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Concessão

- Publicada em 01 de Novembro de 2017 às 08:44

Petrobras e Shell foram as maiores compradoras nos dois leilões do pré-sal

Petrolíferas arremataram seis dos oito blocos ofertados pelo  governo

Petrolíferas arremataram seis dos oito blocos ofertados pelo governo


/TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL/JC
A Petrobras e a Shell, as duas maiores produtoras de petróleo do Brasil, foram também as mais ativas nos dois leilões de áreas do pré-sal realizados na semana passada pelo governo brasileiro. Sozinhas ou em parceria, cada uma levou três das oito áreas oferecidas nas 2ª e 3ª Rodadas de Partilha de Produção. Em uma delas, no bloco Entorno de Sapinhoá, na Bacia de Santos, se uniram para arrematar o bloco que teve o maior ágio do leilão, de 80%.
A Petrobras e a Shell, as duas maiores produtoras de petróleo do Brasil, foram também as mais ativas nos dois leilões de áreas do pré-sal realizados na semana passada pelo governo brasileiro. Sozinhas ou em parceria, cada uma levou três das oito áreas oferecidas nas 2ª e 3ª Rodadas de Partilha de Produção. Em uma delas, no bloco Entorno de Sapinhoá, na Bacia de Santos, se uniram para arrematar o bloco que teve o maior ágio do leilão, de 80%.
A alíquota mínima do óleo excedente destinado à União, proposto pelo governo, era de 10,34%. A Petrobras comprou ainda 40% do bloco de Peroba, na Bacia de Santos, e 50% do Alto de Cabo Frio Central, na bacia de Campos. A Shell ficou com 80% de Sul de Gato do Mato, área na Bacia de Santos adjacente a outra já adquirido pela petroleira norte-americana, além de 55% de Alto Cabo Frio Oeste, na mesma bacia.
Ao todo, os blocos arrematados pelas duas companhias garantiram R$ 3,15 bilhões em bônus para o governo, valor pago na proporção da participação adquirida por cada sócio. O presidente da Shell Brasil, André Araújo, festejou a oportunidade de se tornar operador no Brasil, o que não era possível antes das mudanças nas regras do regime de partilha.
No primeiro leilão do pré-sal, do campo de Libra, em 2013, apenas a Petrobras era admitida como operadora - empresa responsável por todas as decisões do desenvolvimento da produção -, o que afastou as grandes petroleiras da disputa e fez com que apenas um consórcio demonstrasse interesse (Petrobras, Total e chinesas). O bloco saiu pelo bônus mínimo de R$ 15 bilhões.
"Nossa atuação foi fruto do planejamento de meses. Levamos vários blocos e estou muito satisfeito", comemorou Araújo, destacando que, com a compra da parte de pré-sal de Gato do Mato, será possível "tirar do freezer" o projeto da empresa localizado no pós-sal da mesma área, com o mesmo nome, adquirido anteriormente pelo regime de concessão.
Apesar de ser a segunda colocada no ranking das maiores produtoras de petróleo feito mensalmente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção da Shell é de aproximadamente 300 mil barris diários - após a compra da BG, em setembro do ano passado -, enquanto a produção da Petrobras ultrapassa os 2 milhões de barris de petróleo diários.
Também satisfeito com o resultado obtido no leilão de ontem, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que, apesar da crise que a empresa atravessa, não haverá problemas para honrar o pagamento do bônus.
Ele afirmou que os recursos estão contemplados no investimento de US$ 17 bilhões para este ano - os investimentos nos blocos serão feitos ao longo dos próximos anos. "Estamos extremamente satisfeitos e a existência de parceiros tão interessados também atestam a qualidade dos ativos oferecidos", avaliou Parente.
"Esse é um processo em que você tem que ter duas informações fundamentais. A primeira é qual é o máximo que você está disposto a pagar. E essa discussão leva em conta o resultado A segunda informação relevante é o grau de competição nos leilões."

