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Espanha

- Publicada em 08 de Outubro de 2017 às 17:01

Contrários à independência da Catalunha lotam ruas de Barcelona

'Maioria silenciosa' acredita não ter tido voz desde o referendo

'Maioria silenciosa' acredita não ter tido voz desde o referendo


/LLUIS GENE/AFP/JC
Milhares de espanhóis da Catalunha e de outras partes do país invadiram ontem as ruas de Barcelona para manifestar sua oposição à independência da região, uma semana após o referendo que desencadeou uma crise política sem precedentes em 40 anos. Os manifestantes responderam ao chamado de um coletivo anti-independência, cujo slogan é "Chega! Recobremos a sabedoria", o qual se vê como a "maioria silenciosa" que não teve voz desde quando as autoridades separatistas organizaram a votação.
Milhares de espanhóis da Catalunha e de outras partes do país invadiram ontem as ruas de Barcelona para manifestar sua oposição à independência da região, uma semana após o referendo que desencadeou uma crise política sem precedentes em 40 anos. Os manifestantes responderam ao chamado de um coletivo anti-independência, cujo slogan é "Chega! Recobremos a sabedoria", o qual se vê como a "maioria silenciosa" que não teve voz desde quando as autoridades separatistas organizaram a votação.
Os separatistas ameaçam declarar a independência de forma unilateral nos próximos dias, alegando ter recebido o apoio de 90,18% dos eleitores no referendo. "Nós não queremos a independência. Mantivemos silêncio por muito tempo", disse Alejandro Marcos, um trabalhador da construção civil de 44 anos de Badalona, subúrbio de Barcelona.
De acordo com pesquisas, apesar de a maioria dos catalães defender a realização de um referendo formal, pouco mais da metade se opõe à independência de sua região. Por enquanto, o impasse é total entre o chefe do governo conservador espanhol, Mariano Rajoy, e as autoridades separatistas. O líder catalão, Carles Puigdemont, pede uma "mediação internacional", mas Rajoy se nega a dialogar até que os separatistas abandonem a ameaça de ruptura.
"O que eu quero é que a ameaça de declaração de independência seja retirada o mais rápido possível, porque nada pode ser construído se a ameaça à unidade nacional não desaparecer", disse Rajoy ontem ao jornal El Pais.
Em Barcelona, um grande número de pessoas de outras partes da Espanha - incluindo Madri, onde duas manifestações reunindo milhares ocorreram sábado - se uniu ao ato pela "unidade" da Espanha e pelo "diálogo". A concentração foi apoiada pelo Partido Conservador de Mariano Rajoy, pelo Partido Socialista catalão e pelo Ciudadanos, a principal força de oposição ao movimento de independência na Catalunha.
De nacionalidade peruana e espanhola, o escritor Mario Vargas Llosa fez um dos discursos de encerramento, ao lado do ex-presidente do Parlamento Europeu Josep Borrell. A democracia espanhola "está aqui para ficar, nenhuma conjuntura independentista a destruirá", declarou o ganhador do Nobel de Literatura. O nacionalismo "recheou a história da Europa, do mundo e da Espanha de guerra, sangue e cadáveres", acrescentou.
 

Primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy não descarta aplicar artigo 155

O premiê espanhol, Mariano Rajoy, por sua vez, ameaçou suspender a autonomia da região, uma medida nunca aplicada nesta monarquia parlamentar extremamente descentralizada, o que poderia provocar distúrbios na Catalunha. "Não descarto nada", declarou, a respeito da aplicação do artigo 155 da Constituição, que permite essa suspensão.
Ele lançou um apelo aos nacionalistas catalães mais moderados para que se afastem dos "radicais" da Candidatura da Unidade Popular (CUP), de extrema-esquerda, com os quais se aliaram para ter maioria no Parlamento catalão.
A chamada coincide com a partida de várias grandes empresas catalãs, o que também pode semear dúvidas entre alguns nacionalistas conservadores. Cerca de 15 empresas, incluindo o CaixaBank e o Banco de Sabadell, decidiram, na quinta-feira, transferir suas matrizes para fora da Catalunha, que representa 19% do PIB espanhol.
A independência tem conquistado terreno na Catalunha desde 2010, alimentada pela crise econômica e pelo cancelamento parcial de um status de autonomia que dava à região maiores poderes.