Começou o Natal

Antes de sua palestra no Tá na Mesa de ontem, o escritor Jorge Caldeira, autor do livro História da Riqueza no Brasil, surpreendeu a todos ao contar que foi a pé do aeroporto Salgado Filho até o seu hotel. Na avenida Farrapos, conversou com um catador de lixo e observou: "trata-se de um legítimo empreendedor - não recebe nada do Estado, tem seus próprios meios de produção (o carrinho) e sua renda vem do lucro auferido com a produção".

O modelo T da Ford, que serviu ao governador Borges de Medeiros, foi apresentado pelo governador José Ivo Sartori (PMDB) ao presidente da Fraport AG, Stefan Schulte (matéria nesta edição). Schulte ficou impressionado com o Ford Bigode (1908-1927). Tinha esse apelido por causa de duas alavancas ao lado da coluna de direção, o acelerador manual e o controle de faísca. O veículo está exposto no Palácio Piratini.

Ferramentas úteis da internet com o passar do tempo se tornaram um aborrecimento. O WhatsApp está atingindo e até ultrapassando esse estágio. A mania de mandar por e-mail vídeos mostrando bizarrices e outros que tais agora foi para o Whats. Estes vídeos pesam no celular e na maioria das vezes são bobagens absolutas, do profano ao religioso.

Quando alguém deposita seu dinheiro em um banco, a relação se dá na base da confiança. Se ele vai mal e acontece o pior, o cliente tem a seu favor uma série de mecanismos gerenciados pelo Banco Central (BC), como conduzir uma fusão ou venda para outra instituição, e até a estatização para evitar sua quebra. Existe ainda um valor mínimo que o BC garante aos correntistas.

No caso das moedas virtuais, não existe o banco. Elas estão no espaço, é quase um ectoplasma flutuando entre nuvens. Não há portanto algo sólido com algum responsável por trás. A moeda virtual existe e ao mesmo tempo não existe. Se alguma crise ou evento dramático acontecer, estes valores se desmancharão como no livro do americano Marshall Berman, que dá o título destas notas. Alguém vai micar e não será o topo da pirâmide.

Há uma empresa para cada grupo de oito habitantes no Rio Grande do Sul. No entanto, a proporção não reflete o empreendedorismo dos gaúchos. Mais de 11% da população atua como MEI (Microempreendedores Individuais). Ou seja, não são, de fato, empresas, mas trabalhadores que se pejotizaram para saírem da informalidade e obterem oportunidades no mercado de trabalho diante da crise e aumento do desemprego.

Do total de 1,36 milhão de empresas em atividade no Estado, mais da metade (879.812) são do tipo MEI. Somando MEIs com os microempreendedores, o número atinge 1,257 milhão. Ou seja, as Sociedades Simples, Ltdas e as SAs, correspondem a apenas cerca de 100 mil empresas em todo o Estado. Os dados são do Simulador de Prospecção de Empresas da Econodata.