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Conjuntura

- Publicada em 13 de Setembro de 2017 às 21:49

PIB do Estado cresceu 2,5% no 2º trimestre

Desempenho acima do nacional foi puxado pela agropecuária

Desempenho acima do nacional foi puxado pela agropecuária


GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC
Bom sinal para a economia gaúcha. Puxado principalmente pela agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou alta relevante, de 2,5%, no 2º trimestre de 2017 em comparação com o mesmo período do ano passado. O desempenho é muito maior do que o visto no País, que, na mesma comparação, cresceu 0,3%; e representa o segundo trimestre consecutivo de alta, algo que não acontecia desde o primeiro trimestre de 2014, ou seja, há mais de três anos.
Bom sinal para a economia gaúcha. Puxado principalmente pela agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou alta relevante, de 2,5%, no 2º trimestre de 2017 em comparação com o mesmo período do ano passado. O desempenho é muito maior do que o visto no País, que, na mesma comparação, cresceu 0,3%; e representa o segundo trimestre consecutivo de alta, algo que não acontecia desde o primeiro trimestre de 2014, ou seja, há mais de três anos.
"Dado o contexto de crise econômica que enfrentamos desde 2014, com maior força a partir de 2015, é um grande resultado", comenta o economista Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da Fundação de Economia e Estatística (FEE), entidade responsável pelo cálculo e divulgação do PIB. Rocha salienta que, tradicionalmente, o primeiro semestre costuma ser mais positivo do que o resultado anual, já que a maior parte do valor gerado pela agropecuária acaba concentrada nos dois primeiros trimestres, época da colheita das safras de verão.
Com a nova safra recorde, aliás, não surpreende que o maior desempenho tenha vindo da agropecuária, que cresceu 7,9% em relação ao segundo trimestre de 2016. O resultado é bem menor do que o visto pelo setor nacionalmente, onde cresceu 14,9%, mas ainda assim bastante importante no cômputo geral da economia gaúcha. Dentro do setor primário, a maior contribuição veio da soja, que, além de ter uma produção 15,7% maior do que na safra passada, teve cerca de 88% de seus grãos comercializados no segundo trimestre.
Outras culturas, como o arroz, a uva e o milho, também apresentaram grandes expansões em relação à temporada passada (16,5%, 131,4% e 28,2%, respectivamente), mas a maior parte de suas produções foi contabilizada no primeiro trimestre. A participação das culturas no primeiro período do ano, aliás, foi até maior do que se esperava, o que fez a FEE revisar o resultado do PIB nos três meses iniciais de 2017. Inicialmente, o cálculo havia sido divulgado como de variação zero, mas as reestimativas de safra ocorridas posteriormente jogaram o PIB do primeiro trimestre para cima, chegando a 1,5%.
As boas notícias, porém, não se restringiram ao campo. Os serviços também cresceram entre abril e junho, na base de 0,5%, ao contrário do setor nacional, que ainda apresentou queda, de 0,3%. Dentro do segmento, apenas o transporte e armazenagem (-4,6%), e a intermediação financeira (-0,2%) tiveram performance negativa. Já o maior ganho ficou por conta do comércio, que cresceu 2,9% no trimestre, acima, inclusive, do resultado nacional, que foi de 0,9%. Grande parte da explicação fica por conta de ações nacionais, como a liberação das contas inativas do FGTS, o recuo da inflação e a estabilidade no mercado de trabalho. "Além disso, temos uma característica regional, que é a grande participação da agricultura familiar, que gera um efeito de renda no comércio do interior", acrescenta Rocha.
Os impostos também cresceram, 3,4%, mas o economista da FEE ressalta que não é possível inferir que isso signifique aumento na arrecadação para o Tesouro Estadual. "Muitos dos impostos são federais e também, com a queda na inflação, há um efeito colateral que é a baixa nos preços dos produtos", explica Rocha.
A única performance negativa na economia acabou sendo a da indústria, que caiu 0,3%. Apesar disso, quando avaliada exclusivamente a indústria de transformação, o desempenho das fábricas gaúchas foi de crescimento pelo terceiro trimestre consecutivo, uma expansão de 2,8%. O setor de maior desempenho foi o da indústria ligada ao tabaco, que cresceu 40,2% graças à retomada na safra do fumo. Couro e calçados (-8,3%), e móveis (-4,1%) foram os setores de pior performance. O primeiro, por conta da valorização do real, que afetou as exportações; e o segundo, pela trajetória negativa da construção, que registrou queda de 6,8% no segundo trimestre.

Economia do Rio Grande do Sul teve expansão em todos os modelos de comparações

Além do crescimento na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o segundo trimestre registrou, também pela primeira vez desde o primeiro período de 2014, crescimento em todas as bases de comparação. No acumulado do ano até aqui, o PIB gaúcho teve uma expansão de 2,1%, contra uma variação nula vista no País no primeiro semestre de 2017. Na série com ajuste sazonal, que permite comparar o trimestre com o período imediatamente anterior, utilizada nas divulgações do IBGE, a economia gaúcha cresceu 0,7%, contra 0,2% do Brasil e, na taxa acumulada de quatro trimestres, teve uma expansão de 0,2%, enquanto a economia nacional caiu 1,4%.
Na comparação com o primeiro trimestre do ano, a boa performance é justificada principalmente pelo comércio, que cresceu 1% e puxou a alta do único segmento do PIB que teve resultado positivo, os serviços. Nessa comparação, a agropecuária chegou a cair, na base de -0,5%, e a indústria teve um desempenho estável. A indústria de transformação, entretanto, cresceu 1,1%.
Para os próximos períodos, o economista da FEE, Roberto Rocha, acredita que os números positivos devem se repetir, mesmo sem a propulsão da agricultura. "Analisando o comportamento da série, a indústria de transformação vem com bom desempenho desde o fim de 2016, e o comércio também está reagindo fortemente, mesmo que alguns fatores, como o FGTS, não irão se manter", analisa Rocha.
"Não há sinais de reversão. O desempenho provavelmente continua positivo, ainda que não tão vigoroso como o do primeiro semestre", projeta o economista, que vê a possibilidade de o PIB regional voltar a apresentar variações nulas ou negativas como "difícil".
Rocha ainda lembra que, tradicionalmente, esses setores possuem maior vigor no segundo semestre do ano. O grande momento para a indústria é o terceiro trimestre, quando são formados os estoques para as vendas de fim de ano.