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- Publicada em 19 de Outubro de 2017 às 08:47

Montadoras preveem volta do crescimento e farão investimento de R$ 15 bilhões no Brasil

Volkswagen lidera as exportações e busca ampliar as vendas com a abertura de novos mercado emergentes

Volkswagen lidera as exportações e busca ampliar as vendas com a abertura de novos mercado emergentes


/VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO/JC
A alemã Mercedes-Benz anunciou, na semana passada, que fará um investimento de R$ 2,4 bilhões em suas fábricas de caminhões e ônibus no Brasil. Não foi um movimento isolado. Desde março, oito montadoras, incluindo a Mercedes-Benz, comunicaram que vão colocar no País um total de quase R$ 15 bilhões até 2022.
A alemã Mercedes-Benz anunciou, na semana passada, que fará um investimento de R$ 2,4 bilhões em suas fábricas de caminhões e ônibus no Brasil. Não foi um movimento isolado. Desde março, oito montadoras, incluindo a Mercedes-Benz, comunicaram que vão colocar no País um total de quase R$ 15 bilhões até 2022.
Os investimentos representam uma reversão nos ânimos de um setor que sofreu um duro baque na crise. Entre 2013 e 2016, houve queda 42% na produção de automóveis, comerciais leves e caminhões; e mais de 35 mil postos de trabalho foram fechados.
O setor automotivo brasileiro saiu de um patamar de 3,7 milhões de unidades produzidas em 2013 para 2,2 milhões em 2016. As perspectivas mais positivas são de uma recuperação tênue em 2017, com a produção indo a 2,7 milhões de unidades, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
A previsão da Mercedes é fazer os investimentos entre 2018 a 2022 para modernizar as fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG), e desenvolver novos produtos e tecnologias. A última vez em que a empresa anunciou investimento semelhante foi em 2010, quando destinou cerca de R$ 2,5 bilhões para um período de cinco anos.
Philipp Schiemer, presidente da Mercedes no Brasil e na América Latina, apesar de ver algumas fragilidades na recuperação, projeta um cenário positivo, com as vendas puxadas pelo agronegócio e pela mineração no segmento de caminhões.
"O governo adotou uma política econômica mais correta. Temos hoje uma inflação baixa, para padrões brasileiros, e juros menores. Esta tentativa de controlar a situação fiscal tem tido credibilidade no mercado. Se isso continuar, temos boas chances", comenta Schiemer.
Pablo Di Si, novo presidente da Volkswagen no Brasil, reforça a projeção. "A economia vai seguir crescendo, e se observa um descolamento da política e da situação econômica no País", disse ao prever, na semana passada, que as vendas da Volkswagen no Brasil vão crescer 40% nos próximos quatro anos.
Rogelio Golfarb, vice-presidente da Anfavea, compartilha do mesmo otimismo. "O período de contração acabou, e entramos em tempos de recuperação", afirma. Mas recomenda calma: "ainda é necessário cautela quanto à magnitude deste crescimento".
A cautela se explica pelo tamanho da queda, que foi ainda mais dramática no mercado interno, onde as vendas saíram de um apogeu de 3,8 milhões de unidades em 2012 para apenas 2 milhões em 2016, com uma redução de 46% em quatro anos. A previsão para 2017 é de 2,2 milhões de unidades vendidas no País.
O socorro veio das exportrações que, depois de atingir um pico de 724 mil unidades exportadas em 2005, desceu 334 mil unidades em 2014, mas reagiu quando o câmbio ficou favorável. O esforço para a exportação tem se mostrado frutífero. O setor espera fechar o ano com 745 mil unidades vendidas para o exterior. Se isso acontecer, será o melhor ano na história das exportações desta indústria no Brasil.
No caso da Volks, que é líder em exportações, o aumento da demanda argentina também deverá garantir a alta das vendas externas, que foi de 62% neste ano até setembro, segundo o presidente Di Si. "Precisamos melhorar a competitividade para exportar também a novos mercados emergentes, como Turquia, Egito, Chile", diz Di Si.
Os investimentos previstos no Brasil não focam uma atividade específica. A Scania anunciou R$ 2,6 bilhões em desenvolvimento de produtos e modernização da fábrica, enquanto a Toyota direcionou R$ 1 bilhão para um novo modelo na linha de passeio. GM, Volvo, Volks, Renault e MAN também soltaram planos de investimentos.
A tônica geral dos desembolsos está na modernização das linhas de produção, o que costuma enxugar empregos ou, no mínimo, não levar a novas contratações. Na Mercedes, a tecnologia que a rodada atual de investimento vai proporcionar não deve desencadear demissões, segundo Schiemer.
"Estamos ajustados no volume de funcionários. As eficiências que vamos trazer agora vão ser compensadas pela retomada do mercado. Não prevemos demissões", diz o presidente da empresa no Brasil. De acordo com Schiemer, serão feitas contratações, se houver necessidade.
O nível de empregos no setor caiu de 156,9 mil, em 2013, para 121,2 mil em 2016. Os resultados recentes da Anfavea apontam uma retomada, com 126,3 mil vagas em setembro. A Volkswagen Caminhões e Ônibus cazncelou, na semana passada, as férias coletivas dos funcionários da sua fábrica em Resende, no Rio de Janeiro, pela primeira vez em seis anos.
De acordo com o presidente da companhia para a América Latina, Roberto Cortes, a decisão foi motivada pelos sinais de retomada na demanda por veículos pesados e pelo lançamento da família de modelos leves urbanos. "A bolsa se valorizou 77% nos últimos seis meses, o risco Brasil caiu, o real está estável, e as taxas de juros à metade do que eram", citou para justificar a confiança na retomada do mercado.