Petroleira estatal quer concluir modelo de venda de refinarias até o fim do ano

Celestino diz que empresa reduziu operação para se tonar rentável

Celestino diz que empresa reduziu operação para se tonar rentável


/FERNANDO FRAZÃO/ABR/JC
A Petrobras espera decidir ainda este ano o modelo de venda de participações em suas refinarias, o diretor de Refino e Gás da estatal, Jorge Celestino. O processo faz parte do plano de venda de ativos com o qual a companhia espera arrecadar US$ 21 bilhões até o final do ano que vem.
A venda de participações em refinarias é vista pelo mercado como uma das operações mais complicadas do plano de desinvestimentos da petroleira, já que o mercado tem dúvidas ainda sobre a manutenção da política de preços da empresa após as eleições.
No governo Fernando Henrique Cardoso, a Petrobras chegou a vender à Repsol uma fatia na Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, mas a compradora acabou amargando prejuízos com a política de subsídios aos preços da gasolina.
Celestino não adiantou qual seria o novo modelo, alegando que ainda precisa de aprovações de comitês internos, da diretoria e do conselho de administração da companhia. Inicialmente, a empresa previa a venda de fatias de mercado, atraindo parceiros, por exemplo, para uma região específica.
No momento, a estatal negocia também com a chinesa CNPC uma fatia na refinaria do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). A parceira entraria com os recursos necessários para concluir as obras e ficaria com uma fatia do projeto. Celestino evitou dar prazo para a conclusão das negociações.
As refinarias da Petrobras operam atualmente com 77% de sua capacidade, diante da perda de mercado para a importações de combustíveis por terceiros. Celestino afirmou que a empresa prefere hoje operar com menos capacidade, mas de forma rentável.
Com previsões de crescimento das vendas, porém, o Brasil deve ter grande déficit no suprimento de combustíveis em 2030, afirmou o presidente do Sindicom (Sindicato das Empresas de Combustíveis e Lubrificantes), Leonardo Gadotti.
Ele apresentou estudo em que mostra que, se a economia crescer uma média de 2,5% ao ano, o consumo de derivados crescerá 3,3% ao ano no período. Nesse cenário, o déficit de derivados de petróleo chegaria a 90 mil barris por dia em 2030.
Sem a construção de novas refinarias, afirmou Gadotti, estes produtos terão que ser importados, gerando a necessidade de investimentos em infraestrutura da ordem de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões até 2030.

Produção e custo dos poços já competem com Oriente Médio

Parente afirma que as oportunidades no Brasil se igualam as da Opep

Parente afirma que as oportunidades no Brasil se igualam as da Opep


/Tânia Rêgo/ABR/JC
Numa curta trajetória de 11 anos, o pré-sal brasileiro superou limitações tecnológicas e hoje é tão competitivo comercialmente quanto o Oriente Médio. Os investimentos em pesquisa afastaram as dúvidas sobre a viabilidade de retirar volumes extraordinários de petróleo debaixo da camada de sal, armazenados a até 7 quilômetros de profundidade. A visão hoje é de que, além de viável, esse é um dos melhores negócios do mundo. O presidente da Shell Brasil, André Araújo, chegou a dizer que "o pré-sal é onde todo mundo quer estar". Hoje, as áreas de pré-sal já são viáveis economicamente com o preço do barril de petróleo variando entre US$ 30 a US$ 40. No Oriente Médio, a faixa de equilíbrio vai de US$ 20 a US$ 40.
Um único poço de pré-sal é capaz de produzir até 40 mil barris por dia, volume equivalente ao de campos inteiros de pós-sal, que contam com diversos poços. Assim, a região atingiu uma marca de produtividade 30% superior à projetada na sua descoberta, em 2006, destaca Helder Queiroz, professor de Economia da Energia da UFRJ e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Hoje, 1,5 milhão de barris são retirados do pré-sal diariamente, mais da metade da produção nacional. É de olho nesse nível de produtividade que 14 das grandes petroleiras do mundo participaram, na sexta-feira passada, do leilão de oito áreas do pré-sal entre Espírito Santo e Santa Catarina. A licitação foi dividida em duas - na segunda rodada foram vendidas áreas onde é certa a existência de petróleo, por serem continuações de reservatórios já definidos.
Na terceira rodada foram oferecidas áreas que prometem, mas sobre as quais pouco se conhece. A primeira rodada de licitações de pré-sal aconteceu em 2016, quando a Petrobras, ao lado de cinco sócias - Shell, Total, CNPC e CNOOC - adquiriram Libra, na Bacia de Santos. Quando o pré-sal foi descoberto, há pouco mais de uma década, o cenário de preço do petróleo era o melhor já experimentado pela indústria e os custos para ultrapassar a camada de sal não assustavam tanto.
A partir de 2014, quando o petróleo despencou, a viabilidade do pré-sal passou a ser questionada. Foi preciso investir em tecnologias e ampliar a eficiência dos projetos. Assim, em pouco mais de uma década os poços de pré-sal ficaram mais produtivos - apesar dos desvios bilionários revelados pela Operação Lava Jato. O custo médio de extração de petróleo caiu de US$ 9,1 por barril de óleo equivalente (boe), em 2014, para menos de US$ 7/boe ao fim do primeiro semestre.
"É caro (produzir no pré-sal), mas tem a vantagem da produtividade. Como é produzido muito mais em cada poço, o projeto tem um equilíbrio", afirma o secretário executivo de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que representa as grandes petroleiras. Para o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, a região é "extraordinária" em razão do grande volume de reserva e da alta produtividade.
No início do mês, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, foi a Nova Iorque dizer a investidores que as oportunidades no Brasil são tão boas quanto nos principais países produtores - Estados Unidos, China, Rússia ou nos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Parente afirma que a estatal consegue ganhar dinheiro com o pré-sal mesmo com o preço do petróleo baixo, na casa dos US$ 30, como estava no pior momento da crise, em 2014. Hoje, está na casa dos US$ 50.

