Um cabo submarino de 10,8 mil quilômetros de extensão foi inaugurado ontem para transmitir sinal de internet de São Paulo diretamente para Nova Iorque. Chamado Seabras 1, ele é a primeira iniciativa de grande escala da empresa norte-americana Seaborn, sediada em Boston.
Sua construção envolveu mais de cinco anos de trabalho e investimentos de mais de US$ 500 milhões. Os recursos vieram da gestora de fundos suíça Partners Group e de financiamentos obtidos pela Seaborn. O Seabras 1 terá seis pares de fibra ótica e capacidade de transmissão de 72 terabytes por segundo. A base terrestre dele no Brasil fica em Praia Grande (SP). De lá, segue pelo subsolo até a capital paulista.
Larry Schwartz, presidente da Seaborn, diz que, por oferecer a primeira rota direta entre as duas cidades, o que permite maior velocidade, o cabo será usado para transmissão de dados no mercado financeiro.
Ele transmitirá ordens de compra e venda em alta velocidade feita por softwares inteligentes, na modalidade conhecida como "high frequency trading", em serviço da empresa chamado Seaspeed.
"Outras rotas poderiam levar dados de São Paulo a Nova Iorque indiretamente, mas essa é a primeira conexão direta entre os dois centros financeiros, o que faz dele uma alternativa mais rápida."
Schwartz afirma já ter contratos fechados para empresas especializadas no serviço, porém não informa quantas empresas o usarão.
A estrutura também será usada por empresas de telecomunicações e outros segmentos. Schwartz diz que a Telecom Italia (dona da Tim) e a Tata Consulting, por exemplo, transmitirão dados a partir dele.
Segundo o executivo, projetos como o Seabras 1 aumentam a concorrência no setor de conectividade e, como consequência, reduzem preços para consumidores.
A empresa planeja uma ampliação da estrutura de internet a partir da expansão do Seabras 1 para a Argentina, a partir de ligação com a cidade de Las Toninas. No momento, a companhia realiza concorrência para decidir parceiro para realizar a obra.
Schwartz afirma que a empresa também avalia a possibilidade de incluir ramificações do Seabras 1 para ter em sua rota estados como Rio de Janeiro, Fortaleza e Flórida. O cabo submarino foi construído em parceria com a empresa francesa Alcatel Lucent, subsidiária da Nokia.