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feira do livro

- Publicada em 17 de Novembro de 2017 às 08:28

'O maior preconceito que passei foi por já ser mais velha', diz Valesca de Assis

Na reta final da Feira do Livro, patrona autografa sua obra nesta sexta-feira

Na reta final da Feira do Livro, patrona autografa sua obra nesta sexta-feira


CLAITON DORNELLES /JC
Após quase três semanas de atividades, tem encerramento neste domingo a 63ª Feira do Livro de Porto Alegre. Se os últimos dias foram de mediação de conversas, encontro com leitores e presença em eventos diversos, a patrona, Valesca de Assis, tem na sexta-feira uma data para celebrar seu próprio trabalho: a escritora autografa sua obra a partir das 18h30min, na praça. O Jornal do Comércio conversou com a autora:
Após quase três semanas de atividades, tem encerramento neste domingo a 63ª Feira do Livro de Porto Alegre. Se os últimos dias foram de mediação de conversas, encontro com leitores e presença em eventos diversos, a patrona, Valesca de Assis, tem na sexta-feira uma data para celebrar seu próprio trabalho: a escritora autografa sua obra a partir das 18h30min, na praça. O Jornal do Comércio conversou com a autora:
JC Viver - O que guiou seu patronato?
Valesca de Assis - Lutar pelos programas de leitura. Os governos estão tirando as verbas. Sempre que posso falo disso. Tenho certeza que só pegando um leitor jovem ele vai ter mais espontaneidade para ler. Quando isso é feito desde pequeno, acontece de forma natural.
Viver - Você tem alguns trabalhos dedicados ao público infantojuvenil. É uma responsabilidade muito diferente?
Valesca - Muito mesmo. Eu só escrevia para os chamados adultos. Mas, como professora, sabia que faltava muita literatura boa nessa faixa do adolescente, do pré-adolescente. Até para criança tem muita literatura boa no Brasil. Mas, quando chega nos 9, 10, 11 anos, até o fim do Ensino Fundamental, falta boa literatura. Há uns anos, em 2004, a Artes e Ofícios convidou vários escritores para que tentassem fazer livros para jovens. Deu certas normativas muito boas. Eu fui lá na Pucrs - eles têm um centro muito bom de literatura infantil e juvenil - para ver o que eu deveria ler para fazer um bom livro. Em agosto de 2005 foi lançado. Foi rápido. Meus livros são muito demorados, eu reviso muito. O que é mais fácil para mim é escrever novelas, romances adultos, mas a reação das crianças e jovens é maravilhosa, porque é muito sincera.
Viver - A ponta do silêncio, seu romance mais recente, traz um desrespeito crescente contra a protagonista. As discussões sobre violência contra a mulher influenciaram de alguma maneira os rumos da narrativa?
Valesca - Não. A violência física não foi a que eu conheci mais. Conheci mais as violências aparentemente minúsculas. Eu tinha pego uma notícia de que uma mulher matou o marido e, quando foi depor, ela não conseguiu falar, perdeu a voz. Aí o delegado deu mais uma semana. Mas só peguei esse início e deixei "desidratando". Comecei em fevereiro de 2003, quando meu neto tinha seis meses. Foi difícil achar o tom, o tempo verbal. Mas, pelo fato de ser mulher, não está bem resolvido quais são todos nossos compromissos. Está melhorando, passamos de uma patrona para outra, mas é muito difícil ainda até para que a gente se respeite o suficiente para dizer: "não, agora eu vou escrever um livro, quero todas as manhãs livres".
Viver - Ainda existe muito machismo no meio literário?
Valesca - Não passei por machismo. O maior preconceito que passei foi por eu já ser mais velha. Eu sempre gostava de escrever, mas não gostava do que eu fazia. Quando eu tinha 38 anos, comecei a oficina da Pucrs e eu aprendi as ferramentas. Quando publiquei meu primeiro livro, nenhuma editora queria publicar, até que a Movimento quis. Depois fiquei sabendo que as editoras maiores (pelos prêmios que eu já ganhei, eu poderia estar em uma editora dessas há muito tempo) querem o jovem que tenha muito talento e futuro pela frente; ou uma pessoa com mais idade, mas que já tenha sucesso.
Viver - Que jovens escritoras gaúchas você recomenda?
Valesca - Luisa Geisler, que ganhou o Prêmio Sesc; Carol Bensimon; Julia Dantas (o livro dela é muito bom, concorreu ao Prêmio São Paulo). É até injustiça, porque posso esquecer de alguém. Entre os 20 escritores mais promissores - não só mulheres - do Brasil, uns nove nomes são do Rio Grande do Sul. A Clara Averbuck também é muito boa.

Agenda da praça

Sexta-feira
  • 16h30min: A África e sistema-mundo, encontro com Analúcia Danilevicz Pereira, Luiz Dario Teixeira Ribeiro e André Reis da Silva. No Auditório Barbosa Lessa do Cccev.
  • 18h: O último Kibutz, entre a ficção e a realidade. Debate com a autora, Sabrina Abreu, na Sala Oeste do Santander Cultural.
Sábado
  • 15h30min: Corpo: ficção, saber, verdade - Revista da Appoa nº 49. Na Praça de Autógrafos.
  • 16h30min: Presença nórdica, com Iben Sandahl e Højlund Christensen. No Auditório Barbosa Lessa do Cccev.
  • 18h: Presença nórdica, com Einar Már Gudmundsson. No Auditório Barbosa Lessa do Cccev.
Domingo
  • 10h30min: palestra do escritor nigeriano Wole Soyinka. No Theatro São Pedro.
  • 15h: A criança em ruínas, encontro com José Luís Peixoto, Claudio Eizerik e Reginaldo Pujol Filho. Na Sala Oeste do Santander Cultural. Autógrafos às 16h30min, na praça central.
  • 16h30min: Não me toca, seu boboca!, bate-papo com Andrea Viviana Taubman, autora do livro, no Dia Mundial de Combate ao Abuso Infantil. No Auditório do Memorial do RS.
  • 17h: Charles Kiefer e a Cabala. Na Sala Leste do Santander Cultural.