durante janeiro e fevereiro, os supermercados da região irão dobrar o número de clientes em relação à demanda média dos meses de inverno, pelas projeções da entidade. O diretor da Agas, Cesion Pereira, afirma que o aumento em dezembro chega a 80% na relação, e só não atinge os mesmos valores dos meses que o sucedem uma vez que a lotação das praias atinge seu pico somente no final do mês, com o Natal. Janeiro e fevereiro, por outro lado, serão de vendas intensas, já que o Carnaval no meio do próximo mês condensa a procura pelo Litoral. "Mesmo assim, nos três meses de verão teremos um faturamento médio correspondente a 50% dos outros nove meses", relata.
Mesmo com as perspectivas otimistas, Pereira relata uma alteração nos hábitos de consumo dos veranistas em razão da crise econômica. "O consumo segue, mas houve uma migração para marcas mais baratas. Antes havia churrasco todo o dia, agora durante a semana é salsichão e carnes mais nobre, só no domingo", observa. Mesmo assim as carnes seguem como um dos principais itens demandados pelos turistas, perdendo apenas para as cervejas.
O diretor do Asun, Antonio Ortiz, relata que o sistema de uma loja da rede apontava a necessidade de compra de 30 mil latas de cerveja, enquanto ainda constavam seis mil unidades em estoque tamanha a demanda pelo produto. "A praia é invadida, fica impossível calcular o verão sem sistemas", argumenta o supermercadista.
Ortiz comenta que para tornar os supermercados do Litoral atrativos e evitar que os veranistas cheguem trazendo os itens básicos de alimentação e higiene, uma adequação de preços foi necessária ao longo dos mais de 40 anos da marca. "Procuramos praticar os mesmos preços e realizar as mesmas promoções encontradas nas demais unidades da marca pelo Estado, também no Litoral", comenta. Ano a ano, diz, os consumidores notam que os supermercados da praia estão cada vez mais semelhantes aos da Capital.