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Varejo

- Publicada em 21 de Agosto de 2017 às 00:11

Capital fecha perto de 2 mil lojas no semestre

Cortinas fechadas passaram a dividir o cenário com o comércio na tradicional região da Azenha

Cortinas fechadas passaram a dividir o cenário com o comércio na tradicional região da Azenha


MARCELO G. RIBEIRO/MARCELO G. RIBEIRO/JC
No primeiro semestre de 2017, cerca de 2 mil lojas fecharam as portas na Capital, de acordo com a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-RS). Ampliando para todo o Estado, o número de lojas que estão de fora do mercado desde o início deste ano já passa de 3 mil, segundo informações da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV). Apesar deste encolhimento no mercado, os dirigentes das duas entidades afirmam que houve uma "melhora significativa" neste cenário.
No primeiro semestre de 2017, cerca de 2 mil lojas fecharam as portas na Capital, de acordo com a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-RS). Ampliando para todo o Estado, o número de lojas que estão de fora do mercado desde o início deste ano já passa de 3 mil, segundo informações da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV). Apesar deste encolhimento no mercado, os dirigentes das duas entidades afirmam que houve uma "melhora significativa" neste cenário.
Apontando os dados de 2015 - quando o setor registrou o fechamento de 1.662 lojas do comércio, segundo dados oficiais da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) - o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch, observa que, ainda que, em 2016, o número tenha aumentado, nos últimos 12 meses houve redução no volume de baixas. "De modo geral, a retração do mercado vem perdendo ritmo", confirma o presidente da Junta Comercial do Rio Grande do Sul (Jucergs), Paulo Roberto Kopschina. Ele destaca que, nos primeiros seis meses de 2017, entre as cidades mais afetadas estão Porto Alegre, Caxias do Sul e Novo Hamburgo.
"Apesar disso, tem mais empresas abrindo do que fechando", pondera o presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas-POA), Paulo Kruse. "No caso da Capital, enquanto 2 mil estabelecimentos fecharam, outros 4 mil abriram as portas", compara. O presidente do Sindilojas-POA destaca, ainda, que, por outro lado, há casos em que - apesar de finalizar os trabalhos - alguns lojistas não dão baixa da empresa na Junta Comercial, deixando o estabelecimento apenas como inativo. "No entanto, não tem como dimensionar quantas lojas isso representa", diz Kruse.
O presidente da FDCL-RS observa que também é possível relacionar o fechamento de lojas com o número de vagas extintas no comércio nos últimos 12 meses. "Considerando que o varejo perdeu 1.636 vagas em Porto Alegre, pode-se deduzir que esse contingente representa 203 lojas fechadas na Capital durante este intervalo de tempo", afirma Koch. No mesmo período, 341 empregos foram cortados em Pelotas, a partir do desaparecimento de 42 lojas no comércio local. Também em Rio Grande, muitos trabalhadores do comércio (264) perderam os postos, com o encerramento de 34 unidades varejistas.
Em paralelo, o dirigente do Sindilojas-POA aponta que, em vista do desemprego, aumentou o volume de empresas individuais implementadas na Capital. "As pessoas estão buscando empreender, pois não podem ficar fora do mercado", avalia. Kruse observa, que "o fechamento de lojas está diminuindo sensivelmente, e a tendência é que se chegue ao patamar de antes da crise (2013/2014), quando este movimento era bem menor".
"Estamos em um estágio que, como a economia deu sinais de melhora, as empresas que conseguiram sobreviver estão ativas e arrumando novas soluções para se manter no mercado", aponta o dirigente do Sindilojas-POA. Ele se refere a um novo perfil de varejo, que pode reunir, em um só estabelecimento, vários segmentos: café, floricultura e loja de móveis, por exemplo, juntos em um só espaço.
"Este é um modelo de negócio que está sendo aplicado por jovens empreendedores", comenta Kruse, reforçando que o desemprego no comércio "estabilizou", e que o setor inclusive vem melhorando a oferta de emprego em Porto Alegre e Região Metropolitana. O presidente do Sindicato de Lojistas destaca ainda que também as vendas pararam de cair. "Alguns segmentos cresceram, a exemplo do material de construção (5%)."

