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Conjuntura

- Publicada em 11 de Setembro de 2017 às 19:13

Mercado de construção civil enfrenta efeitos da recessão

Níveis de atividade e de emprego seguem negativos, embora em um ritmo menos intenso do que em 2016

Níveis de atividade e de emprego seguem negativos, embora em um ritmo menos intenso do que em 2016


JONATHAN HECKLER/JC
Ainda é cedo para falar em otimismo na construção civil, embora empresários e entidades do setor estejam esperançosos com as perspectivas a médio e longo prazos. Indicativos como a queda na taxa de juros e o controle da inflação têm trazido boas expectativas ao mercado - vide os resultados da Sondagem Indústria da Construção, divulgados em agosto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em Porto Alegre, um outro sinal positivo vem do mercado imobiliário, com crescimento na venda dos imóveis novos nos últimos 12 meses. Mas ainda há números negativos em fatores como nível de atividade e horas contratadas, sugerindo que a recessão não foi definitivamente superada.
Ainda é cedo para falar em otimismo na construção civil, embora empresários e entidades do setor estejam esperançosos com as perspectivas a médio e longo prazos. Indicativos como a queda na taxa de juros e o controle da inflação têm trazido boas expectativas ao mercado - vide os resultados da Sondagem Indústria da Construção, divulgados em agosto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em Porto Alegre, um outro sinal positivo vem do mercado imobiliário, com crescimento na venda dos imóveis novos nos últimos 12 meses. Mas ainda há números negativos em fatores como nível de atividade e horas contratadas, sugerindo que a recessão não foi definitivamente superada.
Em Porto Alegre, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) comemora o aumento na venda de imóveis verificado ao final do primeiro semestre deste ano. O acumulado de vendas de 12 meses, entre julho de 2016 e junho deste ano, mostrou elevação de 6,72%, com um total de 3.716 unidades vendidas. "Até maio, fazia 18 meses que esse acumulado não vinha dando positivo", observa o presidente do sindicato, Ricardo Sessegolo. A média mensal de imóveis vendidos também oferece algum alento: neste ano, está por volta de 350 unidades ao mês - em 2015 e 2016, por exemplo, essa média era de 280. "Já tivemos picos de 500 unidades mensais, em 2010 e 2011, mas às vezes há patamares ilusórios", diz Sessegolo.
A Sondagem Indústria da Construção, realizada pela CNI, com apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), informa que o nível de pessimismo dos empresários do setor já é menor do que no ano passado. O indicador de expectativa do nível de atividade, por exemplo, chegou a 49,8 pontos - acima da linha dos 50 pontos, o índice é considerado otimista. No entanto o mesmo estudo evidencia a retração do setor: os níveis de atividade e de emprego seguem negativos, embora em um ritmo menos intenso do que em 2016 - no mês passado, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apresentou o primeiro resultado positivo após 33 meses seguidos de fechamento do número de vagas no setor.
No Rio Grande do Sul, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da construção civil - índice que mede o valor dos produtos e serviços de um setor em um determinado período - apresenta taxas negativas desde 2014. "No terceiro trimestre de 2015, pareceu que teríamos o início da reversão. As perdas diminuíram, mas, ao final de 2016, apareceu uma nova queda, e também no início de 2017", explica o economista Fernando Cruz, da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Entre outros fatores que sugerem cautela quanto às projeções futuras, Cruz cita o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), medido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e fortemente relacionado à perspectiva de novos investimentos. O Icei específico da construção civil, por exemplo, cresceu em 2016, mas voltou a cair neste ano, despistando os analistas. "Não sabemos se isso é uma tendência", admite Cruz.
Entre números positivos e negativos, a posição dos empresários é de expectativa. "Não é otimismo, mas a certeza de que as coisas estão retornando e que as empresas estão se preparando para voltar a lançar", diz Sessegolo. "Mesmo na crise, é preciso fazer produtos que saiam. O mercado pode diminuir, mas as pessoas vão seguir casando, descasando, aumentando famílias, filhos saindo da casa dos pais", acrescenta.

Distratos impactam setor

Cancelamentos na Capital chegaram a 23%, diz Silveira

Cancelamentos na Capital chegaram a 23%, diz Silveira


MARCELO G. RIBEIRO/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Um dos obstáculos que a recessão trouxe ao mercado da construção foram os distratos - casos em que os compradores desistem dos imóveis adquiridos na planta. Com o desemprego, houve muito mais casos desse tipo, especialmente no final de 2015 e no início de 2016. "Em Porto Alegre, chegamos a cerca de 23% de distratos. Agora, está por volta de 15%, um índice que consideramos normal", ameniza o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Ricardo Sessegolo.
"Os distratos nos impactaram muito, bem mais do que em outros tempos", diz o diretor-presidente da incorporadora e construtora Arquisul, Paulo Roberto Silveira. "Mas é um processo praticamente resolvido", afirma.

Indústria de materiais apresenta queda

Um dos principais componentes da cadeia produtiva da construção civil - a produção e a venda de materiais - não apresenta números favoráveis em 2017. Conforme as estatísticas divulgadas pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat) em agosto, referentes ao mês de julho, o faturamento do setor caiu 6,2% no acumulado de 12 meses. Mesmo superando em 3,7% o mês anterior (junho), o desempenho do setor ficou 2,7% abaixo do verificado em julho de 2016. O presidente da entidade, Walter Cover, descreve a situação como "crítica". "Devemos ter uma queda superior a 5% no ano e, com isso, estamos produzindo e comercializando menos do que em 2004. O segmento do varejo, que vende materiais principalmente para reforma de edificações, tem um pequeno crescimento de 3%, mas o das construtoras, responsável por novas edificações e obras de infraestrutura, tem uma queda de 15%", informa o dirigente.
Ainda é difícil arriscar um prognóstico sobre as perspectivas para o ano que vem, segundo Cover, em função da instabilidade política. Sem apontar números específicos, o presidente vê o mercado gaúcho em situação um pouco melhor do que o de outras regiões. "No Rio Grande do Sul, o varejo tem desempenho similar ao desempenho nacional, porém apresenta um desempenho das construtoras melhor que a média nacional", diz Cover.