Tremor causa nova tragédia no México

O número de mortos pelo terremoto de magnitude 7,1 graus na escala Richter, ocorrido na terça-feira na parte central do México, chegou a, pelo menos, 230 ontem, de acordo com autoridades. Cidadãos do país ainda buscam sobreviventes entre os escombros de edifícios derrubados na capital, Cidade do México, local onde foram registrados os maiores estragos e também o maior número de vítimas, 94.

O terremoto derrubou pelo menos 50 prédios, destruiu encanamentos de gás e desencadeou incêndios pela capital e em outras cidades no centro do país. Partes de igrejas da era colonial desmoronaram no estado de Puebla, onde o Serviço Geológico dos Estados Unidos localizou o epicentro do tremor, cerca de 158 quilômetros a sudoeste da capital mexicana, a uma profundidade de 51 quilômetros.

Mas o local que recebia mais atenção ontem das equipes de resgate era a escola Enrique Rébsamen, no extremo sul da capital, onde ontem, equipes de resgate localizaram com vida uma menina sob os escombros. A escola tinha três andares e, após o tremor, ficou reduzida a um andar que ameaça desabar, o que dificulta os trabalhos de resgate. O desabamento aconteceu quando responsáveis retiravam as crianças. "Uma nuvem de poeira veio quando parte do edifício entrou em colapso. Tivemos que permanecer em nossas salas até que o tremor passasse", disse a professora María del Pilar Martí.

No local, centenas de socorristas e militares, além de dezenas de pais desesperados procuravam por informações sobre seus filhos. "Eles continuam tirando crianças, mas nós não sabemos nada sobre a minha filha", disse Adriana D'Fargo, de 32 anos, após horas esperando por informações de sua filha de sete anos.

Já foram confirmadas ao menos 26 crianças e quatro adultos entre as vítimas fatais. De acordo com autoridades, ao menos 30 crianças e 12 adultos continuam desaparecidos, e o número de mortos no local deve aumentar. Outras 12 crianças e uma professora foram resgatadas com vida. O presidente do México, Enrique Peña Nieto, visitou o local, conversou com socorristas e prestou solidariedade aos familiares das vítimas.

No entorno do lugar da tragédia, várias pessoas se organizavam para transportar, em uma corrente humana, cestas com garrafas de água para os socorristas. Diante da escola, duas pessoas tentavam organizar em um computador uma espécie de centro de controle, com uma lista de mortos, resgatados e desaparecidos. Um dos organizadores da lista relatou que algumas crianças feridas foram levadas para hospitais sem o conhecimento dos pais.

O sismo aconteceu exatos 32 anos depois de um terremoto devastador, em 1985 - que deixou quase 10 mil mortos -, e menos de duas semanas depois que outro tremor matou quase 100 pessoas no sul do país. Com o tremor, o vulcão Popocatépetl, visível da Cidade do México em um dia sem nuvens, teve uma pequena erupção.

O Exército de Israel enviou uma delegação de 70 membros ao México para apoiar os esforços de resgate. O grupo deve chegar na manhã desta quinta-feira. A maior equipe será formada por cerca de 25 engenheiros israelenses, que ajudarão a avaliar os estragos. Também estão no grupo profissionais de busca e resgate, bem como pessoas responsáveis por apoio médico e logístico.

Uma delegação de 18 membros da organização civil internacional de resgate Topos Chile também irá ao México com dois cães treinados e material especializado para ajudar nas buscas.