Quase 500 pessoas acusadas de participação no golpe de Estado frustrado de julho de 2016 na Turquia começaram a ser julgadas ontem por suspeita de conspiração contra o governo. O processo dos 486 réus acontece em uma sala preparada especialmente para o julgamento, com capacidade para 1.500 pessoas, dentro da penitenciária de Sincan, perto da capital, Ancara.
Os acusados são suspeitos de organizar o golpe frustrado contra o presidente Recep Tayyip Erdogan a partir da base aérea de Akinci, ao Noroeste de Ancara, apresentada como o centro de comando dos golpistas. Os réus enfrentam acusações de homicídio, violação da Constituição e tentativa de assassinato de Erdogan. As autoridades mobilizaram um amplo dispositivo de segurança, com 1.130 agentes dentro e fora da sala de audiência.
Dezenas de manifestantes se reuniram nas imediações da penitenciária, ante um grande dispositivo de segurança, e alguns exigiam a pena de morte para os acusados. Durante a transferência dos suspeitos para a sala de audiências, os manifestantes vaiaram e jogaram garrafas vazias.
A acusação afirma que os suspeitos organizaram o golpe na base aérea, a partir de onde foram emitidas ordens para bombardear o Parlamento e o palácio presidencial na madrugada de 16 de julho do ano passado. Dos 486 acusados, 461 estão detidos, sete foragidos e os demais comparecem ao julgamento em liberdade.
O principal acusado é o líder religioso Fethullah Gülen, que será julgado à revelia. O clérigo, apontado como o responsável pela tentativa de golpe, mora no exílio nos Estados Unidos e nega as acusações. Adil Oksuz, considerado o líder operacional do golpe, está foragido. Pouco depois da intentona ele foi detido, mas acabou liberado por um juiz.