Restauração da Igreja das Dores será entregue nesta quinta-feira

Em obras há 11 meses, a Igreja Nossa Senhora das Dores, no Centro de Porto Alegre, será entregue hoje, às 20h, à população, com a sua restauração concluída. O local estava fechado para casamentos e contava com estrutura improvisada para missas. A intervenção custou R$ 1,6 milhão, captado através da Lei de Incentivo à Cultura do Estado. O patrocínio veio integralmente da Braskem. A igreja tem 210 anos de existência e é um dos mais consagrados cartões postais da cidade, sendo a mais antiga da Capital.

O projeto envolveu a restauração da capela-mor (a principal) e do retábulo santíssimo (uma capela menor localizada em uma sala ao lado da capela-mor), além de adequações para obtenção de alvará de Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI), que abrange implantação de sensores de fumaça, extintores especiais e indicações de saída. Como depende de trâmites burocráticos, o PPCI ainda não foi autorizado.

Segundo o arquiteto responsável pela restauração, Lucas Volpatto, a equipe se preocupou com a estrutura do telhado, que estava com infiltrações e impossibilitava uma iluminação adequada dentro do prédio. "Havia muitos problemas de infiltrações, chovia nas imagens sacras. Com a instalação de subcoberturas entre o telhado e o madeirão, o reforço das peças originais do telhado e a substituição das peças degradadas por cupins, conseguiremos que o telhado proteja muito mais os bens integrados que estamos restaurando e entregando", explica.

Volpatto relata que é danoso para o edifício o processo de restauração, já que se trata de fazer com que a igreja volte a um determinado momento de sua história estrutural. "Temos que trabalhar com a conservação. No momento em que fazemos um telhado que possibilita menos intervenções ao longo do tempo e que a manutenção e a conservação se tornam mais fáceis, o prédio não precisará mais passar por restauros", destaca.

A restauradora responsável, Susana Cardoso, conta que o trabalho no altar principal, que é todo de madeira, com ornamentos em folhas de ouro, foi inicialmente na parte estrutural, tratando a infestação de cupins, limpando e refazendo algumas partes danificadas. Na área frontal, foi feita limpeza e repintura do fundo, que, em 1997, havia sido pintado de uma cor mais clara do que a original. "Isso deu mais tridimensionalidade aos ornatos, que são esculpidos, e não planos, e valorizou ainda mais essa decoração que o altar tem", observa.

Todas as imagens sacras da igreja foram restauradas. Foi feito um trabalho preservacionista, mantendo as características originais especialmente das imagens de devoção. "As pessoas vêm rezar e têm uma relação de fé com as imagens. Então, temos que manter a imagem íntegra em sua estrutura, mas sem perder suas características. Às vezes, o pé de uma imagem está desgastado e enegrecido pelo fato de as pessoas passarem a mão, como maneira de ter contato e receber um pouco da fé. Isso não podemos limpar demais, porque mostra a fé quase física das pessoas", defende Susana.

As esculturas de Jesus Cristo crucificado, São João Evangelista e Nossa Senhora das Dores, localizadas no topo da capela-mor, estavam deterioradas pela chuva, devido aos problemas no telhado. As vestimentas das imagens foram trocadas por roupas novas. As antigas serão restauradas e expostas no Museu de Arte Sacra que será construído.