Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Trabalho

- Publicada em 01 de Setembro de 2017 às 00:00

Desemprego cai para 12,8% com informalidade

Com a crise, trabalhadores informais tomam conta das ruas do País

Com a crise, trabalhadores informais tomam conta das ruas do País


/FREDY VIEIRA/JC
A taxa de desemprego no País ficou em 12,8% no trimestre encerrado em julho, divulgou, nesta quinta-feira, o IBGE. O resultado representa queda em relação ao verificado no trimestre encerrado em abril, quando a taxa esteve em 13,6%. Os dados são parte da Pnad Contínua, pesquisa oficial de emprego do IBGE, cuja abrangência é nacional e engloba postos de trabalho formais e informais.
A taxa de desemprego no País ficou em 12,8% no trimestre encerrado em julho, divulgou, nesta quinta-feira, o IBGE. O resultado representa queda em relação ao verificado no trimestre encerrado em abril, quando a taxa esteve em 13,6%. Os dados são parte da Pnad Contínua, pesquisa oficial de emprego do IBGE, cuja abrangência é nacional e engloba postos de trabalho formais e informais.
A taxa de desemprego, que bateu recordes em função da crise, vem em trajetória de queda em razão do aumento de vagas informais de trabalho. Muitos desempregados estão conseguindo empregos informais e com salários mais baixos.
O trimestre fechou com 13,3 milhões de desocupados no País - pessoas sem emprego que estão em busca de oportunidade. Houve queda de 5,1% no volume de indivíduos na fila - 721 mil pessoas deixaram a condição no período.
O contingente de ocupados - pessoas de fato em algum trabalho - atingiu 90,677 milhões, alta de 1,6% em relação ao verificado no trimestre imediatamente anterior. No período, 1,439 milhão de pessoas conseguiram vagas no mercado de trabalho.
O desemprego cai enquanto a qualidade dos postos também se reduz. Houve aumento de 4,6% dos trabalhadores sem carteira assinada e de 1,6% dos trabalhadores por conta própria.
Na passagem dos trimestres encerrados em abril e junho, 468 mil pessoas passaram a ocupar postos sem carteira, enquanto 351 mil passaram a trabalhar por conta própria.
Na divulgação anterior, referente ao trimestre encerrado em junho, houve aumento do emprego informal enquanto havia queda na geração de vagas de trabalho com carteira assinada. Vale destacar, porém, que a comparação é feita com o trimestre imediatamente anterior para evitar distorções nos dados.
Desta vez, contudo, os postos com carteira pararam de cair. O indicador teve estabilidade no trimestre encerrado em julho (0,2%), com 54 mil novos postos formais no período.
"Sem dúvida, há uma recuperação (do emprego), mas é sobre uma plataforma informal", disse Cimar Azeredo, coordenador de Emprego e Renda do IBGE.
Empregos no setor público cresceram no período e ajudaram na queda da taxa de desemprego. No trimestre encerrado em julho, houve aumento de 3,8% na geração de vagas, com 423 mil novos postos no setor. Segundo Azeredo, os postos são principalmente em prefeituras, devido ao ano eleitoral recente. Um terço da geração de vagas concentrou-se no setor público.
Ainda que em queda, o desemprego continua mais alto que o verificado há um ano. No trimestre encerrado em julho de 2016, a taxa de desemprego era de 11,6%, percentual que é 1,2 ponto percentual menor que o verificado em período equivalente deste ano. Na ocasião, 11,8 milhões de pessoas estavam desocupadas - 1,5 milhão de pessoas a menos do que o registrado nos dados mais recentes.
 

