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Publicada em 30 de Agosto de 2017 às 17:41

Produtores protestam contra preço do leite

Casa Branca, sede do governo estadual no parque, foi alvo de manifestação de criadores prejudicados pela baixa cotação

Casa Branca, sede do governo estadual no parque, foi alvo de manifestação de criadores prejudicados pela baixa cotação

THIAGO COPETTI/THIAGO COPETTI/ESPECIAL/JC
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Thiago Copetti
Produtores de leite ligados à agricultura familiar ingressaram, no final da manhã de ontem, no terreno da Casa Branca, sede social do governo estadual no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Os manifestantes queriam ser recebidos pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), mas acabaram negociando com o chefe da Casa Civil, Fábio Branco, para desocupar o local, próximo das 14h30min, e agendar um encontro com Sartori nos próximos dias.
Produtores de leite ligados à agricultura familiar ingressaram, no final da manhã de ontem, no terreno da Casa Branca, sede social do governo estadual no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Os manifestantes queriam ser recebidos pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), mas acabaram negociando com o chefe da Casa Civil, Fábio Branco, para desocupar o local, próximo das 14h30min, e agendar um encontro com Sartori nos próximos dias.
O grupo, ligado à Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf-RS), Via Campesina e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cobra medidas para impedir a entrada de leite em pó do Uruguai. A importação é apontada como uma das causas da queda dos preços do leite tanto para o produtor como para a indústria. Segundo o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat), o Uruguai enviou ao Brasil 100 mil toneladas de leite em pó em 2016.
A ocupação foi decidida após receber a notícia de que não conseguiriam se reunir em audiência com Sartori para falar sobre a crise do setor. A alegação para não ocorrer o encontro foi de problemas de agenda, e seria apenas com representantes do governo, como o secretário da Agricultura, Ernani Polo. "Queremos ser recebidos pelo próprio governador. Ele tem até a meia-noite desta quarta para conversar com os trabalhadores", alegou Frei Sérgio Antônio Görgen, ex-deputado estadual (PT-RS) e integrante da Via Campesina.
Os produtores reivindicam a compra emergencial de 50 mil quilos do produto para equalizar os preços. A caminhada e ocupação da frente da Casa Branca ocorreu logo após a audiência pública do leite promovida na Casa da Assembleia Legislativa (AL) na Expointer. A sede da AL é dirigida atualmente por Edegar Pretto (PT). Desde o início do ano, o preço pago ao produtor caiu R$ 0,25 por litro, alcançando valor próximo a R$ 1,12 em agosto, segundo a Emater-RS.
De acordo com o presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Estado (Apil), Wlademir Dall'Bosco, sem uma solução para o caso, entre 10 mil e 15 mil produtores gaúchos devem deixar a atividade leiteira em até dois anos. A empresário diz que, com a crise na Venezuela, grande comprador do leite uruguaio, a produção do país foi reencaminhada para o Brasil, gerando a baixa nos preços. O custo de produção atual do Estado, afirma Dall'Bosco, é de R$ 11,80, e o leite em pó do Uruguai entra a cerca de R$ 10,00. O problema que o governo não consegue resolver é que a balança comercial uruguaia já é deficitária em relação ao Brasil, alega o presidente da Apil.
"Para negociar cotas, o Uruguai diz que ficará ainda mais deficitário e deixará de comprar outros itens do Brasil, como eletrodomésticos e carros. E quem paga a conta, agora, é o produtor e o Sul, que tem menos representação política, por exemplo, do que São Paulo, grande produtor desses dois itens", critica o empresário.

Aliança Láctea vai solicitar a compra de 50 mil toneladas

Representantes do setor lácteo da região Sul do País vão encaminhar ao Ministério da Agricultura (Mapa) um pedido de compras governamentais urgente de leite em pó ou leite UHT.
A definição ocorreu na manhã de ontem, em reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira, realizada na Expointer. Durante o encontro, os secretários de Agricultura do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul discutiram os problemas do setor e as providências necessárias para superar as dificuldades, entre elas o preço do leite tanto para os produtores quanto para a indústria.
O pedido do Sindicato das Indústrias do Rio Grande do Sul (Sindilat) é que o governo federal faça a aquisição de 50 mil toneladas de leite em pó ao preço mínimo de R$ 14,30 o quilo ou 425 milhões de litros de leite UHT ao preço mínimo de
R$ 2,20 o litro. O volume representa um montante de R$ 730 milhões em recursos federais.
Segundo Ronei Volpi, assessor da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), que assumiu a coordenação da Aliança Láctea no lugar do presidente da Comissão do Leite da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Jorge Rodrigues, o pleito será encaminhado ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
"O problema não é só do Rio Grande do Sul, é nacional. Por isso as ações precisam ser nacionais. Se continuar como está, não são só os produtores que vão quebrar, mas também as indústrias", salientou o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra. Na avaliação da entidade, a pauta precisa ser unificada para que a reivindicação ganhe força.

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