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- Publicada em 17 de Agosto de 2017 às 00:11

Espiritualidade

Em nossos dias percebe-se por toda parte um desejo de espiritualidade. Tal desejo, ainda que difuso, é, de algum modo, tentativa de resposta a uma profunda necessidade humana. Afinal, a dimensão espiritual é uma das que compõem a estrutura humana.
Em nossos dias percebe-se por toda parte um desejo de espiritualidade. Tal desejo, ainda que difuso, é, de algum modo, tentativa de resposta a uma profunda necessidade humana. Afinal, a dimensão espiritual é uma das que compõem a estrutura humana.
O que é isto, a espiritualidade? Quando lançamos essa questão, estamos procurando distingui-la da teologia espiritual, da mística, da psicologia do profundo etc. No entanto, não seria demais dizer que, pelo menos, a teologia espiritual e a mística são subsumidas sob o conceito comum de teologia cristã. Por sua vez, a teologia cristã se distingue da teologia muçulmana, hebraica, budista, tendo como base comum a teologia como tal.
Por outro lado, a espiritualidade pode, por exemplo, servir de conceito comum, debaixo do qual se é capaz distinguir as várias espiritualidades. Assim se estabelece toda uma ramificação de divisão ou diferenciação ascendente e descendente. Descendente na direção da compreensão da "coisa" cada vez mais particular e individual, portanto, na direção disto e daquilo; ascendente na direção da compreensão cada vez mais comum ou geral, cujo conceito mais geral e comum é o do ser.
Esse modo de compreender se chama generalização, trata-se da compreensão por classificação. A "coisa" aqui diferenciada e classificada se chama objeto. Generalização ou classificação é o modo como as ciências positivas ordenam os objetos do seu saber dentro de uma determinada perspectiva do seu projeto.
Certamente esse modo de ordenação das coisas é de pouco auxílio naquilo que denominamos espiritualidade. As coisas da espiritualidade e da espiritualidade cristã são como águas de um grande rio. Para falar dessas coisas, só é possível a quem nelas nada sem medir esforços. É algo característico a quem se lançou num intenso trabalho corpo a corpo.
Por outro lado, não podemos esquecer que aquilo que denominamos espiritualidade cristã é um sopro de vida, graça, desdobramento daquilo que a tradição denominou "encontro" com o Crucificado-Ressuscitado. Ora, a experiência do encontro é anterior ao nosso engajamento, nossa decisão, nossa adesão ou iniciativa.
Nossa vida é um caminho, um perfazer-se, um construir-se. Isto o Ocidente denominou com o termo "formação". Podemos, pois, dizer que a espiritualidade, a vida espiritual é formação - ou cultivo! - do espírito. O cultivo do espírito de que fala a espiritualidade requer trabalho, um trabalho intenso. Somente quando falamos de cultivo e trabalho nesta dimensão, somos tentados a pensar que se trata de algo abstrato, subjetivo e de fácil execução. Mais: chegamos a pensar que se trata de um trabalho irreal, um luxo, um passatempo. Assim, para a ideologia utilitarista, esse seria um trabalho desnecessário.
Podemos, entretanto, compreender esse trabalho do espírito como trabalho livre, marcado por obrigações, imposições que vêm de dentro de mim mesmo, da minha interioridade, da minha vontade boa de querer amar sem reservas. Esse querer tem as características do modo de ser do Deus de Jesus Cristo, marcado pela generosidade, magnanimidade e misericórdia. Portanto, quando falamos da necessidade de formar para o trabalho no e do espírito, estamos tratando de um modo característico de trabalho livre.
Todas as vocações exigem espiritualidade vigorosa. Daí a necessidade de buscar nas grandes figuras de nossa tradição cristã elementos que possam nos ajudar no caminho do espírito e, assim, realizar no hoje da história a nossa vocação cristã.
 
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