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Política

- Publicada em 17 de Outubro de 2017 às 14:50

Procurador diz que Janot agiu 'com o fígado' no caso JBS

Para Villela (foto), delação foi trama de Janot para derrubar Temer e impedir nomeação de Raquel Dodge

Para Villela (foto), delação foi trama de Janot para derrubar Temer e impedir nomeação de Raquel Dodge


GILMAR FELIX/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
O procurador da República Ângelo Goulart Villela disse, na manhã desta terça-feira (17), que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot "agiu com o fígado" no caso da JBS. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), Vilella chamou Janot de 'arqueiro inconsequente'.
O procurador da República Ângelo Goulart Villela disse, na manhã desta terça-feira (17), que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot "agiu com o fígado" no caso da JBS. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), Vilella chamou Janot de 'arqueiro inconsequente'.
Vilella repetiu nesta terça as declarações que deu ao jornal Folha de S.Paulo em entrevista em setembro. Para ele, todo o processo de colaboração premiada foi uma trama do ex-procurador-geral com o objetivo de derrubar o presidente Michel Temer e impedir a nomeação de Raquel Dodge para substituí-lo no comando da PGR. Hoje, complementou dizendo que o ex-procurador-geral "agiu com o fígado em relação a mim" por ter se sentido traído ao achar que havia "bandeado" para o lado de Dodge.
Alvo da Operação Patmos, de 18 de maio, Vilella ficou preso por 76 dias e foi denunciado por corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça. O procurador foi gravado pelo advogado e delator da JBS, Francisco Assis e Silva, em um jantar, no início de maio, na casa do advogado Willer Tomaz, também denunciado pelos mesmos crimes de Vilella.
Em delação, o empresário Joesley Batista teria recebido uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês para vazar informações, com o advogado como intermediário. Depois, porém, afirmou não saber se o dinheiro chegava ao procurador. Ele admite ter mandado um áudio de uma reunião fechada do Ministério Público, mas nega ter recebido propina e diz que tudo que fez foi para ter sucesso na negociação de uma delação com a JBS.
Vilella sugeriu ainda que o ex-procurador-geral fez uma espécie de cena quando pediu a prisão do ex-procurador Marcello Miller, no último dia de sua gestão. Miller virou pivô de uma crise na delação da JBS, que culminou na suspensão de benefícios para os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud.
O ex-procurador é suspeito de ter atuado na defesa da empresa quando ainda tinha cargo no MPF, o que, para Vilella, era de conhecimento de Janot. "A vontade de Janot de prender Miller era tão legítima quanto nota de R$ 3", disse em depoimento à CPMI. A prisão de Miller foi negada pelo ministro do Supremo Edson Fachin. Joesley Batista e Ricardo Saud foram presos. Para justificar suas ações, Vilella contou que a PGR fez negociações para a delação premiada da Odebrecht na calada da noite.
"Francisco não queria se expor no Ministério Público. Quando se tem um candidato à delação que tem receio que a ida possa causar especulações de delação, é comum o Ministério Público propor outras coisas. Vamos citar o caso da Odebrecht. As negociações da Odebrecht aconteceram na calada da noite, fora do expediente", relatou.
"Não é comum, mas quando o candidato coloca um empecilho com receio de ser identificado, não é incomum você topar conversar em outro lugar", acrescentou. Na entrevista à Folha de S.Paulo, ele disse que já tinha visto práticas "muito piores" do que as que ele teve. "Aliás, os fatos que estamos vendo atualmente no noticiário já até extrapolam o tipo de padrão que era do meu conhecimento. Não quero generalizar o MPF, mas estou falando da cúpula da PGR", relatou à época.
Folhapress
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