Os juros futuros de longo prazo, que são termômetro da percepção de risco do investidor, fecharam a sessão desta terça-feira, (7) em alta, refletindo as preocupações do mercado com o cenário fiscal, em meio ao aumento do pessimismo com a possibilidade de aprovação da reforma da Previdência e de outras pautas de interesse do governo no Congresso. O fortalecimento do dólar também contribuiu para a recomposição de parte dos prêmios que tinham sido devolvidos na segunda-feira (6).
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou em 7,29%, estável em relação ao ajuste de segunda, e a do DI para janeiro de 2020 subiu de 8,47% para 8,51%. A taxa do DI para janeiro de 2021 avançou de 9,28% para 9,34% e a do DI para janeiro de 2023, de 10,02% para 10,09%. Às 16h35, o dólar à vista subia 0,65%, aos R$ 3,2790.
A expectativa do mercado em relação ao andamento da reforma já era baixa, mas ficou ainda mais debilitada depois do presidente Michel Temer reconhecer, na segunda, em reunião com parlamentares e ministros, que a principal reforma do País pode nem sequer ser votada em seu governo. Resignado, fez um apelo para que os parlamentares tentem votar, se não o conjunto do pacote, pelo menos alguns pontos propostos pelo Planalto.
Dado o desconforto da declaração produzido no mercado, nesta terça, vários integrantes da equipe econômica - os ministros Dyogo Oliveira (Planejamento), Henrique Meirelles (Fazenda) e Eliseu Padilha (Casa Civil), o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida e a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi - tentaram desfazer o mal-estar, afirmando, de forma geral, que o governo não desistiu de tentar a reforma.
"Não (estamos "jogando a toalha"). Vamos continuar lutando (para aprovar a reforma da Previdência), fazer exatamente o que o presidente falou", disse Dyogo, que está na Itália, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
As declarações, contudo, não dissiparam a cautela, que se estende não somente ao texto da Previdência, mas ao risco de votação de outras pautas de interesse do governo, como o pacote de ajuste fiscal e o projeto de privatização da Eletrobras.
"O pano de fundo político está complicado. A Previdência em si é só o reflexo da desorganização da base aliada, que pode afetar outros projetos importantes e dificultar ainda mais cenário de ajuste fiscal", disse a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour.