Janta faz críticas a Marchezan após adiamento de convocação

Em uma sessão excepcionalmente curta nesta quarta-feira, o rechaço dos vereadores ao discurso do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) no congresso do Movimento Brasil Livre (MBL) continuou sendo pauta de debate na Câmara de Porto Alegre.

Embora interlocutores tenham dito, em tom de brincadeira, que a sessão acabou mais cedo por conta do jogo Grêmio contra Lanús, etapa final da Copa Libertadores da América em Porto Alegre; na prática, o expediente foi encerrado antes das 17h por causa da retirada de quórum por parte de vereadores membros da base do governo.

O primeiro tópico na pauta do dia era a votação do requerimento para chamar Marchezan ao plenário, mas, após deliberações sobre outros projetos de homenagens, se optou pela retirada do quórum para impedir a aprovação da convocação do prefeito.

Dezessete vereadores assinaram o requerimento cobrando visita do tucano para dar explicações sobre seu discurso no congresso do MBL, em que criticou parlamentares em todas as esferas do Legislativo. No evento, em São Paulo, Marchezan disse para as várias pessoas presentes que, "aqui entre nós, parlamentar é cagão". Em nota, o prefeito disse que a frase foi dita em um "contexto de análise política".

Contestando esta justificativa, o ex-líder do governo Claudio Janta (SD) voltou a criticar a administração municipal, com a qual rompeu em agosto. "Eu estou fazendo um 'contexto da análise política' aqui", ironizou Janta na tribuna. "Agora, quando o cara é 'bunda-mole', faz 'contexto da análise política'", completou.

"Ele estava em São Paulo fazendo circo para seus amigos e falando mal de parlamentar", disse o vereador, alegando que o que motivou as declarações do prefeito foi o fato de ele ter se "sentido em casa" entre líderes do MBL, e que provavelmente não pensou que o vídeo viralizaria na internet. No evento, que teve a presença do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e do também tucano e ex-ministro das Cidades Bruno Araújo, o líder do MBL, Kim Kataguiri, teceu elogios a Marchezan, afirmando que gostaria de vê-lo "governador do Rio Grande do Sul e, quem sabe um dia, presidente do Brasil".

No final de seu discurso inflamado, Janta questionou como Marchezan estava em São Paulo no dia 11, sendo que a própria Câmara tinha aprovado a viagem dele à Europa iniciando neste dia. "Eu acho que chegou o momento de ele se autoconvidar e vir até a Câmara dizer o que ele pretende fazer", afirmou, com a fala permeada por um grito também contrário a Marchezan, um sonoro "ele é cagão", vindo do vereador João Bosco Vaz (PDT), que se fez ouvir em todo o plenário.