Após atraso em pagamentos da prefeitura, os trabalhadores da Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos das Vilas de Porto Alegre (Cootravipa) estão com suas atividades paralisadas desde ontem. A cooperativa é responsável pelos serviços de coleta seletiva e limpeza de praças e parques da Capital. "Os cooperativados não estão paralisando como protesto, e sim porque não há dinheiro nem mesmo para o combustível e para a compra de equipamentos de proteção", relata o assessor jurídico da entidade, Artur Garrastazu Gomes.
Os valores atrasados são referentes a 50% dos serviços em praças e parques em agosto e 100% da coleta seletiva. Em relação aos R$ 4,7 milhões não pagos dos trabalhos de dezembro de 2016, a Cootravipa fez um acordo com a prefeitura de receber o montante em 36 parcelas, a partir de janeiro de 2018. No entanto, segundo Garrastazu, o acordo era de que não houvesse mais atrasos, uma vez que a entidade havia ficado sem margem em seu capital. Com o novo atraso de R$ 1 milhão sobre o pagamento de agosto, o assessor jurídico defende que não há mais como continuar o serviço.
Conforme Garrastazu, a entidade presta serviço de limpeza urbana, coleta de lixo seletivo e desentupimento de bueiros há mais de 30 anos e nunca deixou de receber o valor dos contratos em dia. "Entendemos a dificuldade financeira da prefeitura, mas consideramos que deveríamos ser privilegiados na decisão de quem pagar e quem não pagar, já que prestamos um serviço essencial. Infelizmente, isso não aconteceu, pois sabemos de outros prestadores que receberam", destaca. O assessor jurídico aventa a possibilidade de a gestão municipal estar priorizando o pagamento de empresas com força política maior, em detrimento de uma cooperativa formada por pessoas humildes.
O secretário de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, afirmou que a Secretaria da Fazenda e a Procuradoria-Geral do Município buscam alternativas para o pagamento dos valores.
Ontem, os trabalhadores protestaram na Câmara de Vereadores e depois seguiram até a prefeitura acompanhados de vereadores. No Paço Municipal, os cooperativados foram recebidos pelo vice-prefeito Gustavo Paim e secretários, que ouviram dos trabalhadores o temor do não pagamento dos serviços de setembro, com vencimento no dia 10 de outubro. A prefeitura se comprometeu a se posicionar hoje sobre o tema.
Caso as faturas de agosto e setembro não sejam quitadas, os operários podem ficar sem salários. Cerca de 2 mil pessoas trabalham na cooperativa.