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sistema financeiro

- Publicada em 15 de Outubro de 2017 às 21:54

Aplicação automática pode ajudar a poupar

Mesmo um pequeno ganho obtido teria potencial para contribuir na criação do hábito de guardar dinheiro

Mesmo um pequeno ganho obtido teria potencial para contribuir na criação do hábito de guardar dinheiro


/GABRIELA DI BELLA/RAFAEL NEDDERMEYER/FOTOS PÚBLICAS/DIVULGAÇÃO/JC
Ver o dinheiro render sem precisar escolher a aplicação financeira, abrir conta em corretora sem se preocupar com taxas e custos é uma proposta tentadora para a maioria dos investidores. Esse é o apelo das aplicações automáticas feitas com recursos deixados em contas-correntes em grandes bancos do País.
Ver o dinheiro render sem precisar escolher a aplicação financeira, abrir conta em corretora sem se preocupar com taxas e custos é uma proposta tentadora para a maioria dos investidores. Esse é o apelo das aplicações automáticas feitas com recursos deixados em contas-correntes em grandes bancos do País.
A rentabilidade deixa a desejar, mas até mesmo o pequeno ganho obtido com as aplicações automáticas pode ser o suficiente para despertar no cliente o hábito de guardar dinheiro. Essa aplicação normalmente está incluída no contrato de prestação de serviços bancários. Ou seja, o cliente precisa autorizar a transação.
Depois disso não tem mistério. Todo dinheiro que o cliente deixar na conta-corrente será aplicado em um produto com liquidez diária.
As alternativas mais comuns são a poupança, com aniversários diferentes, dependendo do fluxo de entrada e saída do dinheiro; os fundos de investimento; e os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários). Alguns fatores, entretanto, acabam afetando a compreensão sobre o que é o produto. A começar pela contratação, que não é suficientemente clara, afirma César Caselani, professor da escola de administração da FGV (Fundação Getulio Vargas). "Acaba ficando naquelas letrinhas miúdas", ressalta.
A facilidade tem seu preço. E ele se traduz em rentabilidade bem abaixo da oferecida por outros produtos na renda fixa. "Se for um CDB, o percentual do CDI é menor que o oferecido pelo mesmo banco a investidores. Nos fundos de investimento, a taxa de administração é maior, o que diminui o valor final. Vai render bem pouco", diz Michael Viriato, professor do laboratório de finanças do Insper. Para ele, a aplicação automática pode deixar o cliente acomodado. "Por outro lado, é melhor do que nada."
Mas esse gostinho de rentabilidade pode despertar no investidor a vontade de conseguir ganhos maiores, avalia Karoline Roma, planejadora da associação Planejar. "Encarar a aplicação automática como investimento é errado. É um péssimo negócio para quem quer guardar dinheiro. Mas ela gera vontade de ir atrás de mais informação financeira", afirma.
Para Viriato, o cliente não pode se conformar com o ganho oferecido pela aplicação. "Para quem quer investir, há opções como Tesouro Direto ou CDB de banco menor, que rende mais. Ele tem que começar a pesquisar", diz.

Bancos cortam terminais próprios e ampliam rede 24h

Na busca por mais eficiência, bancos decidiram reduzir o número de terminais de autoatendimento próprios e passaram a adotar, cada vez mais, caixas eletrônicos compartilhados com concorrentes sob o guarda-chuva do Banco24Horas, da Tecban. Para o cliente, isso pode se traduzir em oferta de serviços limitada e problemas.
A tendência não é recente. O acordo entre as maiores instituições do País para ampliar o compartilhamento de caixas sob a rede 24Horas é de julho de 2014. Desde então, o número de terminais da rede aumentou 25,7%, passando de 16,7 mil para mais de 21 mil.
Na outra ponta, os caixas próprios vêm minguando ano após ano - com exceção do Bradesco, que incorporou, em 2015, o HSBC e toda a estrutura do banco, ampliando seus terminais. Antes da aquisição, o banco vinha reduzindo os terminais.
Se para os bancos as mudanças fazem sentido, ao reduzir os custos operacionais e de manutenção com uma rede própria, para muitos clientes o terminal 24 horas deixa a desejar. É o caso da empresária Flávia Quirino Anastácio, 30. Grávida de sete meses, ela tentou sacar R$ 1.500 no terminal compartilhado. Após receber a mensagem "limite excedido", pensou em fracionar a retirada. Conseguiu pegar R$ 1.000, mas não os R$ 500 adicionais.
Ao checar o extrato mais tarde, viu que o banco considerou que ela havia sacado R$ 1.500. "Liguei primeiro no meu banco, que pediu que eu entrasse em contato com a Tecban. A empresa diz que não há irregularidade. Procurei várias vezes, mas é sempre a mesma resposta", afirma a empresária, que ainda busca resolver o problema.
Outros usuários dos caixas compartilhados também reclamam de falta de cédulas e de manutenção. Nos terminais 24 horas, só há notas de R$ 20,00 e de R$ 50,00. O número de operações disponíveis nesses terminais também é menor do que nos caixas dos bancos.
Um exemplo é a contratação de empréstimo, que não pode ser feita no Banco24Horas. Depósitos e emissão de cheques tampouco estão disponíveis nesses terminais.
Se o cliente precisar fazer alguma operação não disponibilizada no terminal 24 horas, o banco deve oferecer esse serviço de alguma forma, afirma Livia Coelho, advogada da Proteste, associação de defesa do consumidor.
Procurada, a Tecban diz que são "ocorrências pontuais, que são sempre tratadas, caso a caso, com o cliente". "A empresa busca o aprimoramento contínuo dos serviços e da eficiência operacional, a fim de garantir uma excelente experiência do consumidor", afirmou.
A Febraban, entidade que reúne os bancos, diz, em nota, que "a redução do número de ATMs (caixas) não representa queda do nível de serviço oferecido" e que o principal canal usado para transações é o mobile banking (34% do total em 2016). Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander responderam que a rede 24 horas amplia a cobertura e que, se somada à rede própria, o total é maior ou igual ao período pré-2014.

Conta-corrente também é vantajosa para instituições

Se o cliente pode ter um dinheirinho a mais sem fazer esforço, o banco também sai ganhando com a história, afirma Karoline Roma, planejadora financeira da associação Planejar. Isso porque dinheiro parado na conta acaba virando um problema para a instituição, que deixa de ganhar em cima desse valor.
"O banco obedece a leis do Banco Central de compulsório (parte do dinheiro captado em depósito à vista, a prazo ou na poupança e que não é remunerado). Na conta-corrente, o percentual do compulsório é maior", afirma a planejadora.
Pelas normas do Banco Central, o percentual de compulsório no caso da conta-corrente é de 45%. Já no depósito a prazo, como nos CDBs, a parcela cai para 36%. "Quando o banco oferece uma aplicação automática e coloca esse dinheiro em um CDB, ele passa a ter acesso a um valor maior para emprestar", resume Roma.
Ou seja, a aplicação é uma forma de o banco captar pagando menos. "A instituição ganha uma taxa menor, porque repassa um percentual menor do CDI ao cliente. É um recurso barato."