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Empresas & Negócios

- Publicada em 20 de Setembro de 2017 às 14:43

China aposta as fichas no Brasil

Apesar da crise no Brasil, ou por causa dela - que deixou os ativos baratos -, os chineses estão mais dispostos que nunca a ampliar seus negócios no País. Em sua viagem à China, no início deste mês, o presidente Michel Temer recebeu a promessa de investimentos que, se confirmados, significarão o aporte, em dois anos, de mais de R$ 31 bilhões na economia brasileira, que já recebeu cerca de R$ 61,5 bilhões de 2014 até julho deste ano, entre fusões e aquisições. Este ano, pela primeira vez, um em cada quatro produtos exportados pelo Brasil irá para a China.
Apesar da crise no Brasil, ou por causa dela - que deixou os ativos baratos -, os chineses estão mais dispostos que nunca a ampliar seus negócios no País. Em sua viagem à China, no início deste mês, o presidente Michel Temer recebeu a promessa de investimentos que, se confirmados, significarão o aporte, em dois anos, de mais de R$ 31 bilhões na economia brasileira, que já recebeu cerca de R$ 61,5 bilhões de 2014 até julho deste ano, entre fusões e aquisições. Este ano, pela primeira vez, um em cada quatro produtos exportados pelo Brasil irá para a China.
A proporção é até um pouco maior neste momento, dados os carregamentos gigantescos de soja, mas estes não se manterão nos mesmos níveis até dezembro. Os montantes confirmam a confiança dos chineses na economia brasileira e sua demanda por insumos e energia. Mas trazem, para o Brasil, os riscos de uma dependência cada vez maior daquele que desde 2009 é seu principal parceiro comercial.
Além disso, uma participação mais expressiva em setores considerados estratégicos pode aumentar a influência chinesa não só sobre a economia brasileira, mas sobre decisões políticas de desenvolvimento ou de novas privatizações. Acredita-se que investidores de peso em setores importantes possam, por exemplo, impor condições para novos investimentos e até interferir sobre os marcos regulatórios.
"É preciso ter um quadro legal bem preparado para evitar interferências, que acontecem em vários países do mundo, como Paquistão, Sri Lanka e alguns africanos", afirmou Christopher Balding, professor de economia da Escola de Negócios de Shenzhen, da Universidade de Pequim. O ministro dos Transportes, Maurício Quintella, disse não ver nada demais no apetite chinês. Ele afirmou que o Brasil tem leis rígidas e que não há motivo para preocupação com os investimentos chineses. "Precisamos de infraestrutura e eles querem investir. Isso é ótimo", avaliou Quintella, um dos ministros que Temer levou à China para explicar as oportunidades de novos negócios no Brasil.
Segundo dados da consultoria Transactional Track Record (TTR), os americanos realizaram mais operações de fusões e aquisições desde 2014 - 320, contra 34 dos chineses -, mas os recursos gastos pela China no período foram bem maiores: R$ 61,5 bilhões, contra R$ 49,12 bilhões dos EUA. Em 2014, a China estava em 12º lugar na lista consolidada pela TTR para esse tipo de transação, mas vem subindo gradativamente, e este ano já está na 4ª posição. Os norte-americanos se mantêm no topo do ranking.
Os analistas consideram boa a chegada firme dos chineses, para contrabalançar os investimentos de outros países. Mas ressaltam que não adianta criar uma relação de dependência com essa ou aquela nação. "Um percentual (sobre as exportações) muito alto pode levar a uma grande dependência econômica e, progressivamente, política. É importante para todos os países manterem a cesta de exportações equilibrada, especialmente no que diz respeito a produtos como commodities, particularmente quando se está lidando com grandes potências como a China", destacou André Loesekrug-Pietri, fundador do ACapital, fundo de investimento europeu que atua com chineses. Ele lembrou que compras de commodities ainda podem oscilar ao sabor da política. "É importante para o Brasil aumentar o valor agregado das suas exportações, o que deixaria o País menos dependente da flutuação cambial." 
Segundo economistas, não se pode agir com preconceito com relação aos investimentos chineses, mais do que bem-vindos para a economia brasileira, que enfrenta uma grave recessão. Mas eles afirmam que a discussão sobre os riscos para o futuro são fundamentais. Durante a reunião do Brics, negociadores notaram que a África do Sul perdera sua voz. Não conseguia mais enfrentar a China, devido a sua dependência de investimentos chineses. No passado, a opção por investimentos norte-americanos, das montadoras, deixou o Brasil dependente das rodovias.
"É preciso pensar nas prioridades brasileiras. Os chineses estão atrás de insumos básicos e energia. Os investimentos podem ser direcionados de maneira que as exportações brasileiras passem a atender às necessidades deles e não do Brasil, que certamente vai querer vender produtos com maior valor agregado", ponderou Balding.
Na avaliação do embaixador do Brasil na China, Marcos Caramuru, o País terá de saber gerenciar os riscos para crescer. "São riscos que, caso se materializem, teremos de administrar com naturalidade, se quisermos continuar a atrair capitais chineses ou outros para investir em infraestrutura no País. O importante é dispormos, ao longo do tempo, de boa regulação e de bom acompanhamento diplomático das questões que possam porventura surgir."
Os chineses têm visão de longo prazo e gostam de ter participações majoritárias em investimentos. Sabem que os ativos estão baratos e informaram Temer sobre o interesse em privatizações e infraestrutura. Metade dos ativos que a gigante de energia State Grid tem no exterior está no Brasil. Investir no Brasil tem sido uma das saídas encontradas pelos chineses para internacionalizar a sua economia, variar o seu portfólio e gastar os recursos de sua imensa poupança interna.
 
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