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Infraestrutura

- Publicada em 25 de Outubro de 2017 às 22:43

Falta de recursos ameaça cronograma de obras do Dnit

Estrada entre Cuiabá (MT) e Santarém (PA), que é fundamental para o escoamento da safra agrícola da região Centro-Oeste, se transforma em armadilha para os caminhoneiros

Estrada entre Cuiabá (MT) e Santarém (PA), que é fundamental para o escoamento da safra agrícola da região Centro-Oeste, se transforma em armadilha para os caminhoneiros


LALO DE ALMEIDA/LALO DE ALMEIDA/FOLHAPRESS/JC
Dono de um dos maiores orçamentos federais, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tem quebrado a cabeça para tentar garantir a manutenção dos 55 mil quilômetros de estradas que administra em todo o País. Com o menor orçamento já registrado na última década, o jeito tem sido priorizar as manutenções emergenciais.
Dono de um dos maiores orçamentos federais, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tem quebrado a cabeça para tentar garantir a manutenção dos 55 mil quilômetros de estradas que administra em todo o País. Com o menor orçamento já registrado na última década, o jeito tem sido priorizar as manutenções emergenciais.
Nos primeiros nove meses do ano, entre janeiro e setembro, o Dnit desembolsou R$ 6 bilhões, sendo que 45% desse dinheiro foi usado para pagar contas de anos anteriores. No mesmo período do ano passado, quando a situação já era de dificuldades, a execução financeira chegou a R$ 7,8 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. Em 2014, chegou a atingir R$ 9,7 bilhões nos três trimestres daquele ano.
As dúvidas sobre a musculatura financeira do Dnit são tão grandes que, no Projeto de Lei do Orçamento Anual para 2018 que o governo encaminhou ao Congresso Nacional, tratou de excluir qualquer orçamento para o Dnit voltado para investimentos, limitando-se a informar apenas valores para custeio do órgão federal. "Não há um centavo previsto para investimento no Orçamento de 2018 para o Dnit. É uma proposta tão esdrúxula, que deveria ter sido devolvida", comenta Gil Castello Branco, secretário-geral da organização Contas Abertas.
Internamente, o governo federal avalia encaminhar uma proposta de R$ 11,171 bilhões para o orçamento do Dnit em 2018. O Ministério dos Transportes, no entanto, pressiona para que esse valor aumente para R$ 14 bilhões.
A questão no governo é saber de onde sairá esse dinheiro reivindicado pelo Dnit. Atualmente, a falta de recursos ameaça, inclusive, o cronograma de obras que estão no topo das prioridades do governo, como a pavimentação da BR-163, principal rota rodoviária de escoamento do agronegócio, entre o Mato Grosso e o Pará. Todos os anos, a rodovia, também conhecida como Cuiabá-Santarém, vira notícia nacional, com seus imensos atoleiros no trecho paraense, caminhões tombados e filas intermináveis no escoamento da safra.
Em agosto, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella,l prometeu que, até a próxima safra, a rodovia estará pavimentada no trecho que segue até o município de Itaituba (PA), onde está instalado o porto de Miritituba e suas tradings de grãos. Um termo de referência para liberação de R$ 128,5 milhões foi assinado para que a obra seja tocada. Os recursos destinados ao trecho neste ano, porém, lançam dúvidas sobre a conclusão das obras, que aguardam sua conclusão há mais de 30 anos.
Entre janeiro e setembro deste ano, foram liberados R$ 162,6 milhões para a BR-163, nos trechos entre o Mato Grosso e o Pará, segundo as informações compiladas pela organização Contas Abertas, a partir de dados disponibilizados pelo governo federal. No mesmo período do ano passado, esse mesmo entroncamento recebeu R$ 277 milhões. Procurado pela reportagem, o Dnit informou que aguarda a divulgação de novo orçamento para se pronunciar.
 

'A luta orçamentária vai ser mais acirrada do que nunca'

Quintella defende um orçamento minimamente suficiente para manter as estruturas

Quintella defende um orçamento minimamente suficiente para manter as estruturas


/WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL/JC
A regra do teto para o crescimento dos gastos públicos, que impede que os gastos subam acima da inflação, vai acirrar a disputa no Orçamento de 2018 por recursos na construção, garantiu o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella.
Como o senhor lida com essa situação?
Maurício Quintella - Com muita preocupação. É fato que o Brasil viveu sua maior recessão da história, e isso teve impacto no investimento público em todas as áreas. Não foi diferente na infraestrutura. O Brasil é um país que investe menos de 2% do PIB em infraestrutura. É um nível baixíssimo, se comparado a países vizinhos. Temos um teto para o crescimento dos gastos. O Orçamento passou a ser uma peça mais realista. A luta orçamentária vai ser mais acirrada do que nunca.
E como seu ministério vai entrar nessa briga?
Quintella - Vamos trabalhar no Congresso para que o Orçamento de 2018 seja minimamente suficiente para fazer a manutenção da malha, finalizar as obras com alto grau de execução, manter os corredores de exportação e de integração nacional em perfeitas condições de trafegabilidade. Mas a realidade é difícil. Temos para este ano R$ 11,8 bilhões, e a proposta é R$ 11,2 bilhões no ano que vem.
O senhor tem reunião com o ministro Henrique Meirelles. O que vai discutir?
Quintella - Vou pedir mais R$ 2,5 bilhões para este ano. E estamos pedindo adicional de R$ 2,6 bilhões para ver se chegamos a R$ 14 bilhões no ano que vem. É o mínimo para manutenção da malha e para tocar obras que nos comprometemos com bancadas, com estados.
É dessa liberação que depende tocar as obras do Rodoanel Norte? O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve, há poucos dias, com o presidente Michel Temer cobrando os recursos.
Quintella - Para o Rodoanel, liberamos apenas R$ 87 milhões neste ano, de uma previsão de R$ 300 milhões.