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Economia

- Publicada em 08 de Novembro de 2017 às 21:50

Pressões teriam encerrado suspensão brasileira do leite uruguaio

Multinacionais do ramo lácteo se beneficiam dos preços mais baratos

Multinacionais do ramo lácteo se beneficiam dos preços mais baratos


/PEDRO REVILLION/PALÁCIO PIRATINI/JC
Thiago Copetti
Ao contrário do feito no início de outubro, quando anunciou com alarde a suspensão temporária de leite do Uruguai, o Ministério da Agricultura revogou silenciosamente a decisão nesta semana. A reabertura do mercado brasileiro ao produto vizinho, dizem empresários e líderes do setor, tem contornos políticos, pressões econômicas e até mesmo lógica, dentro da visão de Mercosul. Além disso, sendo o Brasil o atual líder do Mercosul, uma decisão como esta afetaria a credibilidade do País no comando do bloco e poderia criar um constrangimento diplomático entre os dois presidentes.
Ao contrário do feito no início de outubro, quando anunciou com alarde a suspensão temporária de leite do Uruguai, o Ministério da Agricultura revogou silenciosamente a decisão nesta semana. A reabertura do mercado brasileiro ao produto vizinho, dizem empresários e líderes do setor, tem contornos políticos, pressões econômicas e até mesmo lógica, dentro da visão de Mercosul. Além disso, sendo o Brasil o atual líder do Mercosul, uma decisão como esta afetaria a credibilidade do País no comando do bloco e poderia criar um constrangimento diplomático entre os dois presidentes.
A decisão tomada pelo ministro Blairo Maggi no dia 10 de outubro teria, para algumas fontes, desagradado ao presidente Michel Temer, que, na mesma semana, deu declarações amenizado o ato e dando a entender que logo o caso seria resolvido. Para outros, porém, poderia ter sido até uma forma rápida de angariar apoio da bancada ruralista antes das votações de interesse de Temer. A acelerada reversão da decisão também pode ter sido reflexo de pressões políticas especialmente de empresários e políticos do Sudeste brasileiro, avalia o presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil), Wlademir Dall'Bosco. A decisão já era esperada pelo empresário, mas não tão rapidamente.
"A suspensão poderia gerar represália do governo uruguaio às exportações brasileiras para lá, de produtos como carros, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Isso afetaria especialmente indústrias paulistas, e são os interesses paulistas que determinam os rumos do País, em detrimento aos interesses do Sul", diz o presidente da Apil.Outro problema, para Dall'Bosco, é que multinacionais do ramo de lácteos, inclusive com grandes unidades no Estado, se beneficiam da compra de produto barato do Uruguai e igualmente fariam pressão política e econômica para manter essas importações.
A linha de pensamento de Dall'Bosco se alinha com a do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva. Assim como o líder da Apil, Silva diz que a volta da importação de leite do Uruguai, por pressões comerciais, já era esperada. O representante da Fetag afirma que, dentro do governo Temer, o único que defendia a ideia da continuidade da suspensão era o ministro Maggi.
Secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Darlan Palharini afirma que a entidade aguarda maiores dados sobre o que a missão brasileira levantou de informações no Uruguai que desmontariam a alegação do Sindilat de que o país vizinho não estaria enviando ao Brasil leite de outros países. A suspensão se deu pela suspeita de que, sem cotas estipuladas para exportar o produto ao Brasil, ao contrário da Argentina, por exemplo, o Uruguai estivesse fazendo triangulação, o que configuraria quebra de acordo. "Nos chama a atenção a rapidez com que o governo investigou o caso", critica Palharini.
Os dados da missão técnica em Montevidéu já foram solicitados pelo secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo. "O Mercosul precisa ser revisto pelo governo brasileiro. Assim como o País facilita a compra de produto de fora, também deveria permitir que o agricultor brasileiro comprasse lá fora insumos e equipamentos mais baratos", defende.
A proposta encontra eco em recente estudo divulgado pela Federação da Agricultora do Estado (Farsul), que mostra que comprar determinados insumos no Brasil pode ser 426% mais caro do que no Uruguai. A diferença se reflete em custo de produção maior e competitividade menor.
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