Um dos produtos que o Rio Grande do Sul exporta a todo o País é cavalo crioulo. A raça tem 85 anos de existência e é genuinamente gaúcha, destaca o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC), Eduardo Moglia Suñe, que participou do programa Leite com Café, na Casa do JC na Expointer, em Esteio.
Na feira, o Freio de Ouro já é atração por apresentar os cavalos com melhores qualidades da raça. Exemplares que vencem a disputa em diversas provas e análises costumam elevar sua cotação. Há casos de negócios milionários. O crioulo também puxa as vendas de animais na Expointer.
"O Freio chegou a 35 anos e é uma das maiores provas de seleção de raça do mundo. Pode ser comparado ao que é a Fórmula 1, para o automobilismo", diz Suñe, considerando o teste que os concorrentes são submetidos. "O Freio projetou a raça para o País."
Fora do Rio Grande do Sul, a raça cresce 20% este ano frente a 2016. Acima de São Paulo, o crescimento é mais robusto, diz o presidente da ABCCC. "O foco é atingir este mercado para cima, mostrar que o cavalo pode ser usado em lazer, esporte e para lida no campo", observa, no bate-papo. Há no País 101 núcleos de criadores, uma disseminação invejável que explica o crescimento. "Estamos em quase todos os estados. Hoje temos dois extensionistas que visitam as regiões para mostrar o produto e a estrutura da ABCCC."
Suñe observa que o crioulo, admirado pela beleza pelo público que visita a feira, não foi sempre assim. Ele já foi mais grosseiro, não era bonito. O que define as qualidades é a linha do lombo forte que sustenta os arreios, bom tórax, osso, boa garupa e boas angulações, detalha. "Além disso, tem a docilidade, o poder de recuperação. Não precisa ficar em cocheira, por isso ele se torna mais barato, é um animal rústico."
A capacidade de atuar na lida do campo é uma das virtudes do crioulo. Suñe conta que na seleção da raça, além da morfologia e do freio de ouro, há a marcha de resistência. Na prova, os animais correm 750 quilômetros em 15 dias alimentados apenas de pasto e água. "É proibido dar medicação e suplementação", adverte o dirigente. São duas marchas por ano. uma em Jaguarão, berço da marcha, e outra que a ABCCC leva a núcleos que pedem para sediar o teste de resistência.
Por ano, nascem 40 mil potros, que são a aposta para abastecer o mercado. Neste caso, compradores que pagarão entre R$ 5 mil a R$ 10 mil por um cavalo para atividades que vão do trabalho na propriedade a atividades de lazer. O que é diferente do que representa o ápice da feira de Esteio, com seus leilões de alto valor. "A Expointer é vitrine, quem quer comprar genética é o melhor lugar é aqui. Os que chegam a Expointer passam por 5 mil concorrentes. Isso explica que um animal alcance valores de mais de R$ 7 milhões."
Suñe explica que o perfil de quem adquire os cavalos envolve desde quem tem propriedade a profissionais liberais, que querem para cavalgadas e enduro. O laço é um dos esportes que mais cresce. Além disso, o crioulo não exige muita estrutura, como cocheiras e estábulos, que elevam o custo.