Montadoras reduzem licença forçada e começam a contratar funcionários

Indústria acelera o retorno dos colaboradores que estavam ociosos

Indústria acelera o retorno dos colaboradores que estavam ociosos


/cESAR MORAES/DIVULGAÇÃO/JC
A indústria automobilística, um dos setores que já começaram a recuperar empregos, tinha, no final de 2015, cerca de 46 mil funcionários com restrição de atividades (contratos suspensos, férias coletivas e jornada reduzida). Hoje, estão nessa situação 5.831 trabalhadores, número que é reduzido mês a mês.
De janeiro a agosto, a produção do setor cresceu 27% em relação a igual período de 2016, e soma 1,986 milhão de veículos. Nas fábricas de tratores, a alta foi de 20,3%, para 43,9 mil unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Além de levar de volta para as fábricas a maioria do pessoal que estava em licença forçada e de retomar a jornada de cinco dias por semana, as montadoras contrataram 1,65 mil trabalhadores nos últimos 12 meses e têm hoje 126,3 mil funcionários.
Nos últimos meses, as fabricantes General Motors, MAN Latin America, Nissan e Scania anunciaram contratações, mas parte das novas vagas ainda não aparece nas estatísticas, pois, do anúncio até a efetivação de pessoal, leva algum tempo.
O setor, contudo, está longe do quadro recorde do final de 2013, de 157 mil funcionários, número que, na visão de especialistas, não deverá se repetir em razão das reestruturações feitas nas fábricas ao longo do período da crise. Houve encolhimento de linhas produtivas e aquisição de equipamentos, entre os quais robôs. Além disso, apesar da alta na produção, as fábricas ainda operam com elevada ociosidade.
O setor de autopeças também começou a reagir, após 22 meses seguidos de taxas negativas no saldo de empregados. Em maio, o dado passou a ser positivo em 0,59%, passando a 0,29% em junho e 1,68% em julho, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), que não divulga números parciais. De 2013 a 2016, o setor eliminou 57,8 mil postos de trabalho.

Após a reestruturação, Mercedes-Benz vai investir na chamada indústria 4.0

Schiemer trabalha com crescimento de 20% para os caminhões em 2018

Schiemer trabalha com crescimento de 20% para os caminhões em 2018


/FABIO BRAGA/FOLHAPRESS/JC
Após passar por um processo de enxugamento com a redução de cerca de 5 mil empregos nas operações brasileiras em quatro anos, a Mercedes-Benz vai modernizar suas duas fábricas de caminhões e ônibus, especialmente a da região do ABC, inaugurada há 60 anos. Na semana passada, a empresa anunciou investimentos de R$ 2,4 bilhões entre 2018 e 2022, a serem aplicados em processos de automação, digitalização e lançamento de novos produtos.
"Vamos introduzir equipamentos e conceitos da chamada indústria 4.0", diz o presidente da Mercedes-Benz, o alemão Philipp Schiemer. Segundo ele, as unidades brasileiras precisam ser competitivas em nível mundial. A fábrica de Juiz de Fora (MG) também receberá fatia do aporte, mas, segundo o executivo, por ser mais nova e ter passado recentemente por modificações, já é considerada uma das mais modernas do grupo.
O executivo também aposta na melhora do mercado de caminhões, que, nos últimos anos, caiu 70% nas vendas, de 149 mil unidades, em 2013, para as 45 mil previstas para este ano, em razão da crise econômica e política. "Prevemos crescimento do mercado de 20% para caminhões em 2018 e de 12% a 15% para ônibus", afirma Schiemer. Ele ressalta que ainda será um volume historicamente baixo, mas acredita nas medidas econômicas que estão sendo adotadas e na aprovação das reformas para que ocorra crescimento sustentável nos próximos anos.
"Estamos indo no caminho certo, há um entendimento que não havia há três anos", afirma, referindo-se aos rumos do governo de Michel Temer. O novo investimento se soma aos R$ 730 milhões anunciados para 2015 a 2018, e que estão na fase final. Schiemer não deu muitos detalhes das mudanças na fábrica de São Bernardo do Campo, onde são feitos caminhões, ônibus, motores e transmissões. A produção de cabines foi concentrada na filial mineira.
A fábrica do ABC emprega 7,7 mil trabalhadores e a de Juiz de Fora, 700. "Em um primeiro momento, não vamos precisar de mais mão de obra, pois estamos com o quadro ajustado", afirma o executivo. Nos últimos meses, a empresa operou com 70% de ociosidade, e os funcionários trabalharam com jornada reduzida. Vários deles tiveram os contratos suspensos por até cinco meses, medida encerrada no mês passado. Desde 2013, a montadora recorreu a programas de demissão voluntária, cortes e não repôs as vagas dos que se aposentaram. Atualmente, a fábrica está operando em apenas um turno e produz 160 veículos por dia, a metade de sua capacidade instalada.