Governo arrecada R$ 6,15 bilhões com arremate de áreas

Oddone vê impacto brutal na arrecadação com óleo entregue à União

Oddone vê impacto brutal na arrecadação com óleo entregue à União


/TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL/JC
Com a venda de 6 das 8 áreas ofertadas, o governo federal arrecadou R$ 6,15 bilhões com as duas rodadas de licitação do pré-sal realizadas na sexta- feira da semana passada. O valor representa 79% da receita total esperada inicialmente. Governo e Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) classificaram o resultado como "estrondoso sucesso", alegando que os ganhos para o País com a exploração das áreas será maior do que o estimado.
Isso porque houve grande competição por alguns dos blocos - nesses leilões, venceram os consórcios que se comprometeram a entregar o maior volume do petróleo produzido para a União, depois de descontados os gastos necessários para a operação dos projetos.
Na segunda rodada de licitações, o percentual mínimo médio ficou em 52,8% e na terceira, aumentou para 58,5%. São valores maiores do que os 41,65% do primeiro leilão do pré-sal, realizado em 2013, quando foi vendida a área de Libra.
"O bônus é importante sim, mas o ganho que virá com o petróleo no futuro é muito mais", afirmou o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. "O aumento dos percentuais mínimos terá impacto brutal na arrecadação futura", reforçou o diretor-geral da ANP, Décio Oddone. O dinheiro dos bônus será depositado em dezembro, ajudando o governo a reduzir o deficit fiscal de 2017.
O maior ágio foi pago por um consórcio liderado pela Petrobras para a área Entorno de Sapinhoá: 873,89%. Ao lado de Shell e Repsol Sinopec, a estatal se dispôs a entregar 80% do óleo excedente para o governo. O segundo maior ágio, de 454,07%, também foi dado por consórcio liderado pela Petrobras, com a chinesa CNPC e a britânica BP, para a área de Peroba, a mais disputada do leilão.
As empresas já detém a concessão de Sapinhoá, hoje o segundo maior campo de petróleo do País, e apostaram alto para não perderem a parte da jazida que foi oferecida neste leilão. Nas duas áreas com ágio recorde, a Petrobras havia exercido o direito de preferência previsto em lei e, mesmo se perdesse as disputas, poderia optar por ter 30% do consórcio vencedor.
"Não podíamos nos dar ao luxo de perder as áreas", afirmou o presidente da estatal, Pedro Parente, em entrevista após o leilão. "Como vimos grandes empresas participando, fomos ao limite do que considerávamos rentável". Segundo ele, a empresa precisa assegurar novas reservas para manter, no futuro, sua relação entre reservas e produção.
Parente disse ainda que os recursos gastos com os bônus e os investimentos previstos nas áreas não terão impacto relevante sobre o plano de negócios das companhias. A empresa que teve a maior participação foi a Shell, que disputou as seis das oito áreas que tiveram ofertas, a maior parte delas, porém, com percentuais de óleo baixos.
Levou três, uma em parceria com a Petrobras, uma com a Total e outra com as chinesas CNOOC e a Qatar Petroleum. A Shell é hoje a maior petroleira privada com operações no País. "É lógico que queríamos ter levado todas, mas estamos felizes com o que ganhamos", comemorou o presidente da companhia no Brasil, André Araújo.
Pela primeira vez, a companhia vai operar área do pré-sal no Brasil, destacou Araújo, o que era um dos objetivos para este leilão. Com a Total, a Shell levou a área de Sul de Gato do Mato, parte de uma descoberta que as empresas já detém na Bacia de Campos e que estava com investimentos congelados à espera do leilão. "Agora, vamos retirar o projeto do freezer", comentou o executivo.
O leilão foi marcado por incertezas sobre sua realização. Logo pela manhã, o juiz Ricardo Sales, da 3ª Vara Cível da Justiça Federal de Manaus, concedeu uma liminar suspendendo o certame. Ele argumentou que os valores cobrados pelas áreas que estavam sendo oferecidas eram baixos e que a lei que pôs fim à exclusividade da Petrobras no pré-sal apresenta "vício constitucional". A suspensão foi obtida em ação conjunta entre o PT, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e sindicatos, que entraram com pedidos em diversos Estados.
A Advocacia Geral da União (AGU) recorreu e obteve vitória no TRF1, que autorizou a realização dos leilões, conforme o planejamento do governo federal.