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Cultura

- Publicada em 03 de Outubro de 2017 às 08:23

Jorge Drexler inicia turnê de novo disco Salvavidas de hielo

Uruguaio retoma temas relacionados à migração em novas composições

Uruguaio retoma temas relacionados à migração em novas composições


THOMAS CANET/DIVULGAÇÃO/JC
"Eu não sou daqui, mas tu tampouco és", canta Jorge Drexler em Movimiento, faixa de abertura de Salvavidas de hielo (Warner Music Espanha, R$ 39,90), disco que entrou nas lojas e nas plataformas digitais recentemente. Não é a primeira vez em que o uruguaio - que vive há duas décadas em Madri e tem 13 álbuns lançados - trata de migração em suas composições. Mas o tema rejuvenesce em um 2017 em que o presidente norte-americano, Donald Trump, planeja construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México e impõe barreiras à entrada de estrangeiros de países muçulmanos.
"Eu não sou daqui, mas tu tampouco és", canta Jorge Drexler em Movimiento, faixa de abertura de Salvavidas de hielo (Warner Music Espanha, R$ 39,90), disco que entrou nas lojas e nas plataformas digitais recentemente. Não é a primeira vez em que o uruguaio - que vive há duas décadas em Madri e tem 13 álbuns lançados - trata de migração em suas composições. Mas o tema rejuvenesce em um 2017 em que o presidente norte-americano, Donald Trump, planeja construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México e impõe barreiras à entrada de estrangeiros de países muçulmanos.
"Eu tinha escrito canções mais diretas, mas queria um ângulo diferente para falar sobre esse assunto trágico. Um dia, havia deixado meus filhos na escola, entrei no carro e liguei o rádio. O entrevistador pedia a um escritor cujo nome não escutei que falasse sobre seu último livro, que tratava de 'acontecimentos migratórios'. Desliguei na hora. Encontrei nessa expressão uma maneira de falar de migração que não fosse panfletária", explica o músico de 53 anos.
Esse não é o único assunto que retorna nas composições mais recentes. "Eu penso que faço coisas novas, mas acabo voltando às mesmas duas ou três canções. A personalidade artística está muito vinculada ao universo pessoal, e ele é bastante fechado. Você repete coisas", completa Drexler. Nas repetições estão Telefonía, na qual o uruguaio celebra as várias formas de comunicação que trazem as mensagens de pessoas queridas, seguida de Silencio, sobre os poucos momentos sem ruídos que nos restam em meio à balbúrdia de um mundo hiper conectado. Essas duas foram lançadas em agosto, em apresentações ao vivo por Facebook e Instagram, redes sociais que o autor frequenta de forma ativa. "Não foi uma casualidade que lancei primeiro Telefonía, que é sobre alegria, e depois Silencio. A realidade não é linear. Muitas vezes você odeia o telefone, e outras não consegue viver sem."
Também para fazer oposição aos excessos e à sonoridade que vinha imprimindo a seus trabalhos anteriores, as novas músicas foram gravadas apenas com violões (e guitarras). O compositor avisa, porém, que isso não se repetirá nos shows: "O disco é de laboratório. É impossível reproduzi-lo ao vivo". A turnê do novo trabalho começa por Montevidéu amanhã, mas só deve chegar ao Brasil em abril de 2018, em data não confirmada.
Com a música Pongamos que Hablo de Martinez, o uruguaio agradece ao conterrâneo Joaquín Sabina por ter lhe incentivado a ir para Madri. Questionado se vive uma espécie de "volta à casa", Drexler diz que a combinação dos elementos ocorreu de forma casual. "Escrever não é uma atividade consciente. Esse disco foi composto com uma presença muito grande do acaso. Estou começando a olhar para ele agora como uma paisagem que já passou, que se vê pelo espelho retrovisor", relata.
Uma opinião sobre o álbum, no entanto, ele já tem clara: "Sem me dar conta, meu disco toma partido pela guerrilha da empatia. O fato de serem diferentes não torna as coisas irreconciliáveis. É a militância pela empatia." Outro ponto interessante sobre Salvavidas de hielo é a presença das vozes femininas. Depois de ter dividido o microfone com Caetano Veloso, no disco lançado em 2014, Jorge Drexler elegeu apenas mulheres para as cantoras convidadas do novo CD: as mexicanas Julieta Venegas e Natalia Lafourcade, e a chilena Mon Laferte. Para o uruguaio, são o "eixo forte" do disco. "Elas têm uma força e uma identidade interpretativa muito grandes, e também uma força midiática. Elas combinam muito a popularidade com qualidade", diz.
Mas ele afirma que as participações não são apenas femininas, ao contrário do que a audição do álbum faz parecer. Nos violões, Drexler convidou o também mexicano David Aguilar. "Ele talvez seja meu compositor favorito do México, e o que melhor pode ser compreendido no Brasil." A explicação para a quantidade de convidados daquele país é simples: as músicas foram gravadas lá. "Eu fiz um disco no México, porque tinha vontade de conhecer melhor o país. Eu espero que o próximo projeto tenha a oportunidade de gravar no Brasil."
Na realidade, o uruguaio conhece bem nosso País e gosta de falar português. Em 2014, ele passou uma temporada mais longa por aqui gravando a série Encontros no Brasil. Agora, já tem data para retornar: Porto Alegre será uma das paradas da turnê em 2018, com show no Auditório Araújo Vianna, no dia 21 de abril.
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