Presidente da General Motors diz que voltará a anunciar investimentos no País

Planos de Zarlenga incluem recursos para a unidade da GM em Gravataí

Planos de Zarlenga incluem recursos para a unidade da GM em Gravataí


MARCELO G. RIBEIRO/MARCELO G. RIBEIRO/JC
O presidente da General Motors (GM) no Mercosul, Carlos Zarlenga, garantiu, na semana passada, que a montadora voltará a anunciar investimentos no Brasil, após revelar, há pouco mais de um mês, que ainda tem R$ 4,5 bilhões para investir no País até 2020. "Vai ter ainda mais anúncio de investimento. Pode ter um proximamente", afirmou o executivo, ao participar de congresso organizado na zona Sul da capital paulista pela Autodata, agência de notícias especializada na indústria automobilística.
Zarlenga fez o comentário após tratar do plano, detalhado no final de agosto pela multinacional norte-americana, que prevê investimentos de R$ 4,5 bilhões nas fábricas de carros de São Caetano do Sul (SP) e de Gravataí (RS), bem como na unidade que produz motores, em Joinville (SC).
Os recursos, a serem direcionados para a produção de novos modelos e de novos motores, além da modernização das fábricas, fazem parte de um programa de R$ 13 bilhões iniciado em 2014. Zarlenga, após participar do congresso, não antecipou detalhes dos próximos investimentos da montadora, mas confirmou que o complexo industrial em São José dos Campos (SP), onde a empresa tem um histórico conflituoso com o sindicato dos metalúrgicos da região, segue fora dos planos do grupo.

Novo presidente da Volks acredita em crescimento de 10% ao ano até 2022

A Volkswagen projeta um crescimento de 40% no Brasil nos próximos quatro anos, afirma Pablo Di Si, novo presidente da montadora, anunciado na semana passada. "A economia vai seguir crescendo. Observamos um descolamento da política e da situação econômica no País," afirmou tão logo tomou posse no novo cargo.
O aumento da demanda argentina também deverá garantir a alta das exportações, que, no caso da montadora, foi de 62% no acumulado deste ano até setembro, diz o executivo - que vem justamente da sede argentina da companhia.
"Precisamos melhorar a competitividade para exportar também a novos mercados emergentes, como Turquia, Egito, Chile." A empresa prevê 20 lançamentos até 2020 no Brasil. O primeiro deles, o novo Polo, já foi colocado no mercado; e o segundo, o sedã Virtus, será lançado em janeiro de 2018.
Outros produtos serão anunciados no próximo ano, afirma ele, que não deu mais detalhes. Grande parte do investimento de R$ 7 bilhões previsto até 2020 será destinada à melhoria de produção e aos fornecedores, segundo Di Si.
"A cadeia também passou por uma retração. Um dos maiores perigos é de que o fornecimento não acompanhe a retomada." Em relação ao fim do Inovar-Auto e diante de uma possibilidade de aumento das importações de componentes, Di Si afirma que é preciso que os fornecedores locais tenham mais competitividade.
"O Rota 2030 também ajudará a desenvolver o restante da indústria", acredita. A nova gestão da montadora também planeja modernizar a distribuição. Atualmente, existem 530 concessionárias da Volkswagen espalhadas pelo País. "É preciso ter uma forma menos burocrática e mais rápida de se relacionar com os clientes. O objetivo é aumentar as vendas para sonhar em assumir a liderança."
A empresa atualmente é a líder em exportações, mas está na terceira posição em vendas no mercado nacional, com 12% de participação. A General Motors lidera, com 18,2%, seguida pela Fiat, com 13% do mercado brasileiro. Outro plano em estudo pela montadora é iniciar a importação de veículos elétricos para o Brasil em 2018.
"Antes, porém, é preciso ter certeza que haverá estações de carregamento elétrico, e em quais estados. É preciso ter um ecossistema. Depois disso, é preciso capacitar a rede de concessionárias," alerta o novo presidente da Volkswagen no Paí.
Dentro do mesmo espírito, a Volkswagen Caminhões e Ônibus decidiu cancelar as férias coletivas de funcionários da sua fábrica em Resende, no Rio de Janeiro. Foi a primeira vez em seis anos que a montadora adotou esta decisão. A motivação seguiu os sinais de retomada da economia brasileira, o aumento na demanda por veículos pesados e o lançamento da nova família de modelos leves, afirmou o presidente da companhia para a América Latina, Roberto Cortes. "De outubro a dezembro, estamos esperando um aumento de 25% nas vendas", afirmou o executivo.