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eletricidade

- Publicada em 21 de Setembro de 2017 às 21:31

CMSE não aprova uso de térmicas mais caras

Acionamento de termelétricas não seria suficiente para poupar a água dos reservatórios das hidrelétricas

Acionamento de termelétricas não seria suficiente para poupar a água dos reservatórios das hidrelétricas


AGÊNCIA PETROBRAS/JC
Apesar da seca e do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, o governo decidiu não acionar as usinas termelétricas mais caras, cujo custo está acima do preço da energia no mercado à vista. No jargão do setor elétrico, isso significa que o governo não aprovou o despacho fora da ordem de mérito.
Apesar da seca e do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, o governo decidiu não acionar as usinas termelétricas mais caras, cujo custo está acima do preço da energia no mercado à vista. No jargão do setor elétrico, isso significa que o governo não aprovou o despacho fora da ordem de mérito.
A decisão foi tomada após uma análise de custos e benefícios feita pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão presidido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em reunião extraordinária realizada na semana passada.
Com essa decisão, permanecerão desligadas todas as térmicas cujo custo da energia supera o preço no mercado de curto prazo (PLD). Na semana passada, o PLD estava em R$ 533,82 por megawatt-hora (MWh). Se essas usinas fossem ligadas, as contas de luz poderiam passar a ter a cobrança do segundo patamar da bandeira vermelha, que adiciona R$ 3,50 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos.
Atualmente, as tarifas estão com bandeira amarela, cuja cobrança adicional é de R$ 2,00 a cada 100 kWh. O atual custo da energia sinaliza a necessidade da ação do primeiro patamar da bandeira vermelha, que acrescenta R$ 3,00 a cada 100 kWh. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias do Grupo Estado, o governo chegou à conclusão de que o acionamento das termelétricas mais caras teria forte impacto no preço da energia, mas não seria suficiente para poupar a água dos reservatórios das hidrelétricas.
De acordo com uma nota divulgada pelo MME, a previsão para as próximas semanas é de chuva fraca a moderada nas bacias do Sul e pouca ou nenhuma chuva no Sudeste e Centro-Oeste. Para os próximos dois meses, os reservatórios das hidrelétricas devem continuar baixos, reconhece o MME. Apesar disso, o governo reiterou que não há risco de desabastecimento.
"A partir da precificação do deslocamento hidráulico visando a adequada alocação de custos, o CMSE não recomendou a geração termelétrica fora da ordem de mérito após avaliação de custo-benefício. Ainda assim, ressaltou-se que está garantido o suprimento eletroenergético do Sistema Interligado Nacional (SIN), com previsão de aumento do custo associado à geração", esclarece a nota divulgada pelo Ministério de Energia.
No lugar das térmicas mais caras, o CMSE decidiu adotar medidas alternativas, como o aumento da importação de energia da Argentina e do Uruguai e uma campanha de estímulo à economia de energia. O governo também vai tentar viabilizar o acionamento das usinas térmicas com preço mais competitivo, como Araucária e Cuiabá, movidas a gás, e Termonorte II, a óleo combustível.

Governo vai importar mais energia da Argentina e do Uruguai

Reservatórios brasileiros estão com baixo nível. No Centro-Oeste, armazenamento está em apenas 28%

Reservatórios brasileiros estão com baixo nível. No Centro-Oeste, armazenamento está em apenas 28%


/MARCELO CAMARGO/ABR/JC
O governo decidiu, na semana passada, aumentar o volume de importação de energia elétrica de Argentina e do Uruguai. O objetivo é preservar a água armazenada nos reservatórios usados para gerar eletricidade no Brasil. A meteorologia prevê chuvas abaixo da média histórica, nos próximos meses, nas bacias hidrográficas que abastecem as barragens das principais hidrelétricas do País.
A falta de chuvas pode levar ao acionamento das térmicas, o que se refletiria na tarifa de energia elétrica. Apesar da importação, o governo informou que "não há risco de desabastecimento de energia no País". O Brasil já está importando energia do Uruguai.
Em agosto, foram comprados, em média, 253 megawatts (MW) por dia do país vizinho, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Neste mês, em alguns dias, a importação chegou a 548MW. O Brasil ainda não está importando da Argentina, mas isso ocorrerá.
O aumento na importação será feito "na medida em que for possível", segundo o Ministério de Minas e Energia. Por isso, não foi informado o montante a ser comprado, o que dependerá da necessidade verificada pelo ONS. O contrato com o Uruguai prevê a compra de energia a curto prazo: o Brasil importa dependendo dos preços cobrados pelo país vizinho e da necessidade de consumo nacional.
No caso da Argentina, a transação não envolve dinheiro e é feita com um sistema de créditos e débitos de energia. Ou seja, quando o Brasil importa eletricidade, fica um "saldo devedor", que depois é compensado com o envio de energia para o país vizinho.
A decisão de aumentar a importação evita, por exemplo, que seja necessário acionar mais usinas térmicas, que são mais caras e poluentes. Por isso, ficou decidido não aumentar o uso dessas usinas. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia que a medida pode reduzir as chances de aumento na cobrança extra na conta de luz por meio da bandeira tarifária nos próximos meses.
O acionamento das térmicas é um dos fatores usados para definir a bandeira. Este mês está em vigor a bandeira tarifária amarela, que implica a cobrança extra de R$ 2,00 para cada 100 quilowatts (kWh) hora de energia consumidos. Com a falta de chuvas, porém, existe a chance de que a bandeira volte a ser vermelha.
A decisão de importar energia foi tomada para preservar os reservatórios das hidrelétricas. Dados do ONS apontam um baixo nível dos reservatórios no País. Na região Sul, está atualmente em 43%. No Norte, em 42%. No sistema Sudeste/Centro-Oeste, o nível de armazenamento é de 28%.
A situação mais crítica é no Nordeste, onde os reservatórios operam apenas com 10,51% da capacidade. Os casos mais graves são dos reservatórios do Rio São Francisco. A barragem de Sobradinho, maior reservatório artificial do planeta, está com apenas 6,15% da capacidade de armazenamento, enquanto a de Três Marias está com 15,39%. O governo também decidiu usar apenas as térmicas mais baratas, atualmente indisponíveis.