O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta quinta-feira, executivos do Grupo Gerdau por corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), espécie de "tribunal" que avalia débitos de contribuintes com a Receita Federal. Conforme a denúncia, enviada à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, representantes da siderúrgica teriam negociado o pagamento de R$ 40 milhões em troca de vantagens em processos que tramitavam no órgão público.
O esquema teria funcionado entre 2011 e 2014, período em que o grupo econômico teve cinco casos analisados no Carf. Em valores atualizados, discutia-se a anulação de cobranças de R$ 4 bilhões. O caso foi investigado na Operação Zelotes. Dos três executivos acusados, apenas um, Raul Fernando Schneider, permanece no grupo empresarial, como membro do conselho fiscal e do conselho administrativo. Os outros dois são o ex-diretor jurídico da empresa, Expedito Luz, e o ex-consultor jurídico da companhia Marcos Antônio Biondo.
A denúncia foi divulgada à tarde. Pela manhã, a Gerdau anunciou que André Gerdau Johannpeter, diretor-presidente do grupo siderúrgico, que teve o nome envolvido nas investigações de corrupção da Operação Zelotes da Polícia Federal, vai deixar o cargo. Quem assume como novo diretor-presidente é Gustavo Werneck, atual diretor executivo da operação Brasil da Gerdau.
A empresa informa que, a partir de 1 de janeiro de 2018, não só André Gerdau, mas também os vice-presidentes executivos Claudio Johannpeter e Guilherme Gerdau Johannpeter, outros dos atuais integrantes da família na liderança executiva das empresas, também deixarão suas posições. No entanto, todos eles permanecerão nos conselhos de administração dos quais já fazem parte.
Em teleconferência, o vice-presidente executivo da Gerdau Claudio Johannpeter negou que a decisão da família de se afastar da operação da empresa, abrindo espaço para um executivo contratado a partir de 2018, tenha relação com a Operação Zelotes, na qual a companhia foi citada.
Segundo o empresário, o movimento faz parte de um processo iniciado internamente há cerca de 12 meses. "A mudança será muito boa para a empresa. Os atuais integrantes da família passam a se dedicar ao Conselho da Gerdau e da Metalúrgica Gerdau. Essa é a quinta geração da família na administração executiva e foi cumprido um importante papel nesse ciclo", disse Johannpeter.