Em 1920, a família Baldo, de origem italiana, iniciou a construção de uma fábrica de erva-mate em Vespasiano Corrêa, município ao norte de Lajeado. Era um começo similar ao de outras tantas indústrias gaúchas. Mas começou a tomar rumos diferentes quando, ao longo das décadas, resolveu investir menos na erva-mate verde, líder no mercado brasileiro, e mais na repousada, que ganha a preferência em países como Uruguai, Paraguai e Argentina.
A vocação da empresa para o mercado externo ficou ainda mais clara quando, em 1998, a Baldo adquiriu o controle patrimonial da Canarias S.A., que detinha a maior fatia do mercado uruguaio e com quem mantinha parceria desde a década de 1980. "Fomos avançando no mercado", conta o diretor da Baldo, Leandro Gheno. Hoje, com quatro unidades nos três estados do Sul, sendo a principal no município de Encantado, ela exporta cerca de 32 milhões de quilos de erva-mate ao Uruguai por ano. Representa quase 60% do faturamento anual de R$ 350 milhões.
Só que não é só a Baldo que, a essa altura, enxerga o comércio exterior como uma saída interessante para alavancar as vendas. Dados do Sindimate mostram que as exportações cresceram 155% nos 10 anos mais recentes. Em 2016, foram destinadas 35 mil toneladas de erva-mate beneficiada a outros países, gerando receita de US$ 82,4 milhões. São 39 destinos diferentes - o que, para o setor, comprova o potencial para a cadeia produtiva. O auge da série histórica foi em 2014, quando a receita foi de
US$ 114,1 milhões.
Estabelecida no país vizinho, a ervateira de Encantado, agora, pretende conquistar espaço no mercado brasileiro. "Temos em mente que o mercado interno pode representar 20% das nossas vendas." O percentual atual é de 5%.
A estratégia de diversificação também existe na Baldo. Passa por fase final de licenciamento uma fábrica de chá-mate, em São Mateus do Sul (PR). "Estamos buscando alternativas para que as pessoas consumam produtos à base de mate", justifica Gheno. O empresário, no entanto, não concorda que o consumo esteja caindo ou mesmo estagnado, mas em um crescimento pequeno. "Pode ser ampliado, mas depende de esforço para que a erva-mate seja reconhecida além do hábito, como um produto que faz bem à saúde e dá energia."