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Medicina e Saúde

- Publicada em 11 de Outubro de 2017 às 14:12

A luta pela vida

Paulo de Argollo Mendes
A vida não dá trégua. E este talvez seja um dos sentidos mais sublimes de quem escolheu se dedicar à Medicina. Os médicos e as médicas são lutadores por princípio, lutam pela vida. Sua ética e seu papel na sociedade moldam um ofício cuja missão é acompanhar o outro em momentos em que a saúde se encontra em desequilíbrio. Ou mesmo, o que é cada vez mais crescente, nas orientações sobre prevenção, mais ainda na relação com pacientes com fragilidades que exigem uma conduta expectante. Esta, aliás, é uma das atitudes mais valiosas e que elucida muito da prontidão e da necessidade de se ter a assistência mesmo onde parece que não há uma razão imediata desse cuidado. As pessoas esperam isso da gente.
A vida não dá trégua. E este talvez seja um dos sentidos mais sublimes de quem escolheu se dedicar à Medicina. Os médicos e as médicas são lutadores por princípio, lutam pela vida. Sua ética e seu papel na sociedade moldam um ofício cuja missão é acompanhar o outro em momentos em que a saúde se encontra em desequilíbrio. Ou mesmo, o que é cada vez mais crescente, nas orientações sobre prevenção, mais ainda na relação com pacientes com fragilidades que exigem uma conduta expectante. Esta, aliás, é uma das atitudes mais valiosas e que elucida muito da prontidão e da necessidade de se ter a assistência mesmo onde parece que não há uma razão imediata desse cuidado. As pessoas esperam isso da gente.
Mas não basta ser médico, com todo o arsenal de conhecimento forjado em quase 10 mil horas de formação até alcançar o diploma, além de, no mínimo, três anos de residência ou mais de cinco em algumas especialidades. É importante registrar que, a cada segundo dedicado a dar atenção a doentes, lidamos com fatores que concorrem, e conspiram, não é raro, para exercer dignamente a Medicina, considerando seus ritos, exigências e comprometimento.
Passamos a conviver com situações adversas de maneira dramática, como algo que parece aceitável, mas não é! São exemplos as emergências que empilham doentes porque quem (gestores e até mesmo autoridades) deveria proporcionar uma condição minimamente adequada ao paciente e aos profissionais não cumpre seu papel. Em nossos hospitais, postos e em outros tantos serviços, os profissionais se deparam a todo tempo com contingências que lembram uma guerra, mas que são inadmissíveis - falta luva cirúrgica, fio de sutura, medicamentos, equipamentos para exames de urgência, e leitos! Falta segurança!
Por isso, mobilizamos cada vez mais esforços, por meio de entidades como o Simers, para repor o ambiente favorável à prática médica, e apontamos problemas e as soluções também! Dia a dia ouvimos de colegas a apreensão, a preocupação, a indignação. Mas eles não desistem não! Muitas vezes quando já não é mais possível alcançar o mínimo, pois esta situação pode colocar em risco seus pacientes, levantamos e dizemos em alto e bom tom: "não dá, estamos colocando em risco estas vidas!"
Já as saídas vão da urgência de aplicar mais verbas públicas - não há como prescindir de um sistema que seja eficiente em proporcionar as condições adequadas ao trabalho dos médicos e dos demais profissionais, ao respeito e o reconhecimento da ação de quem cuida da saúde. Até porque precisamos dar conta de um presente e de um futuro que combina expectativa de vida ascendente e ainda uma oferta exponencial de tratamentos e novas formas de lidar e interagir com as pessoas. Neste aspecto e sem poder aprofundar aqui, vale um alerta: tecnologias, internet das coisas e que tais, não substituem o olhar no olhar, a atenção, o tempo para poder estabelecer a relação essencial entre médico e paciente.
Os médicos querem e são vocacionados a assistir. E talvez seja por isso que, em meio a muitas contingências, seguimos em frente. A recente série de televisão Sob Pressão ajudou a mostrar o que acontece em um hospital com recursos limitados e demandas infinitas. Onde as histórias dos doutores Andrade e Carolina refletem, com uma dose inusitada de realismo, a vida médica como ela é, desde a técnica, a relação com os pacientes, a pressão permanente, a tecnologia, até à falta de tudo; quando só resta improvisar. E tudo compõe a luta pela vida.
Praticar a Medicina é fazer do cansaço, ânimo. É transmitir coragem superando os próprios medos. É enfrentar o sofrimento resistindo à dor. O tempo não respeita o relógio. Nessa luta, às vezes, é preciso ter as respostas muito antes de saber as perguntas. E quando a pressão cai, a pressão aumenta. O sono, nessas horas, é um sonho distante. Mas nos dois lados dessa história, uma coisa é certa: enquanto houver vida, vai haver luta.
Médico e presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers)
 
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