Governo suspende voos à região curda após plebiscito

Centenas de passageiros tentavam embarcar no aeroporto de Irbil nesta quinta-feira após o governo iraquiano ordenar a suspensão de voos que tivessem como origem ou destino os aeroportos na região curda, no norte do país. Trata-se da primeira medida concreta de represália, após o plebiscito de independência realizado pelos curdos, cujo resultado, anunciado na quarta-feira, foi majoritariamente pela secessão - 92,73% dos votos.

Bagdá não reconhece o pleito e se opõe a qualquer tentativa de independência dos curdos, que também enfrentam a oposição de outros países, como Turquia e Irã, onde há minorias da etnia e temor de movimentos separatistas. "Todos os voos internacionais de e para Erbil e Solimania - sem exceção - serão interrompidos a partir desta quinta-feira, às 18h (12h, horário de Brasília), depois da decisão do Conselho de Ministros e do primeiro-ministro Haider al-Abadi", disse mais cedo a diretora do aeroporto de Erbil, Talar Faiq Saleh. Em relação aos voos domésticos, uma decisão será tomada depois de sexta-feira.

Muitos estrangeiros se dirigiram nesta quinta-feira ao aeroporto de Erbil para deixar a região, por medo de ficarem bloqueados. Eles ingressam no Curdistão com um visto entregue pelas autoridades curdas que não é reconhecido por Bagdá e não podem, portanto, viajar pelo restante do Iraque.

"Essa decisão não atinge apenas os curdos. Temos uma grande quantidade de refugiados que usam o aeroporto e éramos uma ponte entre a Síria e a ONU para enviar ajuda humanitária", disse Talar. "Também tínhamos aqui forças da coalizão internacional contra os extremistas do Estado Islâmico (EI), o que quer dizer que o aeroporto servia para tudo."

Na quarta-feira, os deputados iraquianos votaram a favor do fechamento das fronteiras que se encontram fora da autoridade do Governo Regional do Curdistão, ou seja, os quatro postos fronteiriços com Turquia e Irã. Também reiteraram o pedido de enviar o Exército para zonas sob disputa. Nenhuma dessas medidas foi adotada ainda. Para Bagdá, uma secessão curda implicaria perda de território e de boa parte da produção de petróleo do país.