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Geral

- Publicada em 08 de Setembro de 2017 às 17:07

'Extinção da FZB não prejudica Jardim Botânico', diz atual presidente da entidade

Área conta com um rico acervo de espécies de flora e fauna

Área conta com um rico acervo de espécies de flora e fauna


MARCO QUINTANA/JC
Considerado um dos mais belos do Brasil, o Jardim Botânico de Porto Alegre atrai, de terças-feiras a domingos, centenas de visitantes. A área, de 39 hectares, abriga milhares de espécies de flora e mais de 100 de fauna. Todas requerem cuidados técnicos e especializados.
Considerado um dos mais belos do Brasil, o Jardim Botânico de Porto Alegre atrai, de terças-feiras a domingos, centenas de visitantes. A área, de 39 hectares, abriga milhares de espécies de flora e mais de 100 de fauna. Todas requerem cuidados técnicos e especializados.
No entanto, desde que o governo do Estado propôs o encerramento das atividades de seis fundações, em 2015, o futuro do espaço, que ontem completou 59 anos, virou uma incógnita. Uma das entidades em vias de extinção é a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB), responsável por gerir o Jardim Botânico, além do Museu de Ciências Naturais do Estado, também na Capital, e o Parque Zoológico de Sapucaia do Sul.
Mesmo com as fundações ainda em funcionamento, por conta de decisões judiciais, o destino do Jardim Botânico preocupa especialistas na área. Um dos coordenadores do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá), o professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Paulo Brack teme a perda de qualificação do corpo técnico.
"Centenas de pessoas já passaram pela fundação, temos um acervo construído em meio século, não só de coleções, de material vivo. Temos a história de cada planta que está ali", argumenta, defendendo que, com o processo de fusão com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), os encarregados por esses espécimes seriam demitidos.
No cargo há um ano, o atual presidente da FZB, Luiz Fernando Branco, não vê a questão com preocupação. "Continua sendo patrimônio do Estado, todas as funções vão continuar", garante.
Algumas atividades já estão sendo compartilhadas, como a administração da biblioteca, localizada junto à sede da fundação. Antes, havia uma biblioteca da Sema e uma da FZB. Agora, os livros estão reunidos no mesmo local. "Não temo pela continuidade das atividades. O que falta definir são questões de governo", afirma Branco.
O presidente da FZB se refere a uma possível concessão do Parque Zoológico - o poder público seguiria detendo a prerrogativa de reaver o serviço do zoo a qualquer momento, mas ele seria, por um período definido em contrato, administrado pela iniciativa privada. "O governo entendeu que não é algo prioritário para o Estado em um momento em que faltam recursos para os serviços básicos", argumenta.
Brack afirma que, com as responsabilidades da FZB nas mãos da Sema, o Jardim Botânico pode ficar sem um profissional da taxonomia, ramo da biologia voltado à ordenação e à classificação dos seres vivos. "Se não for um taxonomista, não vai saber lidar e identificar espécies da flora e da fauna. Existe todo um planejamento que a FZB executa, contando com o acúmulo de experiência desses técnicos que trabalham lá há décadas", defende.
O professor também questiona a competência do próprio diretor da FZB. "Não conhecemos a trajetória dele. Sabemos que é do agronegócio, e só", critica. Para ele, Branco está "a mando do governador José Ivo Sartori", substituindo o ex-presidente da FZB José Alberto Wendel, que, na opinião do professor, foi demitido sem justificava ao apresentar um plano para manter a fundação, com redução de custos.
Para manter o Jardim Botânico, são necessários, anualmente, R$ 4,35 milhões, destinados ao pagamento da folha de pessoal, e
R$ 500 mil de custeio. A receita gerada é de R$ 500 mil ao ano. Já o custo total da FZB, incluindo os dois outros braços, é de R$ 28 milhões (R$ 22 milhões em folha de pagamento e R$ 6 milhões em custeio). A receita da fundação, como um todo, é de R$ 4 milhões.
Segundo Branco, a fusão entre os órgãos não traz prejuízos e, pelo contrário, está deixando a manutenção do local melhor - recentemente, o anfiteatro do Jardim foi revitalizado, e a biblioteca está sendo informatizada. Para ele, o descontentamento com relação à extinção das fundações é explicado por "desconhecimento e questões corporativas e políticas".
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