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Cultura

- Publicada em 30 de Novembro de 2017 às 08:35

Documentário sobre população trans estreia no CineBancários

Funkeira Linn da Quebrada é uma das personagens de Meu corpo é político

Funkeira Linn da Quebrada é uma das personagens de Meu corpo é político


/CINEBANCÁRIOS/DIVULGAÇÃO/JC
Luiza Fritzen
Quando existir (e resistir) é um ato político, a luta é diária. Seja para conquistar o nome social, ocupar espaços públicos ou no mercado de trabalho, a população transgênero enfrenta barreiras todos os dias. Com estreia nesta quinta-feira, no CineBancários (General Câmara, 424), o documentário Meu corpo é político faz uma abordagem sensível sobre questões de gênero e conta, através de quatro personagens reais, como é a vida de militantes LGBT.
Quando existir (e resistir) é um ato político, a luta é diária. Seja para conquistar o nome social, ocupar espaços públicos ou no mercado de trabalho, a população transgênero enfrenta barreiras todos os dias. Com estreia nesta quinta-feira, no CineBancários (General Câmara, 424), o documentário Meu corpo é político faz uma abordagem sensível sobre questões de gênero e conta, através de quatro personagens reais, como é a vida de militantes LGBT.
Dirigido pela paulista Alice Riff, a produção acompanha a rotina da artista e professora de teatro, hoje cantora de funk, Linn da Quebrada; da primeira mulher trans a dirigir uma escola pública da rede estadual de São Paulo, Paula Beatriz; da fotógrafa em fase de transição Giu Nonato; e do estudante e operador de telemarketing Fernando Ribeiro. Todos eles têm seus corpos marcados por questões de gênero, classe e raça, e vivem na periferia de São Paulo.
Em pouco mais de uma hora, as vivências dos quatro personagens se costuram, ampliam a discussão para além das questões de gênero e mostram como a separação "nós e eles" é perda de tempo quando, em essência, somos todos iguais. A escolha por uma narrativa que não busca a redenção ou o drama de um protagonista serve também para aproximar o espectador dos personagens retratados. E é justamente essa a ideia de Meu corpo é político.
Durante pré-estreia do documentário na Capital, a diretora Alice Riff afirmou que, embora voltado a um público em específico, o foco do longa, na verdade, é aproximar indivíduos que não estão inseridos neste universo LGBT e que podem, por falta de conhecimento, reproduzir preconceitos. A proposta, segundo ela, "é fazer com que as pessoas questionem porque existe esse abismo, porque nós não convivemos com pessoas trans no dia a dia e porque elas estão sendo excluídas".

Documentário destaca rotina da fotógrafa Giu Nonato na periferia de São Paulo. Foto: CineBancários/Divulgação/JC

Em atos banais, como tomar café da manhã, estender roupas, preparar feijão, pegar ônibus até o trabalho e encontrar os amigos em um bar, Fernando, Paula, Giu e Linn mostram que sua sexualidade em nada tem a ver com caráter, capacidade profissional e amor ao próximo; e que serem aceitos pela sociedade como são ainda exige muita resiliência e resistência.
Alice afirma que fazer cinema é também construir narrativas. Para fugir dos estereótipos e abordagens comuns sobre pessoas trans, tão reproduzidas pela mídia e pelo audiovisual, a diretora conta que Meu corpo é político foi pensado a fim de construir um mundo possível e, por isso, não aborda questões como prostituição e violência. A escolha pelas narrativas de Fernando, Giu, Linn e Paula se deu pela busca de sujeitos cujas trajetórias não tivessem discursos tão panfletários. "Escolhi esses quatro personagens mais pela batalha diária e por buscar pensar a militância LGBT fora do Centro", explica Alice. Pensando em manter a fidelidade destas vivências, o roteiro e as falas foram produzidos em conjunto com os documentados, e as cenas são encenadas a partir de suas próprias perspectivas. 
Apesar de retratar pessoas transgênero, o documentário não conta com nenhum profissional trans na equipe de produção. Fato que, para Alice, também serve para ilustrar o atual cenário. "Na época (em que o longa foi filmado), eu não conhecia nenhuma pessoa trans que trabalhasse com cinema. Hoje, isso já é diferente", pondera. 
Alice Riff estreia como diretora de longa-metragem em Meu corpo é político. No currículo, tem curtas como Orquestra Invisível Let's Dance (2016); 100% Boliviano, Mano (2014); e Cidade improvisada (2012). Atualmente, ela finaliza seu segundo longa, Platamama, com previsão de estreia para 2018.
Filmado no primeiro semestre de 2016, o documentário estreou em abril deste ano, no Visions du Réel, importante festival de documentários em Nyon, na Suíça. Meu corpo é político também foi exibido na Competição de Direitos Humanos do Festival de Cinema Independente de Buenos Aires e ganhou o Prêmio Olhares Brasil na estreia no 6º Festival Internacional de Cinema de Curitiba - Olhar de Cinema e no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A produção também recebeu o prêmio Stajano no 38º Lovers Torino LGBTQI Visions, na Itália.
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