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Empresas & Negócios

- Publicada em 12 de Setembro de 2017 às 16:58

Igualdade de gênero reciclada


BANCO DE IMAGENS - FLD/DIVULGAÇÃO/JC
Camila Silva
"Não catamos lixo, pois lixo é aquilo que vai fora e a gente não aproveita. Material reciclável é o que nós catamos", defende Vera Lúcia Flores da Rosa, que integra o grupo de mais de 20 mil mulheres moradoras da região Sul do País que sobrevivem a partir da captação de materiais recicláveis, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Há 12 anos, Vera Lúcia desenvolve a atividade e, atualmente, está à frente da coordenação geral da Cooperativa de Catadores e Recicladores (Coomcat) na cidade de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.
"Não catamos lixo, pois lixo é aquilo que vai fora e a gente não aproveita. Material reciclável é o que nós catamos", defende Vera Lúcia Flores da Rosa, que integra o grupo de mais de 20 mil mulheres moradoras da região Sul do País que sobrevivem a partir da captação de materiais recicláveis, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Há 12 anos, Vera Lúcia desenvolve a atividade e, atualmente, está à frente da coordenação geral da Cooperativa de Catadores e Recicladores (Coomcat) na cidade de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.
Anteriormente, ela trabalhava como faxineira, porém a renda não era suficiente para garantir o sustento da família. Diante da situação difícil, a catadora decidiu aceitar a vaga de emprego na Coomcat. Diversas familiares de Vera Lúcia trabalhavam com reciclagem, mas ela relutava em exercer a atividade. Ela tinha vergonha, inclusive, de contar para as pessoas que integrava a cooperativa. "Uma vez, contei para a senhora com quem eu trabalhava, e ela me deu parabéns! Disse que eu estava fazendo uma tarefa muito importante", comenta.
Atualmente, a coordenadora se orgulha de ser uma das 380 mil pessoas que tiram seu sustento da reciclagem no País. O último estudo nacional sobre a situação socioeconômica dos catadores e catadoras foi realizado em 2013 pelo Ipea que divulgou uma pesquisa sobre a situação social das catadoras e dos catadores de material reciclável e reutilizável.
O desafio, agora, é ampliar o protagonismo das mulheres na atividade. E esse é justamente um dos objetivos do projeto Mulher catadora é mulher que luta. A idealização e a realização da iniciativa são responsabilidades da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), em parceria com o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), que há cerca de 14 anos visa organizar os profissionais, buscando a valorização da categoria.
O projeto, que teve início do ano de 2015 e se estenderá até 2018, conta com investimento financeiro da União Europeia. A Coomcat, liderada por Vera Lúcia, é uma das 24 cooperativas de catadoras e catadores de lixo que integram o projeto, que oferece oficinas de gênero para discutir a igualdade entre homens e mulheres nesses espaços. As ações têm o objetivo de promover os direitos sociais na rede de catadores e de fortalecer as organizações.
Os organizadores perceberam que as mulheres são maioria dentro das cooperativas integrantes do projeto e recebem valores iguais aos dos homens, tendo em vista que grande parte trabalha no sistema de partilha. Entretanto, as catadoras não eram atuantes nos espaços de decisão e ficavam restritas, na maioria das vezes, apenas ao processo de triagem dos materiais. Segundo Vera Lúcia, o projeto lhe auxilia a melhorar o convívio entre mulheres e homens. "Estou na coordenação geral há pouco tempo e me sentia sem coragem de debater com um homem. Nós aprendemos a melhorar as relações de trabalho, saber o limite de cada um", destaca.
As cooperativas são organizadas em três redes divididas pelas regiões do Estado: Catapoa (Região Metropolitana de Porto Alegre e Vale do Rio dos Sinos), Coleta Solidária (Vales do Gravataí e do Rio dos Sinos) e Catapampa (vales do Rio Pardo e do Taquari, estendendo-se até a Fronteira-Oeste do Estado). O projeto realiza o intercâmbio entre as cooperadas de redes, de forma a promover a troca de conhecimentos sobre a gestão e o fortalecendo da rede de mulheres. Além das 24 cooperativas beneficiadas pelo projeto, há mais 31 que recebem ações pontuais, como a intervenção junto ao poder público para ampliar a parceria com as prefeituras.
A sociedade também se beneficia com o projeto, já que, em parceria com as cooperativas, a fundação realiza atividades direcionadas à educação ambiental para crianças. Nas oficinas, são divulgadas informações quanto aos materiais que podem ou não ser reciclados, além de valorizar a atividade dos catadores. A assistente social e coordenadora do projeto, Marluí Tellier, se diz muito feliz ao constatar o avanço das mulheres. "Elas costumavam ser muito retraídas, principalmente na hora de falar; agora, estão muito mais confiantes", ressalta Marluí.
Mulher catadora é mulher que luta é um dos oito projetos desenvolvidos pela fundação, todos voltados ao desenvolvimento de políticas públicas para grupos que vivem em situação de vulnerabilidade social e econômica. Entre eles está outra iniciativa voltada aos profissionais da área, o projeto Catadores e catadoras em rede, que conta com o apoio do governo federal e da Rede de Comércio Justo e Solidário.
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