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Estados Unidos

- Publicada em 13 de Agosto de 2017 às 17:08

Governo investiga ato de neonazistas

Ultranacionalistas entraram em conflito com ativistas de direitos humanos

Ultranacionalistas entraram em conflito com ativistas de direitos humanos


CHIP SOMODEVILLA /CHIP SOMODEVILLA /AFP PHOTO/JC
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou uma investigação sobre a violenta manifestação de neonazistas em Charlottesville, uma pequena cidade do estado da Virgínia, no sábado. O episódio resultou em um atropelamento, que causou a morte de uma mulher e feriu outras 19 pessoas. Ao todo, 35 pessoas ficaram feridas em confrontos ao longo do dia.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou uma investigação sobre a violenta manifestação de neonazistas em Charlottesville, uma pequena cidade do estado da Virgínia, no sábado. O episódio resultou em um atropelamento, que causou a morte de uma mulher e feriu outras 19 pessoas. Ao todo, 35 pessoas ficaram feridas em confrontos ao longo do dia.
"A violência e as mortes em Charlottesville atingiram o coração da lei e da justiça americanas. Quando tais ações surgem da intolerância racial e do ódio, elas traem nossos valores fundamentais, e não podem ser toleradas", disse o procurador-geral Jeff Sessions, em um comunicado divulgado anunciando a investigação.
Depois de uma noite e uma manhã de protestos na cidade, um carro avançou sobre uma multidão de pessoas que se manifestavam contra os defensores da supremacia branca, que foram à Charlottesville para o ato chamado Unite The Right (Unir a Direita). A polícia local prendeu o motorista e o identificou como James Alex Fields Jr., residente de Ohio, de 20 anos. Fields, que irá responder por homicídio, entre outras acusações, está sendo mantido em uma prisão local.
Vestidos com roupas militares, os manifestantes ultranacionalistas carregavam escudos, exibiam armas de grosso calibre pela cidade e se descreviam como uma "milícia". Do outro lado, um grupo de ativistas de direitos humanos mostrava seu repúdio ao ato. A partir daí, começaram a trocar gritos e socos, arremessaram garrafas de água e dispararam sprays de pimenta uns contra os outros. O governo da Virgínia declarou estado de emergência.
Na noite de sexta-feira, Charlottesville também teve briga nas ruas. Carregando tochas, os supremacistas brancos promoveram uma marcha proferindo palavras de ordem contra imigrantes, negros, homossexuais e judeus. Houve também demonstrações de orgulho nazista.
No caminho, encontraram outro grupo que protestava contra a ação ao redor de uma estátua do presidente Thomas Jefferson (1743-1826), fundador da universidade. Eles foram até o campus da Universidade da Virgínia, aos gritos de "Vocês não vão nos substituir", em referência aos imigrantes, e "Vidas brancas importam", uma alusão ao movimento que protesta contra a morte de negros por policiais, Black Lives Matter.
Com 47 mil habitantes, Charlottesville virou alvo de extremistas após a administração local decidir retirar de um parque uma estátua do general Robert E. Lee (1807-1870) e remover outras homenagens a líderes confederados em locais públicos. O caso está na Justiça e a estátua, por ora, segue ao ar livre. A decisão da remoção segue a de outras cidades sulistas de retirarem símbolos confederados, que remetem ao passado escravocrata do país, de prédios e parques públicos. 
Durante a Guerra Civil nos Estados Unidos (1861-1865), estados do Sul criaram uma confederação e lutaram para se tornarem independentes e manterem o direito de ter escravos. Eles foram derrotados e seguiram sob controle de Washington.
No protesto, muitos carregavam a bandeira dos confederados. Grupos de extrema-direita alegam que o avanço de direitos para imigrantes e negros levaria à sua extinção. Após a eleição de Donald Trump, em novembro, eles têm se tornado mais ativos.

