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CONJUNTURA

- Publicada em 19 de Outubro de 2017 às 12:07

Seguros de pessoas garantem alta do mercado

Para Coriolano, aumento na procura reflete mudança na cultura do consumidor, mais preocupado com a garantia dos bens materiais

Para Coriolano, aumento na procura reflete mudança na cultura do consumidor, mais preocupado com a garantia dos bens materiais


CNSEG/DIVULGAÇÃO/JC
Mesmo com os efeitos da recessão econômica dos últimos três anos, a área de seguros e previdência vem mantendo desempenho positivo. Enquanto algumas modalidades mais relacionadas à produção industrial e à construção civil apresentam queda, outras dão sinais de recuperação - como os tradicionais seguros de automóveis, bastante atingidos nos anos anteriores. Entidades e empresas do setor admitem que o crescimento poderá ser menor neste ano, mas comemoram os bons desempenhos verificados pelos seguros de pessoas, que tiveram alta de 10,96% no primeiro semestre e seguiram com estatísticas favoráveis nos meses seguintes.
Mesmo com os efeitos da recessão econômica dos últimos três anos, a área de seguros e previdência vem mantendo desempenho positivo. Enquanto algumas modalidades mais relacionadas à produção industrial e à construção civil apresentam queda, outras dão sinais de recuperação - como os tradicionais seguros de automóveis, bastante atingidos nos anos anteriores. Entidades e empresas do setor admitem que o crescimento poderá ser menor neste ano, mas comemoram os bons desempenhos verificados pelos seguros de pessoas, que tiveram alta de 10,96% no primeiro semestre e seguiram com estatísticas favoráveis nos meses seguintes.
Conforme os dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), essa categoria - que inclui seguro de vida, de acidentes pessoais, viagem e educacional, entre outros - registrou R$ 16,68 bilhões em prêmios no primeiro semestre deste ano. Esse valor, referente ao valor pago pelos segurados para contratação de coberturas de riscos pessoais, superou os R$ 15,03 bilhões verificados no mesmo período de 2016. O total de indenizações pagas pelas seguradoras no semestre chegou a R$ 4,27 bilhões - 1,6% mais do que nos seis primeiros meses do ano passado.
Seguros de pessoas também têm posição destacada nos levantamentos divulgados periodicamente pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg). O desempenho no mês de agosto sinaliza que essa categoria avançou 7,4% entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com igual período de 2016. O presidente da entidade, Marcio Coriolano, lembra que o segmento havia aumentado 15,6% em 2015 e 15,5% em 2016. Esses números estão acima do desempenho geral do setor nos últimos anos, período em que os índices gerais de aumento foram gradativamente caindo: 13,3% em 2013, 12,1% em 2014, 11,6% em 2015 e 10,5% em 2016. "São números grandes. Esse é o aspecto da resiliência do setor", observa ele.
Outro ramo que vem crescendo acima da média é o de seguros de saúde. Conforme a confederação, os índices da categoria costumam ser positivos, como ilustram os números de crescimento referentes a 2014 (16,2%), 2015 (13,5%) e 2016 (12,5%). Um aspecto bastante relacionado com a geração de empregos. "Em torno de 90% desses seguros são contratados pelas empresas para seus funcionários. É, hoje, quase uma obrigação dentro das políticas de benefícios das empresas. Com o emprego aumentando, deve crescer", observa Coriolano. De acordo com a FenaPrevi, os seguros coletivos oferecidos por empresas e entidades de classe corresponderam a 77,01% do total pago pelos segurados no primeiro semestre. Os planos individuais, contratados por pessoa física, representaram 22,99%.
O presidente da CNseg acredita que o crescimento na procura por seguros de pessoas pode ser reflexo de um lento processo de mudança na cultura do consumidor brasileiro, tradicionalmente mais voltado ao consumo imediato. De maneira geral, esse comportamento levou a uma preocupação maior com a garantia dos bens materiais - o que se refletiu, historicamente, em maior procura por seguros residenciais e de automóveis. Um quadro que estaria em transformação. "Está aumentando a noção de as pessoas se preocuparem mais com o futuro", afirma.

Crescimento será menor em 2017

Nem todos os ramos de seguros seguem ritmo semelhante ao das modalidades relacionadas a pessoas e saúde. Os chamados ramos elementares - que incluem, por exemplo, os seguros de automóveis e patrimoniais - cresceram apenas 1,5%, se comparados os oito primeiros meses de 2017 com o mesmo período de 2016, no levantamento da CNseg. Dois índices contribuíram especialmente para esse contexto. Um deles é o Dpvat (seguro obrigatório de veículos), que teve neste ano os valores reduzidos em mais de 30%, com reflexo direto na arrecadação. Outro é o de riscos de engenharia, relacionados à construção civil, também com queda de 30%.
Mas, ainda dentro dessa categoria, houve bons resultados, como os dos seguros rural, de crédito e garantia e de financiamento habitacional - que cresceram, respectivamente, 14,6%, 39,2% e 11%. Um outro destaque são os seguros de automóveis, uma das modalidades mais procuradas pelos consumidores brasileiros. Acompanhando o desempenho de venda de veículos, esse ramo vinha tendo sucessivas desacelerações, mas agora parece se recuperar. A arrecadação em 2017, até agosto, superou em 6,5% os números verificados no mesmo período de 2016. Assim, desconsiderado o desempenho do Dpvat, a área de seguros elementares apresentou um crescimento de 7,2% no acumulado do ano - resultado considerado "excelente" pela CNseg. "O mercado de seguros, como um todo, pode ser considerado pró-cíclico, porque responde rapidamente a ciclos positivos e também a ciclos negativos. Mas, muitas vezes, responde de forma defasada, uma vez que grande parte dos seguros é feita em contratos mais curtos ou mais longos. Um exemplo é o seguro rural: os contratos feitos em um ano de safra alta ainda fazem efeito no ano seguinte, mesmo que eventualmente a safra não seja tão boa", analisa Coriolano.
De qualquer forma, o prolongamento da crise econômica terá reflexos importantes no desempenho de 2017. A projeção da CNseg aponta para um crescimento geral inferior a 10% até o fim do ano. "Acreditamos que não será como em 2016, porque o ciclo econômico baixo ainda faz efeito. Esperamos, numa visão pessimista, um crescimento de 6%, e, numa visão otimista, 7,5%", diz o presidente. Coriolano considera difícil antecipar o que poderá acontecer em 2018 - ano em que variáveis como a política econômica, as eventuais reformas na Previdência e as eleições gerais certamente vão influir no setor: "Vai depender das reformas que o governo vier a emplacar. A renda e o emprego melhorando, assim como a inflação mais baixa, devem ajudar".