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- Publicada em 26 de Outubro de 2017 às 22:27

Trajetória secular de uma dinastia

Detalhe da capa do livro

Detalhe da capa do livro


REPRODUÇÃO/JC
Tuiatã (Libretos, 560 páginas, R$ 58,00) é o nono livro e o terceiro romance da socióloga, advogada e professora pelotense Hilda Simões Lopes. O alentado romance histórico, verdadeiro tour de force da escritora, premiada com o Açorianos pelo romance A superfície das águas, é a trajetória secular de uma dinastia, a história verídica de uma família em terra ocupada a casco de cavalo, carabinas e madressilvas.
Tuiatã (Libretos, 560 páginas, R$ 58,00) é o nono livro e o terceiro romance da socióloga, advogada e professora pelotense Hilda Simões Lopes. O alentado romance histórico, verdadeiro tour de force da escritora, premiada com o Açorianos pelo romance A superfície das águas, é a trajetória secular de uma dinastia, a história verídica de uma família em terra ocupada a casco de cavalo, carabinas e madressilvas.
Tudo começou no encontro de um dragão oficial da corte com a cigana expulsa de Portugal. Ele, a serviço dEl Rei para pôr ordem nas terras brasileiras do Sul; e ela, filha de um povo perseguido em 1720, se apaixonam. Para viver o grande amor sofrido e genuíno, construir uma família e encontrar a paz, é preciso fugir. É o que fazem.
No cenário da história do Brasil e do Rio Grande do Sul, a narrativa envolvente traz guerras, revoluções, fugas, paixões, festas, homens corajosos e mulheres fortes. Hilda recebeu fotografias, cartas, diários e poesias de parentes, e foi o relicário e a narradora da secular e fantástica história. O bisavô de Hilda, seminarista, revolucionário, amante de bons livros e boa música, pai de 22 filhos de dois casamentos e de nove fora deles - se agigantou no trabalho de três anos e meio da autora. Ele foi pobre, depois riquíssimo charqueador, visconde que odiava a ostentação e o culto das aparências. Líder político, no fim sonhava com um cantinho ignorado, onde pudesse viver em paz e simplicidade.
Tabajara Ruas prefaciou: "na tradição rio-grandense dos grandes romances históricos Hilda Simões Lopes escreve o seu, e torna mais doce nossa dura fortaleza de palavras".
Na introdução, diz Hilda: "Este livro não me pertence, nem à minha família. Pertence a seus leitores. Todos vão encontrar aqui as tonalidades e as vibrações, os encontros e desencontros, as palavras e os silêncios de suas próprias famílias. Afinal, o barro é o mesmo. E os pássaros também são os mesmos. Talvez a diferença seja individual. Alguns olham o barro, outros buscam o Tuiatã".
Tuiatã, pássaro-símbolo da família de Hilda, com seu canto matinal e sua presença constante junto ao ninho, em defesa dos seus, era, segundo o avô, o pássaro diferente dos outros e, sobretudo, das pessoas. Não usava o seu melhor para se exibir, o seu melhor era para cantar o sublime e celebrar o belo.
Em meio a igrejinhas, Hilda construiu uma catedral, onde canta discretamente o Tuiatã, que lhe deu o melhor título possível.

lançamentos

  • Dueto - a dois é sempre melhor (Farol Editores, 108 páginas), dos jornalistas Indaiá Dillenburg e Flávio Dutra (autor de Crônicas da mesa ao lado), tem crônicas sobre amor, trabalho, Fanta Uva e berinjela, homens, mulheres, fitness e outras relevâncias cotidianas. Morganah Marcon prefaciou: "Indaiá escreve com o coração, descreve o cotidiano com leveza e humor". Dilan Camargo prefaciou: "Flávio transita com sutileza e elegância através da clássica herança da melhor prosa brasileira".
  • A Busca (Oikos Editora, 208 páginas), do professor Paulo Centeno Ribeiro, o professor Paulo, que muito cedo perdeu a visão, relata uma jornada na busca por diminuir a distância entre o céu e a terra, em comunhão harmônica com tudo e todos. Ser cego não o privou de ser bom pai, marido, professor e homem. O caminho vai do limitado ao ilimitado, do humano ao divino, do fragmentado dual à unidade. É o longo caminho a ser palmilhado e processado rumo à volta da casa do Pai.
  • Para amar Graciliano - Como descobrir e apreciar os aspectos mais inovadores de sua obra (Faro Editorial, 172 páginas), de Ivan Marques, professor de Literatura Brasileira da USP, mostra como ler melhor Graciliano Ramos, um de nossos maiores autores, apontando a profundidade psicológica dos bem construídos personagens e as técnicas de romance moderno, bem como o tratamento de temas como a angústia, a incomunicabilidade e a loucura.

