O MPF-DF (Ministério Público Federal no Distrito Federal) pediu nesta sexta (1º) a absolvição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do banqueiro André Esteves, dono do BTG, no caso de suposta tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Os investigadores concluíram que não há provas de que eles participaram do esquema criminoso.
A Procuradoria também recomenda a perda dos benefícios da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). De acordo com os investigadores, Delcídio mentiu sobre fatos que levaram à abertura de ação penal contra sete pessoas. Para o MPF, devem ser condenados o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró, o pecuarista José Carlos Bumlai e seu filho Maurício, além de Diogo Ferreira, antigo assessor de Delcídio. No caso de Diogo, benefícios decorrentes da colaboração devem ser mantidos.
"Para o procurador, ao contrário do que afirmou Delcídio do Amaral -tanto na colaboração quanto no depoimento dado à Justiça-, o pretendido silêncio de Cerveró, que à época cumpria prisão preventiva, não foi encomendado ou interessava a Lula, mas sim ao próprio senador", informa o MPF-DF.
De acordo com o MPF, as provas coletadas mostraram que Delcídio queria evitar a delação de Cerveró, não Lula. "O principal deles era impedir a revelação de que Delcídio recebeu R$ 4 milhões da construtora UTC como propina e que o dinheiro foi usado em caixa dois em sua campanha ao governo do estado do Mato Grosso", diz o MPF-DF.
Para evitar a revelação, o então advogado de Cerveró, Edson Ribeiro -que também foi preso pela Lava Jato- orientou seu cliente a informar "falsamente que os valores foram destinados à campanha presidencial de Lula" em 2006.