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Teatro

- Publicada em 28 de Setembro de 2017 às 22:33

Em Cena: Menor, mas relevante e persistente

Cristiano Vieira
Foram apenas 13 dias de Porto Alegre em Cena neste ano, um sinal de que o festival se reinventa ano após ano para driblar a crise econômica e o lodaçal político que desestruturam o Brasil nos últimos três anos. Mais do que isso, um evento que se tornou plataforma de manifestação - tanto da plateia quanto dos grupos, atores e bailarinos - contra o véu de censura artística que surgiu nas últimas semanas no País.
Foram apenas 13 dias de Porto Alegre em Cena neste ano, um sinal de que o festival se reinventa ano após ano para driblar a crise econômica e o lodaçal político que desestruturam o Brasil nos últimos três anos. Mais do que isso, um evento que se tornou plataforma de manifestação - tanto da plateia quanto dos grupos, atores e bailarinos - contra o véu de censura artística que surgiu nas últimas semanas no País.
Ao fim de quase todas as encenações, o elenco se reunia no palco para externar sua indignação frente ao ranço ideológico, retrógrado e conservador visto a partir do episódio Queermuseu e que ganhou força, nas últimas semanas, com a proibição da montagem O evangelho segundo Jesus, Rainha do céu (vista em duas sessões lotadíssimas no Teatro Bruno Kiefer e, ao que parece, deve retornar à cidade). Por aqui, sem protestos mas com muito apoio da plateia e de quem se envolveu com o festival.
O Porto Alegre em Cena 2017 é um sobrevivente do nosso combalido calendário cultural sem descuidar daquilo que faz a essência de um evento cênico: a qualidade no repertório. Basta citar a grande atração internacional, a loucura acadêmico-bíblica-discursiva proposta por Angélica Lidell no impactante Génesis 6, 6-7, encenado por duas noites no Teatro do Sesi. Já descrita aqui neste espaço, a performance com certeza gerou manifestações contrárias e favoráveis nos espectadores - o que é pertinente do ponto de vista da pluralidade de opiniões.
Virando o foco para as atrações brasileiras, a competente Andréa Beltrão saiu ovacionada no Theatro São Pedro com sua Antígona moderna, feita em parceria com Amir Haddad. Para muitos, foi a melhor escolha da grade nacional de espetáculos. A destacar, ainda, O líquido tátil, do grupo mineiro Espanca!, em parceria com o argentino Daniel Veronese; Leite derramado, a partir da obra de Chico Buarque e a cargo do Club Noir; e O testamento de Maria, solo de Denise Weinberg com direção de Colm Tóibin.
Duas novidades ajudaram a incrementar o fluxo de pessoas entre os diferentes espaços ocupados nesta edição. Primeiro, a utilização do Centro Municipal de Cultura como ponto de encontro. Maior, com estacionamento, opções gastronômicas e muita música, o local servia como pit stop para quem saía de uma peça na Álvaro Moreyra e aguardava a próxima no vizinho Renascença.
A segunda: a parte musical, desmembrada agora no projeto Música em Cena, ofereceu uma das atrações mais interessantes dos últimos anos em Porto Alegre - As Bahias e a cozinha mineira. O show apoteótico do grupo paulista no palco do São Pedro, com as afinadíssimas travestis Assucena Assucena e Raquel, mais um competente grupo de músicos, ficará na memória de quem esteve lá naquela noite por muito tempo.
De se ressaltar, ainda, a retomada das Sessões Malditas, levando o público à meia-noite ao Centro Municipal de Cultural para performances cênico-musicais sobre temas como a obra de Caio Fernando Abreu e a representatividade negra nas artes. O tradicional Prêmio Braskem, mais uma vez, coroou os destaques locais do palcos, como Fala do silêncio (espetáculo e atriz); Ramal 340 (direção); Iluminus (júri popular e destaque); e Parque de diversões (ator).
Para usar um adjetivo que tanto agrada ao coordenador-geral do Porto Alegre em Cena, Fernando Zugno - que assumiu o evento após a ida de Luciano Alabarse para o comando da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) - "potência" definiu a qualidade das montagens vistas neste ano na Capital.
Quem sabe em 2018 não teremos uma grade maior, com a mesma qualidade e mais opções? É o que todos queremos.
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