Jubilados

É feia a palavra "aposentado". Parece dizer: vai para teus aposentos! Aposentado lembra INSS, reforma da Previdência, remédios e dificuldades que fazem milhões de aposentados continuarem a trabalhar como mouros até o fim. Palavras-sinônimos de aposentados são mais feias: reservista, reformado, membro inativo, inativo, inválido e por aí vai.
Há salvação para os aposentados, além de continuar a trabalhar até onde der e esperar por dias, homens públicos e aposentadorias melhores. A salvação é a palavra jubilado. Aplicável mais a professores e servidores, o termo, de origem latina, fica bem em espanhol e tem a ver com nossos queridos hermanos uruguayos, especialmente os jubilados em Punta Del Este. Jubilado em Punta é bom, mesmo no inverno e com orçamento apertado. Jubilado lembra honra, ócio com dignidade, festa, alegria.
Apesar de tudo, os aposentados mudaram, acho que para melhor. Lá por 1974, as pessoas viviam uns 50 e poucos anos no Brasil. Os aposentados, especialmente os homens, antigamente, na aposentadoria, colocavam pijamas listrados parecidos com os colchões de antigamente e os usavam 24 horas por dia. General de pijama era uma das simpáticas expressões de décadas atrás.
Aposentados liam o Correio do Povo em formato standard, se embalavam nas cadeiras de balanço, escreviam cartas para o Correio do Leitor do jornal, queixando-se do peso a menor do cacetinho da padaria e iam, quando possível, para as ruas e praças. Em casa, ficavam ouvindo rádio, assistindo à televisão ou lendo livrões, romanções de 500 páginas ou enciclopédias. Aposentados não ficavam muito tempo aposentados. Depois de alguns anos na "inatividade", iam para o andar de cima, especialmente os homens.
Hoje, os aposentados não devem ficar nos aposentos, especialmente os homens. Nada de ficar só assistindo à TV, lendo jornal, grudado no WhatsApp, coçando, bebendo ou reclamando. A média de idade dos brasileiros hoje é de 70 e poucos. Os jubilados precisam se ocupar para não se preocupar, e necessitam administrar bem as décadas entre a aposentadoria e a passagem para o além.
Mesmo os "bem aposentados", os que não são aposentados pelo INSS, que praticamente são obrigados a trabalhar para se manter, devem tentar envelhecer com saúde, produtividade e procurar manter o corpo e o espírito espertos. Não é fácil, mas pode ser até divertido. "Envelhecer com dignidade" e saúde é melhor e mais barato para todos.
A jubilação pode servir para o jubilado se "reinventar", fazer coisas que não tinha feito, realizar sonhos de infância ou juventude. Não deve ficar só contemplando, paradão, o entardecer da vida. O entardecer pode até ser dourado, mas fica melhor com bom relacionamento com a família, amigos, ex-colegas de trabalho e hábitos saudáveis. A vida só acaba depois do último minuto do jogo ou da prorrogação. Até lá, que haja esperança.

a propósito...

A mudança de média de idade no Brasil e no mundo pede providências, cuidados e mudanças culturais. Não precisamos só da reforma da Previdência. É preciso planejamento para lidar com uma população que envelheceu. O Brasil era jovem, hoje é um vovô. Tomara que o vovô siga ativo, bem-humorado, com saúde e cheio de vida. Tomara que os vovôs jubilados ainda tenham tempo de ver um País passado a limpo, com pessoas e poderes livres da corrupção, vícios administrativos e outros bichos que infernizam nossos dias. Tomara que os aposentados sejam jubilados, que depois da jubilação tenham muitas e outras vidas.