Postura de Trump é alvo de críticas

Em pronunciamento logo após os atos em Charlottesville, o presidente Donald Trump afirmou que o país tem que se unir e impedir a violência. "Sem distinção de credo ou de partido político, somos, antes de tudo, americanos. Amamos nosso país e temos orgulho de quem somos. Queremos estudar esse caso de Charlottesville e descobrir o que estamos fazendo de errado", disse.
"Nós condenamos, nos termos mais fortes possíveis, esta exibição flagrante de ódio, fanatismo e violência de muitos lados, de muitos lados. Tem acontecido há um longo tempo em nosso país. Não é Donald Trump. Não é Barack Obama. Está acontecendo por um longo, longo período", prosseguiu o presidente norte-americano,
As declarações, porém, foram insuficientes, pois não deixaram claro que Trump se opunha aos extremistas. Democratas e republicanos pediram que ele denunciasse a supremacia branca e o ódio racial nominalmente. Já o vice-presidente Mike Pence apoiou o discurso e um site da supremacia branca elogiou os comentários.
"Eu coloco a culpa em um monte de coisas que estão acontecendo na América hoje mesmo, na porta da Casa Branca e nas pessoas ao redor do presidente", disse o prefeito de Charlottesville, Michael Signer, que é democrata.
"Senhor presidente, devemos chamar o mal pelo seu nome. Eram supremacistas brancos, e isso se chama terrorismo doméstico", disse o senador republicano pelo Colorado, Cory Gardner.
"É muito importante para a nação ouvir Potus (sigla em inglês de 'presidente dos EUA') descrever eventos como o de Charlottesville pelo que são, um ataque terrorista por supremacistas brancos", disse o senador pela Flórida Marco Rubio, também republicano.

Extremistas prometem não recuar

Jason Kessler, um dos organizadores do evento na cidade da Virgínia, prometeu novos atos. "Com certeza vamos ter outras manifestações em Charlottesville, porque nossos direitos constitucionais estão sendo negados", disse ele, que tem um blog voltado a supremacistas brancos. "Os ativistas de extrema-direita não vão recuar em suas demandas", disse Kessler.
As autoridades federais também investigam a queda de um helicóptero, que matou dois policiais, durante o sábado de protestos. O acidente tem sido associado com os atos, embora a ligação não tenha sido confirmada.
Terry McAuliffe, governador da Virgínia e democrata, declarou estado de emergência e suspendeu o protesto dos nacionalistas brancos, mas isso não impediu a violência. "Por favor, vão para casa e não voltem nunca mais", disse o governador. "Não há lugar para vocês aqui. Não há lugar para vocês na América", prosseguiu.

Mulher morta em Charlottesville é identificada

A mulher morta durante a manifestação de sábado foi identificada por seu empregador como uma assistente jurídica de 32 anos, cujas mensagens de mídia social indicaram apoio ao senador democrata Bernie Sanders quando este buscava nomeação para a corrida presidencial.
Na página do Facebook que parecia ser a de Heather Heyer, a foto da capa mudou dias após a eleição do presidente Donald Trump no último outono para um slogan político: "Se você não está indignado, você não está prestando atenção". Durante a campanha das primárias de 2016, uma foto de capa na página era de Sanders e outra simplesmente dizia: "Bernie 2016."
Heather ficou gravemente ferida quando um carro bateu em um grupo de pessoas marchando ao longo de uma rua do centro de Charlottesville. As imagens da cena mostraram corpos voando, quando o veículo fechou outro carro que se movia lentamente junto com os manifestantes.
Mulher morta em Charlottesville é identificada
A mulher morta durante a manifestação de sábado foi identificada por seu empregador como uma assistente jurídica de 32 anos, cujas mensagens de mídia social indicaram apoio ao senador democrata Bernie Sanders quando este buscava nomeação para a corrida presidencial.
Na página do Facebook que parecia ser a de Heather Heyer, a foto da capa mudou dias após a eleição do presidente Donald Trump no último outono para um slogan político: "Se você não está indignado, você não está prestando atenção". Durante a campanha das primárias de 2016, uma foto de capa na página era de Sanders e outra simplesmente dizia: "Bernie 2016."
Heather ficou gravemente ferida quando um carro bateu em um grupo de pessoas marchando ao longo de uma rua do centro de Charlottesville. As imagens da cena mostraram corpos voando, quando o veículo fechou outro carro que se movia lentamente junto com os manifestantes.