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trabalho

- Publicada em 31 de Outubro de 2017 às 19:42

Informalidade garante aumento do emprego

Perda de postos com carteira assinada reduz qualidade da ocupação

Perda de postos com carteira assinada reduz qualidade da ocupação


/JOÃO MATTOS/arquivo/JC
O mercado de trabalho manteve no terceiro trimestre a tendência de redução na taxa de desemprego através da geração de vagas informais. Apesar de o aumento na população ocupada ser positivo, a perda de postos com carteira assinada no setor privado preocupa, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O mercado de trabalho manteve no terceiro trimestre a tendência de redução na taxa de desemprego através da geração de vagas informais. Apesar de o aumento na população ocupada ser positivo, a perda de postos com carteira assinada no setor privado preocupa, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, 288 mil pessoas passaram a trabalhar sem carteira assinada. A alta no período foi de 2,7%.
A taxa de desemprego recuou de 13% no segundo trimestre para 12,4% no terceiro trimestre. Apesar da melhora, o resultado ainda é superior ao registrado no terceiro trimestre do ano passado, quando era de 11,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
"A taxa de desocupação teve uma queda importante, mas ainda está bem acima da registrada no ano passado. Ainda temos contingente expressivo de pessoas desocupadas", ressaltou Azeredo. "A ocupação cresceu, isso é positivo e fez essa taxa de desocupação cair. Mas quem está crescendo? O emprego sem carteira e por conta própria, que são marcados pela informalidade", completou.
No terceiro trimestre, o total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu o menor patamar da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, o equivalente a 33,3 milhões de vagas formais, 810 mil a menos que um ano antes.
"O mercado de trabalho perdeu 3,4 milhões de postos com carteira assinada em três anos. A Pnad Contínua está mostrando um aumento da informalidade. O mercado de trabalho não está estático, ele está se movimentando. Tem ponto favorável, que é o crescimento da população ocupada e o aumento da massa de rendimento. Tem mais dinheiro proveniente do mercado de trabalho circulando. Mas tem mais informalidade crescendo, e você não vê reação alguma do indicador de carteira de trabalho assinada", afirmou Azeredo.
Azeredo lembra que a perda da carteira significa perda também de direitos como Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e seguro-desemprego, além de restringir o acesso a crédito e benefícios como férias remuneradas.
Para os próximos meses, a expectativa é que a taxa de desemprego volte a cair, em função da contratação de funcionários temporários para as festas de fim de ano, disse Azeredo. Quanto ao impacto da reforma trabalhista, que entra em vigor em novembro, ele afirmou que o IBGE ainda está avaliando as novas regras, para depois determinar se será necessário fazer alguma alteração na Pnad Contínua.
"O IBGE está começando a analisar a reforma, ponto a ponto, para ver de que forma a gente vai ter que ajustar a Pnad Contínua, se é que vai ter que ajustar", contou o pesquisador. "Tem que esperar o início (entrada em vigor da reforma) para ver que efeito terá nesse mercado de trabalho."
 

Mesmo com queda, ainda há 12,9 milhões de pessoas desocupadas

O País encerrou o terceiro trimestre com 12,9 milhões de pessoas desocupadas, indivíduos sem emprego, mas que estão em busca de oportunidade. O dado representa queda de 3,9% em relação ao trimestre encerrado em junho. Havia ao final de setembro, 524 mil pessoas a menos na fila do emprego. No terceiro trimestre de 2016, a taxa de desemprego havia sido de 11,8%. O contingente de desempregados na ocasião era de 12,022 milhões de pessoas.
O País encerrou setembro deste ano com 91,1 milhões de ocupados, que são pessoas efetivamente empregadas. O indicador teve alta de 1,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 1,6% frente a igual trimestre de 2016.
O trabalhado por conta própria, formado por empregadores com pelo menos um funcionário, também continua a avançar e a contribuir para o recuo da taxa de desemprego. Esse grupo de trabalhadores, segundo o IBGE, é formado em sua maioria por pequenos empreendedores.
Ao final de setembro deste ano, o País possuía 22,9 milhões de pessoas nessa situação - alta de 1,8% ou 402 mil pessoas em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação anual, o crescimento desse contingente foi de 1,056 milhão de pessoas, ou de 4,8%.
Apesar de contribuir para a melhora dos indicadores de desemprego, o chamado emprego informal é considerado de menor qualidade em relação ao emprego com carteira assinada.

Construção demite 268 mil tralhadores em apenas um ano

Corte representou 3,8% empregados a menos nos canteiros de obras

Corte representou 3,8% empregados a menos nos canteiros de obras


/EDUARDO SEIDL/ARQUIVO/JC
A construção cortou 268 mil postos de trabalho no período de um ano, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total de ocupados na atividade encolheu 3,8% no terceiro trimestre de 2017 ante o mesmo período de 2016.
Também houve corte de vagas no setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com menos 400 mil empregados, um recuo de 4,4% no total de ocupados. Na direção oposta, a indústria criou 245 mil vagas no período de um ano, uma alta de 2,1% no total de ocupados no setor no terceiro trimestre ante o mesmo trimestre de 2016. O comércio contratou 410 mil empregados, alta de 2,4% na ocupação no setor.
A atividade de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas - que inclui alguns serviços prestados à indústria - registrou um crescimento de 488 mil vagas em um ano, 5,1% de ocupados a mais.
Também houve aumento no contingente de trabalhadores de alojamento e alimentação ( 562 mil empregados), outros serviços ( 214 mil pessoas), transporte, armazenagem e correio ( 117 mil ocupados), serviços domésticos ( 27 mil empregados) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais ( 51 mil vagas).
Na comparação entre o terceiro trimestre de 2017 e o segundo trimestre do mesmo ano, a indústria criou 67 mil postos de trabalho, o equivalente a um aumento de 0,6% no total de ocupados no setor. O total de ocupados no País cresceu 1,2% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, com a criação de 1,061 milhão de vagas.
Outros setores que contrataram no período foram a construção, com 141 mil postos de trabalho a mais; comércio, com 91 mil funcionários a mais; alojamento e alimentação, mais 175 mil; administração pública, defesa, seguridade social, educação e saúde, mais 249 mil novas contratações; informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com 241 mil a mais; serviços domésticos, 77 mil a mais; e outros serviços, com a geração de 54 mil novos postos.
Por outro lado, houve demissões em transporte, armazenagem e correio, com 11 mil ocupados a menos, e em agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 31 mil vagas extintas.

Técnicos do Ipea apontam risco de crescimento das ações trabalhistas

Técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que, se as instâncias de representação dos trabalhadores não forem fortalecidas, a reforma trabalhista não só prejudicará os trabalhadores como poderá causar diversos problemas para o poder público, incluindo o possível aumento de procura pela Justiça do Trabalho e a queda na arrecadação de impostos. A nova legislação entra em vigência no próximo dia 11. O tema foi discutido em artigos na 63ª edição do Boletim Mercado de Trabalho e em entrevistas durante o lançamento do estudo, ocorrido nesta terça-feira. Para o economista Sandro Sacchet, ao mesmo tempo em que procuraram conceder maior peso à negociação coletiva, os legisladores acabaram enfraquecendo os sindicatos.