Meirelles diz que dados confirmam que desocupação recua

No dia em que o governo foi obrigado a entregar ao Congresso Nacional um orçamento "fictício" para 2018, sob uma meta de déficit de R$ 129 bilhões já considerada inalcançável, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, usou sua conta no Twitter para ressaltar dados positivos de emprego divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nenhuma postagem faz menção ao fato de o governo não ter conseguido aprovar ainda a elevação do rombo autorizado para o ano que vem a
R$ 159 bilhões.
Segundo o ministro, as informações do IBGE confirmam a queda do desemprego após a maior recessão da história do País. Meirelles disse que a desaceleração na atividade econômica provocou desde 2014 perda de vagas de trabalho, mas esse movimento está se revertendo.
"O IBGE mostrou hoje (quinta-feira) que a taxa de desemprego caiu a 12,8% no trimestre até julho. A melhora no emprego costuma aparecer com alguns meses de defasagem em relação à recuperação da economia, é o que estamos vendo agora", disse Meirelles.
"Entre maio e julho, o número de desempregados caiu 721 mil. Houve criação de vagas em setores como a indústria, comércio e alimentação", acrescentou. O ministro disse ainda que a desaceleração da inflação também beneficia a renda dos trabalhadores. Ele lembrou que o índice de preços tinha alta acumulada de 8,74% em 12 meses até julho do ano passado, percentual que caiu a 2,71% em 12 meses até o mês passado. "Precisamos seguir com as medidas econômicas e a agenda de reformas para que o Brasil possa crescer mais, com mais empregos", concluiu o ministro.

Qualidade das vagas de emprego geradas é questionável

O mercado de trabalho mostra recuperação, acompanhando a melhora na atividade econômica, mas o avanço ainda é calcado na geração de vagas informais, com qualidade questionável, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Existe, sem dúvida, uma recuperação acontecendo em termos quantitativos, de geração de postos. Mas a qualidade desses postos é questionável, uma vez que dois terços deles estão nessa plataforma informal", ressaltou Azeredo.
Segundo ele, o aumento da informalidade dificulta a recuperação da atividade econômica. "O País não se desenvolve em cima de uma plataforma informal", resumiu. A boa notícia em julho foi o avanço de 1,3% na massa de renda paga aos trabalhadores ocupados, a primeira alta significativa desde o trimestre encerrado em outubro de 2014. "O rendimento está estável, mas a população ocupada subiu", lembrou Azeredo.
Segundo o pesquisador, a alta na massa de rendimento pode fazer o mercado de trabalho entrar num ciclo virtuoso, uma vez que aumenta o volume de dinheiro em circulação na economia, estimulando consumo e produção, consequentemente a geração de novas vagas.
O mercado de trabalho no País perdeu 1,003 milhão de vagas com carteira assinada no período de um ano. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 2,9% no trimestre até julho ante o mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE.
Já o emprego sem carteira no setor privado teve aumento de 5,6%, com 566 mil empregados a mais. O número total de empregadores cresceu 10,8% ante o trimestre até julho de 2016, com 412 mil pessoas a mais. O trabalho por conta própria ficou estável no período, com 8 mil pessoas a menos nessa condição.

Tempo de empresa não beneficia os profissionais qualificados

O ganho salarial que profissionais mais qualificados têm ao acumular mais experiência laboral é o triplo do aferido por aqueles com baixa escolaridade no Brasil. Cada ano a mais de emprego no mercado formal adiciona 7,9% à remuneração do primeiro grupo, ante 2,4% de aumento para o segundo.
No entanto, quando a análise é focada apenas no vínculo com uma única empresa, a situação se inverte. Trabalhar por muito tempo para uma mesma companhia puxa para cima os salários dos trabalhadores com Ensino Médio incompleto em 1,3% ao ano, mas tem impacto nulo sobre os ganhos daqueles que frequentaram o Ensino Superior.
Já a experiência pela atuação em setores específicos da economia traz ganhos para trabalhadores com diferentes níveis de escolaridade. Esses dados fazem parte de um estudo lançado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre as habilidades exigidas pelo mercado de trabalho e políticas públicas que podem ajudar a desenvolvê-las.
Um dos focos foi investigar fatores que influenciam os retornos aferidos por profissionais no mercado de trabalho da América Latina. Nesse contexto, os economistas do BID fizeram cálculos específicos sobre o Brasil com base em estatísticas da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). A base de dados oferece informações sobre as características dos trabalhadores e suas movimentações ao longo dos anos no mercado formal.
A análise - que acompanhou a trajetória das mesmas pessoas entre 1986 e 2009 - mostra que o vínculo com uma mesma empresa não afeta a remuneração dos profissionais mais qualificados.
Segundo Julián Messina, um dos autores do estudo, isso provavelmente se explica por dois fatores interligados. As empresas brasileiras investem pouco em treinamento, porque a rotatividade da mão de obra no País é muito elevada. Já os profissionais mais escolarizados se dedicam menos a desenvolver habilidades muito específicas requeridas pelas empresas por onde passam, porque percebem que os ganhos extras para isso são baixos.