Custos elevados das operações impedem continuidade dos negócios

Placas para alugar se multiplicam em diversas regiões da Capital nos últimos meses

Placas para alugar se multiplicam em diversas regiões da Capital nos últimos meses


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Ponto tradicional do comércio, uma das galerias mais movimentadas do Centro de Porto Alegre também coleciona um número significativo de lojas fechadas. Segundo o presidente do Sindilojas-POA, Paulo Kruse, o local tem um custo de ocupação "muito caro" para o bolso de pequenos lojistas. "Com a crise, muitas lojas que estavam no espaço não conseguiram pagar os custos, e o proprietário não baixou o preço", comenta.
O mesmo ocorre na avenida Azenha e Osvaldo Aranha, onde diversas lojas estão fechadas e as placas de "aluga-se" têm se multiplicado nos últimos meses. "Por outro lado, muitos pontos comerciais estão surgindo em outros bairros", pondera Kruse. O dirigente ressalta que o Sindilojas-POA inclusive disponibiliza uma espécie de mapa do varejo, que possibilita prospectar negócios em cada bairro da cidade. "Basta procurar a entidade para ter acesso", garante.
O presidente da AGV, Vilson Noer, afirma que a soma da alta dos juros com a inflação "muito alta" em 2016 gerou um efeito cascata. "Muitos lojistas que tinham duas ou três lojas precisaram fechar ao menos uma unidade." Noer aponta ainda o fato de que em 2017 também as grandes marcas têm retraído sua posição no mercado. "Quanto mais alto forem os juros, maior a dificuldade de conseguir a liberação do crédito, e muitas vezes quem busca não tem garantia para pagar", concorda Koch. Ele reforça que os juros aumentam o preço do produto, pesando para o consumidor, que opta por não comprar. "Aumentar os juros foi um erro do Banco Central, extremamente nocivo para o comércio. Outro problema é a carga tributária muito alta. Estamos à beira do caos."

FCDL prevê fechamento de 10 mil empresas ainda neste ano

Koch diz que quadro pode piorar

Koch diz que quadro pode piorar


JOÃO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
De acordo com os dados da Junta Comercial do Rio Grande do Sul, o Estado vem encolhendo no quesito número de empresas desde 2015, quando o saldo entre abertura e fechamento de pessoas jurídicas gaúchas (contando, além do comércio, a indústria e os serviços) ficou negativo em 12.324. Em 2016, esta conta fechou negativa em 12.817, e, até junho de 2017, o saldo tinha ficado negativo em 5.015.
"Isso nos permite prever cerca de 10 mil empresas a menos no fechamento do ano, caso as condições econômicas não melhorem significativamente", considera o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), Vitor Augusto Koch. Estes dados não incluem as microempresas individuais (MEI), que têm crescido cada vez mais: 39,8 mil em 2014; 63,5 mil em 2015; 76,4 mil em 2016; e 41,8 mil entre janeiro e junho de 2017.
Na avaliação de Koch, este tipo de configuração empresarial vem sendo utilizado como "um paliativo" para a desocupação ou formalização de empreendedores individuais, muito usado atualmente por quem perde o emprego ou tem sua empresa liquidada.
Estudo realizado pela FCDL-RS, usando os dados da Rais e Caged apontam que a cada 8,04 empregos criados ou extintos no varejo, respectivamente abre ou fecha uma loja. "Tendo por base esta relação, nossa estimativa é que, em 2016, o saldo de varejistas no Estado ficou negativo em 721 estabelecimentos (queda de 5.794 postos de trabalho)", calcula o presidente da entidade.
Para 2017 (considerando os dados anualizados até junho), a expectativa é de um fechamento líquido de cerca de 240 estabelecimentos. "Esta tendência, entretanto, não é uniforme ao nível dos municípios do Estado. Ela está concentrada especialmente em Porto Alegre."
No caso da capital gaúcha, a causa do desempenho negativo é a especialização no setor de serviços, que ainda enfrenta recessão, segundo os dados do IBGE. Já em cidades como Pelotas e Rio Grande, o centro do problema está associado ao desmonte do Polo Naval e empresas diretamente ligadas à estrutura, desde que fraudes em contratos da Petrobras foram levantadas na Operação Lava Jato.